Governo do Estado, PoderJudiciário, Estado Brasileiro e Governo Federal, responsáveis de repressão,violência e morte de indígenas em Mato Grosso do Sul
Manifesto urgente dos movimentos sociais, de entidadese organismos de defesa dos direitos humanos de Mato Grosso do Sul perante arepressão e mortes na Terra indígena Buriti
Em 22 de maio de
2013 os movimentos sociais deMato Grosso do Sul emitiram um manifesto de
solidariedade com os indígenas Terena da Terra Indígena Buriti,
município de Sidrolandia/MS, 80 km de Campo Grande, alertando o seguinte:
“Qualquer desenlace
da situação que fira ainda mais os direitos humanos da populaçãoTerena;
das crianças, dos idosos, da juventude, dos homens e das mulheres
que participam da ação, será de
exclusiva responsabilidade das autoridades federais e estaduais que têm
na Constituição Brasileira o amparo e o império da única força capaz de
trazer solução e paz para os povos indígenas de Mato Grosso do Sul. E, a
única solução, e a única paz que querem os povos indígenas são aquelas
que hão de vir do cumprimento da própria Constituição que exige
o reconhecimento e a demarcação dos territórios indígenas”.
Oito dias
depois, a repressão, violência e morte chegaram na área para os
indígenas, com a atuação da Policia Federal e Policia Militar de Mato
Grosso do Sul que acabou com o assassinato de Oziel Gabriel, e com uma
centena de feridos, dentre eles, crianças, mulheres, e idosos.
Condenamos e
repudiamos energicamente os fatos acontecidos na Terra Indígena Buriti
eresponsabilizamos pelos mesmos ao Governo do Estado de MS, inimigo
declarado dos povos indígenas; ao Poder Judiciário, que com facilidade
dita as ordens de despejos contra os indígenas e com a mesma facilidade
libertou este ano a umfazendeiro assassino confesso que declarou o crime
e entregou sua arma na Delegacia; ao Estado brasileiro e ao Governo
Federal, por não cumprir o mandato constitucional de demarcação das
terras indígenas no Estado, que esta com 20 anos de atraso.
Exigimosa imediata libertação dos 18 indígenas que estão presos na Policia Federal.
Chamamosa os trabalhadores do campo e da cidade, estudantes, camponeses, indígenas e quilombolas a se somar ativamente às Jornadas Unitárias de Lutas
que vão acontecer no Estado nos próximos dias, para repudiar a
violência, defender a vida, exigir a demarcação das terras indígenas e
quilombola, a implementação de reforma agrária no Estado, para repudiar
o latifúndio e o agronegocio, lutar contra o agro-capital e atuar
ativamente em defesa da soberania popular.
Nossa irrestrita
e incondicional solidariedade com o Povo Terena que, depois devários
dias de deliberações na III Assembléia Geral do Povo Terena e
Primeira Assembléia
Geral dos Povos Indígenas de Mato Grosso do Sul, realizada na mesma área
de retomada, na Terra Indígena Buriti, de 08 a 11 de maio de 2013,
perante a inação e recuo do Estado e Governo Brasileiro de sua obrigação
em fazer cumprir a Constituição Federal no que respeita à demarcação dos
territórios indígenas no Estado, decidiu fazer um legítimo ato de defesa
de seus direitos consuetudinários e constitucionais, retomando as áreas
que lhes pertence historicamente.
VIVA A DIGNA LUTA DOS POVOS INDIGENAS NO MS
Assinam:
ComissãoPastoral da Terra (CPT-MS)
ConselhoIndigenista Missionário
CentralÚnica de Trabalhadores (CUT-MS)
Federaçãodos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (FETEMS)
Movimentodos Trabalhadores Rurais Sem Terra-MST
ONGAzul
Conferência dos Religiosos do Brasil
(CRB-MS)
Movimentode Mulheres Camponesas (MMC-MS)
Marcha Mundial das Mulheres (MMM)
Comitê de Defesa Popular de Dourados (Fórum de entidades)
ConselhoAty Guassu Kaiowa-Guarani
Comissão Permanente de Assuntos Indígenas da Ordem dosAdvogados do Brasil (COPAI-OAB-MS)
TribunalPopular da Terra - MS
Centro de Defesa de Direitos Humanos – Marçal de SouzaTupã’i (CDDH)
ValdeliceVeron-Membro da comissão aty Gwasu.
