A toga de juiz é reservada aos bons e não há espaço para os maus de coração e portadores de espírito pervertido e doentio.
Por Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery*
Aqueles que militam nos fóruns deste Mato Grosso já sabe
de alguns dos fatos que vamos narrar, e para aos que desconhecem, é
importante apreender a relevante informação. Há alguns anos, lá pelo fim
da década de 1.990 do século passado, o Tribunal de Justiça de Mato
Grosso (TJ/MT) resolveu padronizar a produção e expedição de documentos.
No rol incluiu-se a unificação do texto a ser digitado nos mandados
judiciais (citação, intimação etc), a criação de critérios para a
classificação de processos (para efeito de cadastramento) e mesmo a
forma de disposição dos móveis nas escrivanias (cartórios).
Tudo
de modo a permitir melhores condições de trabalho aos servidores,
otimização de recursos e o efetivo atendimento da clientela no balcão,
aí incluídas as pessoas litigantes e os seus procuradores (advogados,
defensores, dativos etc.).
É
evidente que existiu resistência às mudanças. Naquele momento ainda
havia pessoas (servidores e magistrados) que se recusavam abandonar as
boas e velhas “Olivettis”, então tradicionais máquinas datilográficas
que ornamentavam gabinetes e cartórios judiciais, e se opuseram ao uso
do s recursos do programa “word” dos computadores, como ferramenta de
trabalho.
Como
parte das mudanças adotadas, foi feita a consolidação e digitalização
das normas gerais da corregedoria do TJ (CNGC) que foram encartadas em
um só documento e, além de uma versão impressa, ganhou uma pioneira
versão em CD-ROM.
Isso foi obra de uma equipe liderada pelo então Corregedor de Justiça do TJ/MT, Dr. Orlando Perri.
Reza
a lenda que o magistrado, quando ainda jovem e judicando em comarcas
distantes, no interior do estado (início de carreira), além dos livros
carregava um colchão para o gabinete de trabalho. No mesmo local ele
trabalhava, fazia as refeições e pernoitava, tudo para dar rápida
solução aos processos, decidindo as querelas com a mesma rapidez que o
processo chegava ao fórum.
Isso lhe rendeu promoções por merecimento!
Agora
em 2012 o Judiciário estadual vive um dos momentos mais ricos de sua
recente história, o que lhe permite passar (mas não esquecer) dos
períodos e fatos que chacoalharam a judicatura como verdadeiros tsunamis, para o (não permanente) processo de calmaria e recomposição de laços com a opinião pública (e com os jurisdicionados).
Na
presidência do TJ/MT a atuação do discreto Dr. José Silvério, seguida
do inquieto Dr. Rubens de Oliveira, permitiram o rearranjo e a
tranquilidade, que vai muito além da quitação dos precatórios judiciais.
Só não vê quem não presta atenção.
É
que o TJ/MT resolveu adotar algumas medidas de elevada importância,
para além dos interesses “interna corporis”. A primeira delas é que, ao
emprestar alguns de seus pares ao Tribunal Regional Eleitoral a partir
de março de 2013, permitiu que as próximas eleições gerais contem com os
préstimos da combativa Dra. Maria Helena Póvoas, ex dirigente da OAB de
Mato Grosso e do Dr. Marcos Machado, um dos mais jovens e promissores
desembargadores do TJ.
Tudo
bem que o Judiciário estadual ainda tenha alguns débitos com a
sociedade, e aí se inclui a (falta de) solução ao caso do magistrado
apanhado em casos de pedofilia em Paranatinga, daquele outro (de Sinop)
que produzia decisões suspeitas e do várzea-grandense que fazia
audiência com “pessoas mortas” e liberava dinheiro para alguns “muito
vivos”. E tem também aquelas duas vagas de desembargador que
encontram-se em aberto (sem titular) porque os ocupantes são acusado de
“malfeitorias”, segundo o Superior Tribunal de Justiça, que os afastou
das funções públicas no curso do processo penal.
Mas
ainda assim há razões para o cultivo de esperanças no Poder Judiciário
como ator importante na mudança que a sociedade precisa, com justiça
social, ética e humanização das relações.
Os
prenúncios de 21 de dezembro de 2012 não são de “fim do mundo”, mas de
início de uma nova era, que a magistratura estadual precisa compreender.
Forte
neste movimento, o pleno do TJ/MT, com rara unanimidade, escolheu como
próximo presidente do Tribunal de Justiça o desembargador Orlando Perri,
o mesmo que liderou o processo de modernização da máquina judiciária. E
o mesmo que – também na Corregedoria Geral – promoveu a investigação
administrativa de alguns magistrados. Segundo o Conselho Nacional de
Justiça, em pronunciamento unânime feito em processo presidido pelos
Ministros Gilson Dipp e Eliana Calmon, e depois o Supremo Tribunal
Federal, Perri tinha razão e aqueles investigados deveriam ser separados
(desapeados) da toga.
A
toga de juiz é reservada aos bons e não há espaço para os maus de
coração e portadores de espírito pervertido e doentio. A escolha da nova
direção do TJ/MT faz justiça a quem cedeu esforços para inserir a Corte
no ritmo da modernidade, e verteu lágrimas para manter a Justiça
desinfestada dos maus.
Nunca
tão presente (como no caso) o texto do Livro Santo: “Ele julgará ao teu
povo com justiça, e aos teus pobres com juízo.” (Salmos 72:2). “Julgará
os aflitos do povo, salvará os filhos do necessitado, e quebrantará o
opressor”. (Salmos 72:4).
*Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery são ativistas do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral)
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