sábado, 30 de março de 2013

FELICIANO CHANTAGEIA DILMA: É O RATO QUE RUGE


É sempre bom lembrar: o bom senso nos manda esmagar os ovos de serpente antes que eclodam. 




A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal foi criada em 1995. Até agora, sua presidência tinha sido ocupada 13 vezes pelo PT, três pelo PDT, uma pelo PCdoB e uma pelo PPB.

Chegada a hora de substituir o deputado maranhense Domingos Dutra, o PT abdicou de continuar presidindo-a e preferiu ficar com comissões que lhe garantissem maior poder real (mandando às urtigas seus ideais históricos):
  • Seguridade Social e Família;
  • Relações Exteriores e Comércio; e
  • Constituição e Justiça.
O Partido Social Cristão, que não tinha direito a ocupar nenhuma vaga no colegiado, passou a contar com cinco deputados na comissão. Cederam vagas para a legenda o PMDB e o PTB. PSDB e PR também perderam espaço para parlamentares da bancada evangélica.

Ou seja, o monstro Feliciano não teve geração espontânea. Nasceu da irresponsabilidade dos partidos progressistas (ou tidos como tais) que mostraram considerar irrelevantes os direitos humanos e os direitos das minorias, e agora tentam destrambelhadamente reparar o imenso mal cometido: o de terem permitido que a incumbência de defender direitos coubesse a quem se caracteriza por agredir direitos, inclusive a liberdade de expressão (a atitude de mandar prender manifestantes escancarou sua índole inquisitorial!).

De resto, Feliciano, um  rato que ruge  sem a simpatia de Peter Sellers, resolveu peitar até Dilma Rousseff, ao afirmar que a resistência atual do PT ao seu nome não passaria de "jogo político", com o risco de a presidente e o governo estarem "jogando fora o apoio dos evangélicos, que não é pequeno, para uma eleição do ano que vem". E completou, exagerando: "São quase 70 milhões de evangélicos”.

O líder do PSC, deputado André Moura (SE), também investiu na estratégia de confrontar os petistas, ao afirmar:
"Por que não pegar um espelho e olhar para si mesmo e perguntar: por que o PT indica para a Comissão de Constituição e Justiça dois mensaleiros condenados pela mais alta Corte deste país, o STF? Será que julgar a indicação do Feliciano, pelo PSC, é correto para um partido como o PT, que, volto a repetir, indicou dois mensaleiros condenados?"
É sempre bom lembrar: o bom senso nos manda esmagar os ovos de serpente antes que eclodam. 

Se nanicos fascistóides começarem a desafiar o PT com tamanha desfaçatez e não receberem resposta à altura, estará aberto o caminho para a gestação de um ameaçador populismo de extrema-direita. 

Feliciano é caricato e não parece destinado a grandes voos... mas detém hoje muito mais poder do que um certo austríaco com bigodinho engraçado tinha, quando começou a discursar em cervejarias.

Fonte: Náufrago da Utopia

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É preferível um pregador de batina dando sermão tentando alterar as relações sociais; a um dublê de pastor, apresentador e político reforçando o preconceito e o pensamento reacionário.

O Estado é laico, mas a força da adoração ao bezerro de ouro, associada com o louvor a uma síntese entre prosperidade e carga preconceituosa, consegue elevar seu poder político a cada legislatura.

Por Bruno Lima Rocha

Já era o momento de ver um ato público no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Centro do Rio. Marco Feliciano (PSC-SP) vem operando como epicentro da opinião pública brasileira, mobilizando justificadas preocupações. No período da Abertura, o local era palco das lutas por redemocratização e também, pela equivocada bandeira da Anistia Ampla, Geral e Irrestrita para torturadores e criminosos de lesa humanidade. Agora, em 2013, grupos de minoria ativa, intelectuais e artistas novamente se reúnem para tentar barrar o avanço do pensamento autoritário, galvanizado no presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. O paradoxo é o seguinte. Caso as massas sejam convocadas, a parte ativa vai empurrar para a direita.

Se o político e pregador paulista carrega em seu discurso a marca do grotesco, este perfil não é exclusivo. O conjunto de tele-evangelistas a pregar diariamente, há mais de trinta anos, princípios de doutrina vinculados à Teologia da Prosperidade, de fato vem acumulando poder e força social. Hoje, este setor é representativo, batendo quase trinta pontos de porcentagem eleitoral com o chamado “voto evangélico”. Tal clivagem se baseia em formulações obscuras, trazendo interpretações bíblicas ao pé da letra, reforçando os aspectos do pensamento conservador das classes baixas. Para o consumo suntuoso, é o melhor dos mundos. Para transformar a sociedade, estamos em maus lençóis.

Em vários momentos da história, a classe trabalhadora melhorou sua condição de vida arrancando conquistas e direitos. Hoje, o ministro da Pesca e bispo licenciado da Igreja Universal, Marcelo Crivella (PRB-RJ) agradece a um ex-líder sindical (Lula) e uma ex-guerrilheira (Dilma), pela ampliação do crédito e do poder de compra do salário. Sua alegação chega a ser simplória. Com mais dinheiro em circulação, maior é o número e volume do dízimo pago pelos fieis. Se isso não é crise de paradigma, é o que?

A ironia é irresistível. Nelson Rodrigues brigava contra o setor religioso mais à esquerda, a quem chamava de “padre de passeata”. O que diria o escritor a respeito de políticos como Feliciano e Crivella, ambos na base volátil de um governo cujo passado e trajetória política se forja na ação de pastorais sociais?! Certamente, nosso maior dramaturgo “era feliz e não sabia”. É preferível um pregador de batina dando sermão tentando alterar as relações sociais; a um dublê de pastor, apresentador e político reforçando o preconceito e o pensamento reacionário.

Obs: Peço desculpas por aplicar o termo evangélico ao me referir à bancada neopentecostal. Trata-se de uma exigência jornalística, considerando o problema de espaço e atenção do leitor. Neopentecostal é o conceito correto, mas evangélico é o eufemismo empregado para os pregadores da Teologia da Prosperidade, diversificados em suas distintas seitas arrecadadoras, embora politicamente aliados.
 
Fonte: Estrtégia e Análise  


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