ErnestoVeron-Liderança Terra Indigena Pindo Roky-Caarapo-MS
NhandesyJulia Cavalheiro Veron-Terra Indigena Takwara-Juti-MS
NhandesyCarmen Rios Terra I Indigena Takwara-Juti -MS.
Nhanderu-SergioPaulo Takwara -Juti MS
Coletivo Terra Vermelha
Comitê Nacional de Defesa dos Povos Indígenas de Mato Grossodo Sul (CONDEPI)
ComissãoPastoral da Terra-Nacional
CONERQ-CoordenaçãoEstadual das Comunidades Negras Rurais Quilombolas
ComitêMS Contra os Agrotóxicos
Associaçãodos Pequenos Produtores Rurais de Furnas do Dionísio
CSP-Conlutas
ColetivoLevante-Oposição de Esquerda da UNE
RedeNacional de Advogados Populares-RENAP-MS
Centrode Documentação e Apoio aos Movimentos Populares-CEDAMPO
ConselhoContinental da Nação Guarani
APIB-Articulaçãodos Povos Indígenas do Brasil
Redede Educação Cidadã de MS
MCLRA-Movimento Camponês em Luta Pela Reforma Agrária
DiretórioCentral de Estudante-UFGD
DACLOBI- Diretório Acadêmico Clovis Bevilaqua - Direito UCDB
InstitutoMãe Terra
GrupoTerra-Território (GETT/UFMS)
Associaçãodos Geógrafos Brasileiros – Seção Três Lagoas/MS – (AGB/TL)
EFAR-Escola Família Agrícola Rosalvo da Rocha Rodrigues
COAAMS-Centro de Organização e Apoio aos Assentados do Mato Grosso do Sul
UNEFAB-Antonio Baroni Rocha- Presidente da União Nacional das Escolas FamíliasAgrícolas do Brasil.
AEFACOT-Associação das Escolas Famílias Agrícolas do Centro Oeste e Tocantins
Saiba mais:
Terena é morto em reintegração de posse na Terra Indígena Buriti, em Mato Grosso do Sul
do Cimi, de Brasília (DF)
Conforme informações de lideranças Terena, o indígena Oziel Gabriel morreu na manhã desta quinta-feira, 30, depois de ser levado com graves ferimentos de arma de fogo para um hospital da região de Sidrolândia (MS), município onde incide área retomada pelo povo Terena pertencente à Terra Indígena Buriti, declarada em 2010 como de ocupação tradicional. Nesse momento, os indígenas estão refugiados na mata.
A partir das 6 horas, a Polícia Federal iniciou a reintegração de posse da área, ocupada desde o último dia 18 pelos indígenas e de propriedade do ex-deputado estadual (PSDB) Ricardo Bacha, com bombas de feito moral, spray de pimenta e tiros de armas letal e não letal. Cerca de outros 13 Terena também foram encaminhados para o hospital com graves ferimentos a tiros.
“Mataram um guerreiro Terena. Tem guerreiro no hospital. Chegaram de forma covarde, com balas e bombas. Atiraram pra matar. Não teve negociação. O Estado manda em tudo, em juiz, em tudo. Nós aqui morrendo por um pedaço de terra. Osiel era jovem, comprometido com a vida de seu povo”, denuncia a liderança Gerson Terena, por telefone. Era possível ouvir tiros, gritos e mulheres chorando.
De acordo com Gerson, crianças, mulheres e anciãos não foram respeitados. Os cerca de 3.500 Terena presentes na área retomada foram pegos de surpresa “numa operação de guerra”, nas palavras da liderança. Entre 300 e 400 policias atacaram todos os pontos da área indígena. Espalhados, os policiais lançaram bombas de efeito moral; nesse momento, os tiros eram de borracha.
“Depois começaram a atirar pra valer (arma de fogo). Resistimos com pedras e eles atiraram. Foi um horror, um horror. É doído a gente ver um patrício morrer defendendo algo que lhe pertence. Essa terra é nossa, é a nossa vida. A Justiça disse que é nossa. Mesmo assim, morremos sobre ela... morremos por um pedaço de chão. Vamos ficar aqui, vamos resistir”, declara Gerson Terena. A liderança reforçou que os indígenas não sairão da área retomada na Terra Indígena Buriti.
