"A selva de concreto tem donos. Os mesmos que cercam-se do privilégio e benefício de uma ordem a muito instituída. Mas nesse momento que o candidato põe sua "cara" na rua, também propício a inversção simbólica. Recomendo, chutes e estiletadas, nesses cavaletes, prestando serviço de utilidade pública e de verdadeira cidadania".( Marcelo Fonseca em geocidade )
Por Antonio
Cavalcante e Vilson Nery
De uma coisa ninguém
duvida: os marqueteiros das campanhas eleitorais têm incentivado os políticos a
apresentar uma propaganda (na verdade publicidade) exatamente igual aquela que
se fazia no século passado. E o que é pior: emporcalhando nossas cidades com o
uso daqueles malditos cavaletes e assemelhados (bonecos, displays etc.).
O modo de fazer campanha
eleitoral se repete há pelo menos duas gerações sem apresentar nenhuma mudança,
o primeiro modelo data dos anos 90, quando Fernando Collor foi eleito
presidente do Brasil. De lá prá cá o mundo deu uma guinada, a União Soviética não
mais existe, os norte americanos foram da era da Ku klux klan para a eleição de
um negro na presidência, mulheres nuas fazem protestos contra tudo (assim você
me mata!) e garotos na internet derrubam ditadores ao redor do mundo.
Mas no marketing
político verde e amarelo o tempo parou, contrariando a ideia de Cazuza!
Ora, numa cidade em que
o trânsito é o caos, que os buracos nas ruas e das “obras” da Copa do Mundo já
são naturais limitadores de velocidade e se constitui em fator de “imobilidade
urbana”, por que ainda temos que conviver com esse lixo eleitoral, bonecões nos
canteiros, placas enormes nas esquinas, mostrando falsos sorrisos
“fotoshopados”?
Estariam a zoar da
nossa cara?
Por isso é preciso
conclamar: para vereador ou prefeito, vote no cavalete (mas não no candidato
que ele veicula).
Convenhamos, nos
bairros mais distantes, nas comunidades mais pobres, pode faltar um posto de
saúde em pleno funcionamento, comida na mesa do cidadão, mas não faltará um
cavalete na rua principal. Então a solução é a dona de casa pegar esse “artefato
de campanha” e levá-lo ao fogo, cozinhando o feijãozinho, com farinha e carne
de sol.
É o cavalete promovendo
o “fome zero”.
Algumas vezes é possível
observar que os ônibus passam pelo ponto onde estamos, lotados, não param nos setores
mais populosos e que necessitam do transporte de massa. Um desrespeito, que
leva inclusive algumas pessoas a perder o horário de trabalho ou da escola. A
solução, mais uma vez, é o cavalete, naturalmente. Pegue um desses (ou vários),
coloque-os no meio da rua que aí o ônibus vai ter que parar! E depois, eleitor insolente,
não venha me dizer que o cavalete não apresentou uma grande alternativa para o
transporte público da sua cidade!
Mas há uma outra utilidade
para os cavaletes de campanha, e esta é de longe a mais útil e que gera
resultados mais duradouros, basta dizer que ela, como aquela publicidade do
cartão de crédito, não tem preço.
Ela consiste em você
abordar o candidato porcalhão que espalha cavaletes pelas ruas da sua cidade,
verificar se ele de fato possui ideias próprias e se tem propostas viáveis para
os dilemas suportados diariamente pelos cidadãos. Em caso negativo, dobre o
cavalete, faça movimentos giratórios no ar e atire sobre ele, mostrando o peso
da indignação popular com esse modo arcaico e inútil de fazer campanha
eleitoral.
Pós scriptum: cavaletes
não são candidatos, então não é possível votar neles. E nem é indicado votar nas
imagens que eles carregam.
Antonio
Cavalcante e Vilson Nery são ativistas do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção
Eleitoral)
Visite a pagina do MCCE-MT