Juquinha tinha como um de seus principais padrinhos políticos o sempre presente Valdemar Costa Neto (PR-SP), aliado de José Serra na campanha à prefeitura paulistana.
José Francisco das Neves, o Juquinha, preso por suspeita de fraude e corrupção
O cumprimento de mandados de prisão por parte da Polícia Federal,
nesta quinta-feira, deixou autoridades e parlamentares em alerta. José
Francisco das Neves, o Juquinha, como é conhecido o ex-presidente
da Valec Engenharia, sua mulher e dois filhos foram detidos por
suspeita de fraude, corrupção e formação de quadrilha. A Valec, empresa
ligada ao Ministério dos Transportes, é responsável por projetos
gigantescos, como a Ferrovia Norte-Sul, do Maranhão a Goiás, e o
trem-bala.
Juquinha foi nomeado pelo presidente Lula e demitido na gestão
Dilma, na época da demissão do ex-ministro Alfredo Nascimento. Na
operação, além das prisões, foram lacradas três mansões no condomínio
Alphaville, em Goiânia, avaliadas em R$ 10 milhões. O patrimônio de
Juquinha, no entanto, engloba uma fortuna na qual estão incluídas as
maiores fazendas do Estado de Goiás, contas bancárias e veículos.
A prisão causou, de imediato, um alvoroço na Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito (CPMI) do caso Cachoeira, que aguarda agora o
depoimento de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes. Demitido na mesma leva que derrubou
Alfredo Nascimento e Juquinha, Pagot disse que o PR arrecadou recursos
para a campanha presidencial de 2010.
Segundo a investigação, a Valec esteve envolvida em diversos
episódios de superfaturamento, na construção de trechos ferroviários. No
ano passado, o deputado Júlio Delgado (PSB/MG) questionou o Ministério
dos Transportes sobre a construção de trechos com custo de R$ 16 milhões
por quilômetro em Juiz de Fora, Minas Gerais. Há poucos meses, Juquinha
adquiriu fazendas avaliadas em mais de R$ 30 milhões, sempre pagando em
dinheiro vivo, que foram colocadas em nome da esposa Marivone e dos
filhos. Segundo o procurador Hélio Telho, do Ministério Público Federal
de Goiás, “pela primeira vez o patrimônio de um político que enriqueceu
no exercício do cargo é objeto de investigação criminal”. Além de
Alfredo Nascimento, Juquinha tinha como um de seus principais padrinhos
políticos o sempre presente Valdemar Costa Neto (PR-SP), aliado de José
Serra na campanha à prefeitura paulistana.
Fonte: Correio do Brasil
Leia mais:
Luiz Antonio Pagot diz que quer falar à CPMI do Cachoeira
O depoimento de Pagot passou a ser considerado urgente por alguns integrantes da comissão
O ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot
disse nesta sexta-feira que “está à disposição” da Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira para prestar depoimento. Existem
pelo menos nove requerimentos para a sua convocação que ainda não foram
apreciados pelo plenário da CPMI. Alguns deputados e senadores querem
que esses requerimentos sejam pautados na próxima reunião administrativa
da comissão, marcada para quinta-feira.
- Estou no interior, mas ao inteiro dispor da CPMI para prestar depoimento – disse Pagot, em entrevista, por telefone, à Agência Brasil.
Ele evitou falar sobre quem tem interesse em impedir seu depoimento.
“Não quero falar sobre isso. Só quero mesmo dizer que estou inteiramente
à disposição da CPMI para prestar esclarecimentos.”
Na opinião do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Pagot tem muito a
contribuir com a comissão. “Ele teria que falar de imediato, pode dar
detalhes sobre as relações que existem nos bastidores entre as
empreiteiras e os governos estaduais”, destacou o senador. “Estamos
perdendo tanto tempo com quem não quer falar. Por que não ouvir quem
quer?”, questionou.
O depoimento de Pagot passou a ser considerado urgente por alguns
integrantes da comissão, após ele ter denunciado o uso de verbas
públicas para formação de caixa 2 de campanhas eleitorais em São Paulo. A
denúncia foi feita em entrevista à revista IstoÉ, na qual ele se
referiu a um suposto esquema de desvio de verba na obra do Rodoanel para
as campanhas de José Serra à Presidência e de Geraldo Alckmin ao
governo paulista em 2010. Pagot também disse, em entrevista à revista Época,
que contrariou interesses do empresário Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira, que está preso em Brasília, e da Construtora Delta
quando estava à frente do Dnit.
Pagot foi afastado do cargo de diretor-geral do Dnit após uma série
de denúncias de corrupção no órgão, que derrubaram ainda o então
ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM) e abriram uma crise
política entre o PR e a presidenta Dilma Rousseff. Alfredo Nascimento
reassumiu o cargo de senador após deixar a Esplanada dos Ministérios.
O senador Randolfe Rodrigues criticou a posição do relator Odair
Cunha (PT-MG) de não pautar os requerimentos de convocação. “Tudo que
tem interface com a Delta tem sido sobrestado. Esses pedidos de
convocação fazem parte de um conjunto de outros requerimentos que não
são colocados para serem apreciados. Não tenho como avaliar de outra
forma a não ser a intenção de blindagem da Delta”, disse o senador.
O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), também é a favor da ida
de Pagot à CPMI. Ele destacou que, no primeiro dia de trabalho da
comissão, apresentou um requerimento de preferência de votação e cobrou
do presidente, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a apreciação do texto.
Segundo ele, o presidente se comprometeu a colocar o pedido em análise
na próxima reunião. “Não pedi só a vinda do Pagot como testemunha, mas
também a do ex-presidente da Delta Fernando Cavendish”, acrescentou
Álvaro Dias.
O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse que na próxima
segunda-feira a bancada do PT na Câmara se reunirá para deliberar sobre
esse assunto e outros relacionados à CPMI. “Se o relator for a favor, eu
também serei”, disse Vaccarezza. “A princípio eu acho que não
deveríamos chamá-lo, porque fugiria do foco da CPMI. Mas, se ele quer
comparecer para esclarecer alguma coisa, tem todo direito”, completou.
A Agência Brasil tentou falar, por telefone, com o relator
da CPMI, deputado Odair Cunha, e com o presidente Vital do Rêgo, no
entanto, ainda não obteve retorno.
Fonte Correio do Brasil
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