terça-feira, 5 de novembro de 2013

Marighella ganha homenagem no local onde foi assassinado há 44 anos


“Nesta data e neste local, onde há 44 anos Marighella foi assassinado, nós homenageamos todos os combatentes que participaram da luta contra a ditadura militar”. 



De acordo com a versão oficial, Marighella foi morto em um tiroteio entre agentes policiais do Dops de São Paulo e membros da ALN, organização que liderava


Flávia Albuquerque

A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva e a viúva de Carlos Marighella, Clara Charf, fizeram hoje (4) um ato na Alameda Casa Branca, na região da Avenida Paulista, para lembrar a data do assassinato do militante, ocorrido nessa rua há 44 anos, durante uma emboscada da polícia. De acordo com a versão oficial, Marighella foi morto em um tiroteio entre agentes policiais do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo e membros da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização que liderava.

De acordo com Clara Charf, o importante da homenagem é marcar uma posição perante a história, porque muitas pessoas não sabem que Marighella foi morto naquela rua, em 4 de novembro de 1969. “Ele veio se encontrar com os padres [frades dominicanos que simpatizavam com a causa] porque queria que ajudassem a tirar os perseguidos políticos do país pela fronteira. A polícia montou todo um esquema e transformou essa rua em um horror. Ele entrou de peito aberto como sempre, sem saber que aquilo tudo o que havia na rua era apenas um cenário”.

Clara Charf assinalou ainda que há uma coisa nova no cenário político brasileiro, com o surgimento de novos movimentos políticos que estão levantando bandeiras e chamando a atenção para as injustiças da sociedade. “Ninguém pode ficar de braços cruzados achando que vivemos em uma democracia e que está tudo no bem-bom. Não é nada disso, existe um regime, claro que comparando hoje com a democracia que nós conquistamos com o que era no passado, está muito diferente, mas as bandeiras continuam de pé, apesar de se ter conquistado muito”.

O presidente da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva, Adriano Diogo, ressaltou que Marighella foi um grande vulto da história que pode ser comparado a personalidades da humanidade que influenciaram a sociedade. “No Brasil, se Marighella não tivesse sido morto, teria a importância de diversos personagens que foram marco na história da civilização e organização dos povos”.

Para Adriano Diogo, atos como o de hoje tinham que ter mais mais participação. “Todos os jovens que se beneficiaram da luta pela democracia deviam reconhecer a biografia de Marighella. Nós fizemos um ato singelo em frente a um monumento quase abandonado e quais desses jovens vultos que sucederam Marighella estava aqui hoje? Nenhum. Nem municipal, estadual ou federal”.

Membro do Comitê Paulista pela Verdade e Justiça e do Fórum de Ex-Presos Políticos e Perseguidos do Estado de São Paulo, Clóvis de Castro destacou que a homenagem ao militante é justa porque é importante lembrar sempre das pessoas que lutaram pela democracia. “Nesta data e neste local, onde há 44 anos Marighella foi assassinado, nós homenageamos todos os combatentes que participaram da luta contra a ditadura militar”.

Gregório Gomes da Silva, filho de Virgílio Gomes da Silva, desaparecido durante a ditadura, disse que o dia 4 de novembro está se tornando um marco nas homenagens à resistência da juventude nas décadas de 60 e 70, durante a ditadura, e à retomada da democracia do Brasil. “No contexto em que está a sociedade atualmente, esta data também se torna um marco de reencontro e reforço dos compromissos que eles firmaram no passado e nós reassumimos agora”.

Laura Petit da Silva, irmã de três desaparecidos, e representante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, disse que homenagens como a feita hoje servem para manter viva a memória de pessoas consideradas heróis na luta pela democracia. “Não só [preservar] a memória, mas buscar a verdade e a justiça. Marighella serve como exemplo para as novas gerações, para que esses fatos nunca mais ocorram”. 

Foto: ABr 

Fonte Brasil de Fato

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UM FILME PARA LEMBRARMOS A MORTE DE MARIGHELLA: "BATISMO DE SANGUE"



filme que lhes convido para assistir no blogue, neste 4 de novembro de 2013, é Batismo de sangue (d. Helvécio Ratton, 2006), dramatização do livro homônimo do Frei Betto, sobre a participação dos dominicanos na luta armada brasileira, como aliados da ALN.  



A escolha de ocasião, claro, se deve ao funesto episódio ocorrido há exatamente 44 anos, quando o comandante Carlos Marighella foi executado pela repressão ditatorial. É um acontecimento destacado no livro e no filme, como a maioria de vocês sabe. 



Foi o torturador Sérgio Paranhos Fleury, xodó do cartola José Maria Marin, quem armou a emboscada. Por paúra ou inépcia, nem sequer levou em conta a possibilidade de o fogo cruzado atingir algum de seus tocaieiros. Foi o que ocorreu, matando uma investigadora  (também levou a pior um motorista que trafegava pela alameda Casa Branca).



O  companheiro Menezes  fez jus à melhor das biografias sobre líderes guerrilheiros dos anos de chumbo no Brasil: Marighella - o guerrilheiro que incendiou o mundo (Companhia das Letras, 2012), que pode ser baixada gratuitamente aqui). Mário Magalhães, por sinal, desmontou a versão de que o velho revolucionário teria tentado sacar sua arma de uma bolsa; a saraivada de balas recebida não lhe permitiu esboçar a mínima reação.

Como não conheci o Marighella pessoalmente nem tenho como apurar a veracidade do muito que ouvi a seu respeito (suponho que houvesse muitos exageros, no bom e no mau sentido), prefiro reproduzir as palavras que camaradas mais próximos lhe dedicaram, no 40º aniversário de sua morte:

"Revolucionário destemido, morreu lutando pela democracia, pela soberania nacional e pela justiça social.

Da juventude rebelde, como estudante de Engenharia, em Salvador, às brutais torturas sofridas nos cárceres do Estado Novo; da militância partidária disciplinada, às poesias exaltando a liberdade; da firme intervenção parlamentar como deputado comunista na Constituinte de 1946, à convocação para a resistência armada, toda a sua vida esteve pautada por um compromisso inabalável com as lutas do nosso povo".

Além do Batismo de Fogo, que está na janelinha abaixo, há três documentários que os interessados poderão acessar no Youtube: o de Silvio Tendler, Marighella - retrato falado do guerrilheiro (clicar aqui); o de Isa Grinspum Ferraz, Marighella (aqui); e o Ato de fé - cristãos que enfrentaram a ditadura militar (aqui).

Por último, quero agradecer à equipe do blogue Marxismo 21, que coletou os links aproveitados aqui, além de parabenizá-la pelo ótimo trabalho que vem realizando. Sendo que, desta vez, a moçada extrapolou...



 
Fonte Náufrago da Utopia

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