No último dia 20, os Terena já tinham resistido a uma tentativa de reintegração (leia matéria aqui). Na ocasião, o delegado da Polícia Federal Alcídio de Souza Araújo confiscou de forma ilegal equipamentos de jornalista (veja vídeo aqui).
Depois desses episódios, a Justiça suspendeu a reintegração até esta quarta-feira, 29, dia em que houve uma tentativa de reconciliação, mas o fazendeiro Bacha se negou a aceitar o fato de que a área é indígena e só aceitava como acordo a saída dos Terena da terra, cuja presença indígena foi atestada com provas materiais datadas do século XIX.
Fonte : Brasil de Fato
Nota do Conselho Indigenista Missionário: Repúdio à ação criminosa da Polícia Federal contra o Povo Terena
Nós, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) viemos a público denunciar a violenta e desumana ação da Polícia Federal e da Polícia Militar do estado de Mato Grosso do Sul, na madrugada de quinta-feira, 30 de maio, contra a comunidade indígena Terena que ocupa a fazenda Buriti, no município de Sidrolândia/MS. O ataque policial resultou no assassinato de Osiel Gabriel e deixou várias pessoas feridas.
Oziel Gabriel morreu na manhã desta quinta-feira, 30, depois de ser
levado com graves ferimentos de arma de fogo; polícia federal e
indígenas seguem na área retomada
Por Renato Santanado Cimi, de Brasília (DF)
Conforme informações de lideranças Terena, o indígena Oziel Gabriel morreu na manhã desta quinta-feira, 30, depois de ser levado com graves ferimentos de arma de fogo para um hospital da região de Sidrolândia (MS), município onde incide área retomada pelo povo Terena pertencente à Terra Indígena Buriti, declarada em 2010 como de ocupação tradicional. Nesse momento, os indígenas estão refugiados na mata.
A partir das 6 horas, a Polícia Federal iniciou a reintegração de posse da área, ocupada desde o último dia 18 pelos indígenas e de propriedade do ex-deputado estadual (PSDB) Ricardo Bacha, com bombas de feito moral, spray de pimenta e tiros de armas letal e não letal. Cerca de outros 13 Terena também foram encaminhados para o hospital com graves ferimentos a tiros.
“Mataram um guerreiro Terena. Tem guerreiro no hospital. Chegaram de forma covarde, com balas e bombas. Atiraram pra matar. Não teve negociação. O Estado manda em tudo, em juiz, em tudo. Nós aqui morrendo por um pedaço de terra. Osiel era jovem, comprometido com a vida de seu povo”, denuncia a liderança Gerson Terena, por telefone. Era possível ouvir tiros, gritos e mulheres chorando.
De acordo com Gerson, crianças, mulheres e anciãos não foram respeitados. Os cerca de 3.500 Terena presentes na área retomada foram pegos de surpresa “numa operação de guerra”, nas palavras da liderança. Entre 300 e 400 policias atacaram todos os pontos da área indígena. Espalhados, os policiais lançaram bombas de efeito moral; nesse momento, os tiros eram de borracha.
“Depois começaram a atirar pra valer (arma de fogo). Resistimos com pedras e eles atiraram. Foi um horror, um horror. É doído a gente ver um patrício morrer defendendo algo que lhe pertence. Essa terra é nossa, é a nossa vida. A Justiça disse que é nossa. Mesmo assim, morremos sobre ela... morremos por um pedaço de chão. Vamos ficar aqui, vamos resistir”, declara Gerson Terena. A liderança reforçou que os indígenas não sairão da área retomada na Terra Indígena Buriti.
No último dia 20, os Terena já tinham resistido a uma tentativa de reintegração (leia matéria aqui). Na ocasião, o delegado da Polícia Federal Alcídio de Souza Araújo confiscou de forma ilegal equipamentos de jornalista (veja vídeo aqui).
Depois desses episódios, a Justiça suspendeu a reintegração até esta quarta-feira, 29, dia em que houve uma tentativa de reconciliação, mas o fazendeiro Bacha se negou a aceitar o fato de que a área é indígena e só aceitava como acordo a saída dos Terena da terra, cuja presença indígena foi atestada com provas materiais datadas do século XIX.
