sexta-feira, 6 de julho de 2012

Prisão de Juquinha causa alvoroço na CPMI do Cachoeira


Juquinha tinha como um de seus principais padrinhos políticos o sempre presente Valdemar Costa Neto (PR-SP), aliado de José Serra na campanha à prefeitura paulistana. 

José Francisco das Neves, o Juquinha, preso por suspeita de fraude e corrupção

O cumprimento de mandados de prisão por parte da Polícia Federal, nesta quinta-feira, deixou autoridades e parlamentares em alerta. José Francisco das Neves, o Juquinha, como é conhecido o ex-presidente da Valec Engenharia, sua mulher e dois filhos foram detidos por suspeita de fraude, corrupção e formação de quadrilha. A Valec, empresa ligada ao Ministério dos Transportes, é responsável por projetos gigantescos, como a Ferrovia Norte-Sul, do Maranhão a Goiás, e o trem-bala.

Juquinha foi nomeado pelo presidente Lula e demitido na gestão Dilma, na época da demissão do ex-ministro Alfredo Nascimento. Na operação, além das prisões, foram lacradas três mansões no condomínio Alphaville, em Goiânia, avaliadas em R$ 10 milhões. O patrimônio de Juquinha, no entanto, engloba uma fortuna na qual estão incluídas as maiores fazendas do Estado de Goiás, contas bancárias e veículos.

A prisão causou, de imediato, um alvoroço na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do caso Cachoeira, que aguarda agora o depoimento de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Demitido na mesma leva que derrubou Alfredo Nascimento e Juquinha, Pagot disse que o PR arrecadou recursos para a campanha presidencial de 2010.

Segundo a investigação, a Valec esteve envolvida em diversos episódios de superfaturamento, na construção de trechos ferroviários. No ano passado, o deputado Júlio Delgado (PSB/MG) questionou o Ministério dos Transportes sobre a construção de trechos com custo de R$ 16 milhões por quilômetro em Juiz de Fora, Minas Gerais. Há poucos meses, Juquinha adquiriu fazendas avaliadas em mais de R$ 30 milhões, sempre pagando em dinheiro vivo, que foram colocadas em nome da esposa Marivone e dos filhos. Segundo o procurador Hélio Telho, do Ministério Público Federal de Goiás, “pela primeira vez o patrimônio de um político que enriqueceu no exercício do cargo é objeto de investigação criminal”. Além de Alfredo Nascimento, Juquinha tinha como um de seus principais padrinhos políticos o sempre presente Valdemar Costa Neto (PR-SP), aliado de José Serra na campanha à prefeitura paulistana.

Fonte: Correio do Brasil

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Luiz Antonio Pagot diz que quer falar à CPMI do Cachoeira

O depoimento de Pagot passou a ser considerado urgente por alguns integrantes da comissão

O ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot disse nesta sexta-feira que “está à disposição” da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira para prestar depoimento. Existem pelo menos nove requerimentos para a sua convocação que ainda não foram apreciados pelo plenário da CPMI. Alguns deputados e senadores querem que esses requerimentos sejam pautados na próxima reunião administrativa da comissão, marcada para quinta-feira.

- Estou no interior, mas ao inteiro dispor da CPMI para prestar depoimento – disse Pagot, em entrevista, por telefone, à Agência Brasil. Ele evitou falar sobre quem tem interesse em impedir seu depoimento. “Não quero falar sobre isso. Só quero mesmo dizer que estou inteiramente à disposição da CPMI para prestar esclarecimentos.”

Na opinião do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Pagot tem muito a contribuir com a comissão. “Ele teria que falar de imediato, pode dar detalhes sobre as relações que existem nos bastidores entre as empreiteiras e os governos estaduais”, destacou o senador. “Estamos perdendo tanto tempo com quem não quer falar. Por que não ouvir quem quer?”, questionou.

O depoimento de Pagot passou a ser considerado urgente por alguns integrantes da comissão, após ele ter denunciado o uso de verbas públicas para formação de caixa 2 de campanhas eleitorais em São Paulo. A denúncia foi feita em entrevista à revista IstoÉ, na qual ele se referiu a um suposto esquema de desvio de verba na obra do Rodoanel para as campanhas de José Serra à Presidência e de Geraldo Alckmin ao governo paulista em 2010. Pagot também disse, em entrevista à revista Época, que contrariou interesses do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que está preso em Brasília, e da Construtora Delta quando estava à frente do Dnit.

Pagot foi afastado do cargo de diretor-geral do Dnit após uma série de denúncias de corrupção no órgão, que derrubaram ainda o então ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM) e abriram uma crise política entre o PR e a presidenta Dilma Rousseff. Alfredo Nascimento reassumiu o cargo de senador após deixar a Esplanada dos Ministérios.

O senador Randolfe Rodrigues criticou a posição do relator Odair Cunha (PT-MG) de não pautar os requerimentos de convocação. “Tudo que tem interface com a Delta tem sido sobrestado. Esses pedidos de convocação fazem parte de um conjunto de outros requerimentos que não são colocados para serem apreciados. Não tenho como avaliar de outra forma a não ser a intenção de blindagem da Delta”, disse o senador.

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), também é a favor da ida de Pagot à CPMI. Ele destacou que, no primeiro dia de trabalho da comissão, apresentou um requerimento de preferência de votação e cobrou do presidente, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a apreciação do texto. Segundo ele, o presidente se comprometeu a colocar o pedido em análise na próxima reunião. “Não pedi só a vinda do Pagot como testemunha, mas também a do ex-presidente da Delta Fernando Cavendish”, acrescentou Álvaro Dias.

O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse que na próxima segunda-feira a bancada do PT na Câmara se reunirá para deliberar sobre esse assunto e outros relacionados à CPMI. “Se o relator for a favor, eu também serei”, disse Vaccarezza. “A princípio eu acho que não deveríamos chamá-lo, porque fugiria do foco da CPMI. Mas, se ele quer comparecer para esclarecer alguma coisa, tem todo direito”, completou.
Agência Brasil tentou falar, por telefone, com o relator da CPMI, deputado Odair Cunha, e com o presidente Vital do Rêgo, no entanto, ainda não obteve retorno.

Fonte Correio do Brasil


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