CHEGA DE IMPUNIDADE! CADEIA JÁ PARA A POLITICALHA CORRUPTA DE MATO GROSSO!
TA NA HORA DE POR ORDEM NA CASA
Trabalho de base: agora é a hora
As conquistas destas poucas semanas de grandes mobilizações colocaram
algumas palavras esquecidas na boca das imensas maiorias. A linguagem
convencional, nas casas, nas filas e nos ônibus, recuperou expressões
como “burguês”, “proletário”, “repressão”, “capital”, “mobilização”,
“privatização”, “cartaz” e “greve”. Palavras essas pronunciadas ainda em
voz baixa nos espaços de produção, onde a ditadura permanece
Silvia Beatriz Adoue
Durante quase
20 anos esperávamos por este momento. O povo fazendo experiências que
demonstram que “SÓ A LUTA FAZ VALER”. O grande aprendizado destas
últimas semanas para milhões. E “política” é quando milhões estão
envolvidos. As conquistas destas poucas semanas de grandes mobilizações
colocaram algumas palavras esquecidas na boca das imensas maiorias. A
linguagem convencional, nas casas, nas filas e nos ônibus, recuperou
expressões como “burguês”, “proletário”, “repressão”, “capital”,
“mobilização”, “privatização”, “cartaz” e “greve”. Palavras essas
pronunciadas ainda em voz baixa nos espaços de produção, onde a ditadura
permanece. As pessoas fazem seus próprios cartazes, grandes ou
pequenos, dependendo da instância mais ou menos coletiva em que são
elaborados. Mas todos querem ter voz. Os temas cotidianos (salário,
trabalho, transporte, saúde, escola, terra, moradia, polícia, governo)
deixam de ser motivo de simples lamúria para se transformar em pautas
programáticas. Uma vez que as manifestações tocaram terror nas
instâncias estatais, que cederam em aplicar pontos de programa que
constam na constituição de 1988 e nunca saíram do papel. A pergunta para
as classes trabalhadoras, no entanto, é: como avançar?
Os
partidos de esquerda e movimentos sociais acertaram em propor: “FRENTE
ÚNICA DE ESQUERDA”. Mas estão errando o foco de como organizá-la. A
decisão do Movimento Passe Livre e do Movimento dos Trabalhadores Sem
Teto de se retirar das grandes avenidas para centrar fogo nas periferias
deve ser celebrado. Não é suficiente unir precariedades para dar conta
de organizar a grande força que se coloca em movimento. É o momento de
se lançar à organização da classe no espaço conhecido pela classe: nos
bairros e nos espaços de trabalho, o lugar dos pares, onde se luta olho
no olho ganhando a confiança necessária. É aí que vai se construir a
“FRENTE ÚNICA DA CLASSE TRABALHADORA”. Sem organicidade com a classe, a
frente única de esquerda não tem chance de disputar sequer as grandes
avenidas. E esse trabalho de base avançará a partir de lutas por
reivindicações concretas e sentidas pelo conjunto da classe. Mesmo sendo
reivindicações parciais, ali onde a organização está se iniciando. Mas
essas lutas vão dar forma ao mesmo tempo massiva e orgânica ao
movimento.
Como recompor o fio da história da classe?
A
discussão a propósito da cor das bandeiras supõe um grau de análise que
as lutas não permitem ter às novas gerações. Depois de quase 20 anos de
abandono do horizonte de classe pelo PT, como podem as novas gerações
identificar a cor vermelha com um projeto emancipatório? Junto ao
oportunismo da direita e seus operadores mediáticos, é preciso
identificar na desconfiança, inclusive nos partidos de esquerda, um
sinal de saúde. E essa desconfiança só vai ser quebrada com a presença
de movimentos e partidos nas lutas cotidianas, e não apenas nas grandes
avenidas. Como esperar que depois de tantos anos sem grandes lutas as
maiorias vão identificar tão claramente seus aliados? Será que o
discurso é um bom indicador para a classe trabalhadora que levou
rasteira do partido e da central sindical que ajudou a construir com
grande esforço? Como os militantes do PT e da CUT que permanecem leais
aos objetivos das classes trabalhadoras vão dirigir as novas lutas,
depois do distanciamento orgânico das suas organizações com a classe?