Fonte : Brasil de Fato
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Nota do Conselho Indigenista Missionário: Repúdio à ação criminosa da Polícia Federal contra o Povo Terena
Nós, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) viemos a público denunciar a violenta e desumana ação da Polícia Federal e da Polícia Militar do estado de Mato Grosso do Sul, na madrugada de quinta-feira, 30 de maio, contra a comunidade indígena Terena que ocupa a fazenda Buriti, no município de Sidrolândia/MS. O ataque policial resultou no assassinato de Osiel Gabriel e deixou várias pessoas feridas.
Manifestamos
grande preocupação com o aprisionamento de 15 lideranças do Povo
Terena, que se encontram incomunicáveis na carceragem da Polícia
Federal, em Campo Grande. Dentre os presos, está um jovem Terena que
filmou todo o ataque e teve, inclusive, seu equipamento recolhido pelo
Polícia. O Cimi teme pela integridade física destes líderes.
Responsabilizamos
o Governo Federal, na pessoa da presidenta da República, Dilma Rousseff
e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pela ação desmedida e
criminosa da Polícia Federal contra o Povo Terena, uma vez que esta
força policial está sob seu comando e só deveria agir mediante seu
consentimento.
A
fazenda Buriti é parte dos 17.200 hectares declarados pelo Ministério
da Justiça, em 2010, como território tradicional do Povo Terena, tendo
sido retomada, no dia 15 de maio, pela comunidade, que reivindica a
conclusão dos procedimentos de demarcação da Terra, iniciados há mais de
dez anos.
Lembramos
que não é a primeira vez que se praticam ilegalidades e arbitrariedades
contra comunidades Terena em Sidrolândia. Na mesma terra indígena
ocorreu, em 19 de novembro de 2009, um violento despejo protagonizado
por cerca de 30 fazendeiros e 60 policiais militares, mesmo havendo uma
decisão judicial favorável à permanência dos Terena naquela área.
Em
nosso entendimento, a ação brutal comandada pela Polícia Federal faz
parte de uma estratégia mais ampla do governo federal para viabilizar
demandas de ruralistas e latifundiários do agronegócio. Com isso, de
forma premeditada, o governo desrespeita os direitos dos povos que
tradicionalmente habitam aquelas terras.
Entendemos,
outro sim, que o poder judiciário e, em especial, o juiz federal
responsável pela ordem de despejo dos Terena de sua terra tradicional
assumiu também, por este ato, responsabilidade no episódio violento
patrocinado pela Polícia Federal e Polícia Militar do estado do Mato
Grosso do Sul.
Repudiamos
ainda a postura do governador do estado, André Puccinelli, que no uso
de suas funções vem incitando a população sul matogrossense contra os
povos indígenas, com sucessivas manifestações públicas de caráter
antiindígena.
Alertamos
que deputados estaduais vêm utilizando a Assembleia Legislativa do MS
como palco para pronunciamentos discriminatórios, que visam
desqualificar as lutas pela defesa da terra por parte dos povos
indígenas e, ao mesmo tempo, criminalizar o movimento indígena, suas
lideranças e as organizações que lhes prestam apoio.
As
insinuações de que os Terena estariam sendo manipulados ou insuflados
pelo Cimi a retomar suas terras são infundadas, levianas e ofensivas aos
povos indígenas. Essas insinuações são parte da estratégia de
ruralistas preconceituosos e racistas que se acostumaram a invadir as
terras e a tratar os povos indígenas como se fossem seres inferiores,
incapazes de pensar, de discernir entre o certo e o errado, de tomar
decisões por conta própria e de lutar por seus direitos. A história
mostra que são exatamente estes invasores das terras indígenas os
responsáveis pelos assassinatos de líderes indígenas no Brasil e, em
particular, no estado do Mato Grosso do Sul.
O
Cimi continuará sua missão atuando de forma intransigente na defesa da
vida dos povos indígenas e denunciando as invasões de suas terras, os
assassinatos e os assassinos destes povos. Reafirmamos nossa
solidariedade aos povos indígenas do Brasil e às lutas autônomas e
justas do povo Terena pela demarcação e garantia de suas terras
tradicionais.
Brasília, DF, 30 de maio de 2013.
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