terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Tá no “rolé” ou no “rolê”?


SAÍTO apresenta suas reflexões sobre o fenômeno dos rolezinhos. “Os governantes o tratam como algo passageiro e sem muita significação. Estão enganados, absolutamente enganados. A onda cresce e precisa ser tratada com seriedade. Não sei exatamente o que querem os adultos, mas os jovens de hoje, ao que parece, estão cobrando a conta, vindo à desforra como quem busca algo aceso no tempo, um tanto abstrato, não muito real, mas transformador.”


Gonçalo Antunes de Barros Neto, juiz de Direito em Cuiabá, Mato Grosso, conhecido pelos amigos como Saíto

 Fonte Pagina do Enock

Por GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO – SAÍTO

Continua chamando muita atenção os chamados “rolezinhos”. Uns ideologizam o movimento, teorizando-o como luta de classes, seria a periferia contestando o símbolo do capitalismo moderno, o “shopping” e sua clientela nada barata. Outros, o caminho da criminalização. E há os que preferem ridicularizá-lo como “bagunça”, “falta do que fazer”, e por aí vai.

Não sei exatamente o que querem os adultos, mas os jovens de hoje, ao que parece, estão cobrando a conta, vindo à desforra como quem busca algo aceso no tempo, um tanto abstrato, não muito real, mas transformador. É um círculo vicioso, primeiro foram ensinados a gostar de marca, de coisa “bacana”, tênis caro e bonés “chiques”. Roupas de “grife”. Aprenderam, e muito bem. Assimilaram como ode à felicidade. As sandálias que protegiam os pés do pedregulho já não servem ao propósito da própria criação. A ideia é outra. A axiologia substituiu o pragmatismo. Se não for da marca, da moda, do momento, nada feito. É tempo de por em prática os valores, a cultura recebida. E onde estão os promissores professores? Num lapso de memória, fecham as portas e se afastam da contabilidade, o débito assusta. A polícia lhes faz a defesa e saldará a despesa. Justin Bieber que os responda, preso por dirigir um carrão possante em alta velocidade. Tudo na maré. Vítima de si ou dos costumes? A História o absolverá, ou talvez a Sociologia, o que parece lógico.

Relendo um artigo do filósofo Olavo de Carvalho (ora, aquilo que chamam de direita também tem seus heróis) intitulado “O Imbecil Juvenil”, publicado no Jornal da Tarde em 1998, me fez crer na necessidade de se aprofundar na análise desses novos fenômenos sociais. Logo no primeiro parágrafo, a advertência: “desde cedo me impressionaram muito fundo, na conduta de meus companheiros de geração, o espírito de rebanho, o temor do isolamento, a subserviência à voz corrente, a ânsia de sentir-se iguais e aceitos pela maioria cínica e autoritária, a disposição de tudo ceder, de tudo prostituir em troca de uma vaguinha de neófito no grupo dos sujeitos bacanas”. E a seguir: “Muito diferente é a situação do jovem ante os da sua geração, que não têm para com ele as complacências do paternalismo. Longe de protegê-lo, essa massa barulhenta e cínica recebe o novato com desprezo e hostilidade que lhe mostram, desde logo, a necessidade de obedecer para não sucumbir. É dos companheiros de geração que ele obtém a primeira experiência de um confronto com o poder, sem a mediação daquela diferença de idade que dá direito a descontos e atenuações”.

Na semana passada alertávamos neste espaço para a busca da compreensão do fenômeno “rolezinhos”. Os governantes o tratam como algo passageiro e sem muita significação. Estão enganados, absolutamente enganados. A onda cresce e precisa ser tratada com seriedade. Só mudará de nome e prática. A intolerância e os confrontos logo aparecerão. Os “reaça” estão em alerta. Há inclusive princípios jurídicos em jogo, de um lado, a livre manifestação do pensamento e direito de ir e vir, e, de outro, os interesses privados, econômicos, todos do tabuleiro constitucional.

