sábado, 15 de junho de 2013

Os novos protestos contra o aumento das passagens


Considerando que o controle urbano aumenta em períodos de grandes eventos esportivos, conclui-se que mais episódios como estes tendem a se repetir. 


A PM paulista avança contra o cordão de manifestantes, revelando assim um grau de concordância entre a prefeitura paulistana com Haddad à frente o Palácio dos Bandeirantes, com o tucano Alckmin no comando.


Por Bruno Lima Rocha

Porto Alegre, Goiânia, São Paulo e Rio de Janeiro são capitais com algo em comum no quesito protestos sociais. Estes centros metropolitanos estão passando por um momento contraditório. Por um lado, a ufania em torno da realização da Copa do Mundo abre precedentes para discursos modernizadores, e por tabela, para ascensão de discursos de valorização urbana, encarecendo o direito a cidade. Por outro, os protestos recentes contra o aumento das passagens de ônibus revela uma camada da população ciente destes direitos e querendo subordinar os contratos com empresas concessionárias junto ao poder concedente. 

Considerando que tal escalada de mobilizações não era prevista às vésperas da Copa das Confederações, os gestores destes municípios – e os respectivos governos estaduais – acabaram endurecendo o braço repressivo. 

A última década foi de profunda transformação na sociedade brasileira. Vive-se melhor, temos consumo acessível - quase suntuoso – oferta de massa de crédito e visíveis avanços materiais nas condições de vida. Aversão nada agradável deste avanço é o co-governo entre quase todas as forças políticas, saindo vitorioso ideologicamente o Consenso de Brasília, como é referida na literatura de política e relações internacionais, a soma de ortodoxia macro-econômica com um peso a mais na geração de emprego direto e fortalecimento de mercado interno. Tal Consenso gera acomodação das forças sociais e pouco ou nenhum espaço para a política institucional mais à esquerda. Em períodos de refluxo, resta a internet. Protesta-se muito através das redes sociais no Brasil e esta opinião não encontra eco nos poderes de fato. A conseqüência é a canalização destas demandas legítimas, colocando contra a parede o Brasil moderno e inclusivo que se quer vender lá fora. 

Nada é mais universal do que o transporte coletivo em metrópoles totalmente congestionadas pela expansão do automóvel individual. Ao contestar as margens de lucro das concessionárias de ônibus, os manifestantes afirmam que o direito à mobilidade deve subordinar os interesses empresariais do setor. Como quase sempre, qualquer Poder Executivo tende para o lado dos empresários, alegando risco sistêmico ou quebra do setor da economia. Daí o apelo para a repressão desenfreada é sempre uma opção. O nível de violência é o reflexo desta escolha dos executivos municipais. Considerando que o controle urbano aumenta em períodos de grandes eventos esportivos, conclui-se que mais episódios como estes tendem a se repetir. 

 
 



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Por  Celso Lungaretti

A imprensa e os políticos reagiram exatamente como esperado à violência extrema que a Polícia Militar paulista desencadeou contra manifestantes, jornalistas, transeuntes e até fregueses dos botecos na  5ª feira negra: houve os que protestaram, houve os que justificaram, ordenaram-se investigações e é provável que um ou outro gato pingado venha a ser punido. Depois, o esquecimento.

Inconcebivelmente, nem a própria Folha de S. Paulo deu a devida importância à contundente denúncia do seu renomado colunista Elio Gaspari, de que  tudo transcorria de forma pacífica até que duas dezenas de policiais engendraram o caos:
"Num átimo, às 19h10, surgiu do nada um grupo de uns 20 PMs da Tropa de Choque, cinzentos, com viseiras e escudos. Formaram um bloco no meio da pista. Ninguém parlamentou. Nenhum megafone mandando a passeata parar. Nenhuma advertência. Nenhum bloqueio...
Em menos de um minuto esse núcleo começou a atirar rojões e bombas de gás lacrimogêneo... 
Atiravam não só na direção da avenida, como também na transversal..."

Em outras palavras, foi a provocação  da tropa de choque que deflagrou as agressões e o descontrole policial.

Então, o que tem mesmo de ser investigado é o seguinte: quem deu a ordem para eles agirem desta forma, e por quê?

Pois vários episódios anteriores já demonstraram que há uma  linha dura  dentro da PM, articulada em torno da Rota e composta por oficiais que tiveram a cabeça feita pela ditadura militar e até hoje atuam com espírito de Gestapo e não de polícia democrática.

Se nada for feito para identificar e expor esta corrente, outras provocações  virão, pois seu objetivo último é o de minar a democracia, abrindo caminho para um novo golpe de Estado.

Fonte Náufrago da Utopia


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