Tem quem pense que o povo responde ao “comando” automaticamente, como um
interruptor de luz que liga e desliga. Perdeu-se a confiança. Mesmo o
programa da jornada de lutas de 11 de julho sendo muito adequado para a
hora, sem organização nos lugares de trabalho, não vai vingar.
Sem
organização de lutas nos territórios, nos lugares de trabalho, por
reivindicações concretas e sentidas, em que as forças e a solidariedade
possam ser medidas no confronto com o inimigo, não será possível criar
laços de confiança na classe. E essa é a tarefa da hora.
“Os russos estão avisados?”
Como
perguntava o grande Manê Garrincha para o técnico que explicava as
tabelas que havia que fazer para avançar até a área da seleção
soviética: “Os russos estão avisados?”. Bem, os “russos”, melhor, o
grande capital, neste caso, estão mais do que avisados, e vão fazer todo
que tiverem ao alcance para impedir o crescimento do movimento na sua
organização e programa de classe. Desde 2002 aceitaram os governos do PT
porque eles favoreceram a expansão dos negócios sem o ônus de ter que
enfrentar uma resistência ativa dos e das trabalhadoras. Para isso
suportaram a presença de um quadro vindo das fileiras do povo
trabalhador, que haviam desprezado abertamente. Mas fazem tal coisa
enquanto o governo do PT não interferir nos seus propósitos e, ao
contrário, os favorecer. Se o governo não mais conseguir conter as lutas
dos trabalhadores, vai tentar se livrar dele.
Por enquanto, esse
é um “plano B”. Mas não deve ser desestimado. A designação da nova
embaixadora dos EUA no Brasil, Liliana Ayalde, quem já foi embaixadora
em Paraguai de 2008 a 2011, durante o governo de Fernando Lugo, antes do
golpe parlamentar que o derrubou, é um indício. O dispositivo para a
substituição do presidente da república por eleição indireta, em caso do
cargo ficar vago, aprovado pelo congresso nacional na semana retrasada,
é outro indício.
Para enfrentar uma ampla mobilização como a que
almejamos, vão precisar de um marco legal do qual não dispõem. Por
enquanto, estão agindo para além dos procedimentos que a lei define. Mas
corre no congresso um projeto de lei anti-terrorista, que seria parte
de um novo marco legal para tratar das lutas sociais.
A
constituição de 1988, mesmo sem ter sido aplicada, incomoda aos planos
do capital. No programa do PSD, que representa os interesses do grande
agronegócio, do grande negócio imobiliário e da burguesia comercial
paulista, está a reforma da constituição. Por enquanto, agiram sobre o
novo código florestal, com as regras para a demarcação das terras
indígenas e com o código da mineração.
Depois de um par de semanas, o governo “acordou”
Se
o governo nacional continuasse paralisado, como aconteceu nos primeiros
dias, provavelmente haveria alguma quebra institucional. Mas a
presidência terminou propondo os pactos. Mas para quem propõe esses
pactos? Será que está realmente dialogando com as manifestações? Ou
propõe acordo para os seus aliados? A reforma política, por exemplo, que
está no centro das iniciativas do governo, só poderá ser aproveitada
pelo próprio PT, e não pela auto-organização das classes trabalhadoras.
Como acreditar, mais uma vez, no PT, como representante dos interesses
da nossa classe, se nos pactos nem sequer o compromisso com a reforma
agrária aparece?
Ôoooooo, ô, ô, ô, luta e organização
É
preciso colocar a experiência de luta cuja continuidade foi quebrada a
serviço das necessidades da hora. Trabalho de base: é a tarefa do
momento, para por a dinâmica de articulação entre os novos setores, a
nova configuração das classes trabalhadoras e os seus aliados
estratégicos. Articular as lutas das periferias, das mães das periferias
que dão solidez e sustentam a continuidade da vida, dos povos
indígenas, ribeirinhos, camponeses, dos estudantes com as dos
assalariados do campo e das cidades. A pauta é a pauta das lutas.
Fonte Brasil de Fato
Fonte Brasil de Fato
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