E assim caminha a humanidade. Vivendo e aprendendo na roda que sempre roda, na cultura que se devora, na consciência de agora. É por aí…

GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO – SAÍTO é Juiz de Direito e escreve aos domingos em A Gazeta 

e-mail: antunesdebarros@hotmail.com

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Grupo marca ato para lembrar morte dentro de shopping 
Em rede social, convocação aponta para ato em Cuiabá na sexta-feira (31)

 A execução de Reginaldo (detalhe) dentro do Goiabeiras será lembrada durante "rolezinho"


ERICKSEN VITAL
ESPECIAL PARA 
O MIDIANEWS


Os "rolezeiros" de Cuiabá programaram para a sexta-feira (31) um ato público para lembrar a morte do estudante e vendedor Reginaldo Donnan, ocorrida em agosto de 2009, dentro do Goiabeiras Shopping Center, na Avenida. Lavapés, no bairro Duque de Caxias, em Cuiabá.

A iniciativa é uma versão cuiabana das manifestações que começaram em São Paulo e se espalham por várias regiões do Brasil.

O "rolezinho" está sendo organizado por meio de um grupo no Facebook, intitulado "Rolêzin no Tchópe".

Até sexta-feira (24), quase 300 pessoas haviam confirmado a participação.

A manifestação é encarada como “um momento de conscientização contra o racismo e o preconceito social”, segundo consta na nota divulgada na rede social.

Os participantes prometem, no documento público, que o rolezinho será pacífico. “Iremos manifestar de maneira divertida”, diz trecho da nota.
 
Fonte Mídia News

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ROLEZIN Data: 31/01 Local: Shopping Goiabeiras Horario: 17h. Esse ato tem cunho de conscientização , e apoio aos rolezinhos de todo o país!

Há quem diga que hoje em dia não há segregação racial.

Que em um espaço - apesar de ser espaço aberto ao público - como um shopping center, as pessoas que ali frequentam estão em um espaço seguro e confortável.

...Que a maneira que você se veste diz respeito a teu caráter.

E querem fazer valer da meritocracia a todo custo...

E se você se revolta com a carga diária de preconceitos, desigualdade social, desrespeito para com o próximo, abuso policial, racismo, entre outras mazelas oriundas de uma política corrompida e ausência de conscientização em prol do bem comum, você é dito como pedante, vagabundo, ignorante, VÂNDALO.

...porque ser discriminado pela tua cor, trajes, pelo simples fato de estar vestido de maneira simples, ser espancado até a morte... bem, isso "foi muito triste, a justiça tem que ser feita, mas fazer uso desse caso, é apenas pretexto de vocês, jovens com mania-de- coitadismo-rebeldes-sem-causa", Claro.

Enquanto houver discurso/prática de discriminação, e situações como essas, que presenciamos no decorrer desse mês, em que jovens foram cruelmente hostilizados e presos por estarem apenas "dando um rolê", NÓS, iremos apoiar, lutar, e EXIGIR que coisas desse tipo não ocorram mais. Que SOMOS pessoas livres, que temos o nosso direito de ir e vir bem aonde quisermos, e que toda forma de hostilização a respeito de VOCÊ ser coibido em um espaço PÚBLICO a se retirar por não estar vestido "como uma pessoa de bem" entre outras desculpas esfarrapadas para justificar essas ações truculentas.

Você ainda tem dúvidas a respeito?

"Eu já trabalhei nos três shoppings de Cuiabá, e o que eu vi de discriminação e preconceito não está escrito, por exemplo se entra um negro o vendedor tem que seguir, ficar de olho ...existe até a regra da bolsa e do calçado que consiste em avaliar se são caros indicando que a pessoa tem dinheiro então vai comprar...já atendi muita gente simples que comprou muito, e muita gente rica que não comprou absolutamente nada, no entanto os vendedores, gerentes de loja etc., aprendem e ensinam a discriminar, separar as pessoas entre clientes e possíveis ladrões de uma forma silenciosa, ninguém fala isso abertamente, também nem é preciso, você sente no ar." diz J.S.S, 24 anos, Ex-funcionária de Shopping Center.

Esse ato tem cunho de conscientização , e apoio aos rolezinhos de todo o país!
 
 

ROLEZIN
Data: 31/01
Local: Shopping Goiabeiras
Horario: 17h

 

Fonte Rolêzin noTchópe (Cuiabá)

 

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