Enquanto houver opressão da mulher, haverá o Dia da Mulher. E por isso esse dia deveria ser um dia de luta contra essa opressão e de todas as outras formas de exploração.
Por Nildo Viana
Dia 8
de março, Dia da Mulher. As pessoas geralmente não se perguntam por qual
motivo existem determinadas datas comemorativas. Por qual motivo existe
um dia da mulher? E a mesma pergunta deveria ser feita sobre outras
datas, tanto as festivas quanto as demais. O Dia da Mulher, segundo
alguns, é uma homenagem às operárias tecelãs que morreram carbonizadas
em Nova York em 1857, como resultado da repressão à sua manifestação.
Porém,
este acontecimento histórico deixa de ser, para muitos, uma data
simbólica das lutas femininas e se transforma em apenas mais um dia
formal de comemoração, tal como o Dia da Árvore e o Dia do Índio. A
destruição das sociedades indígenas e o desmatamento, no entanto,
continuam, assim como a opressão das crianças e das mulheres continua,
apesar de existir “um dia” de homenagem a estes segmentos sociais.
No
entanto, o Dia da Mulher vai perdendo cada vez mais o seu significado
original e hoje vem sendo mercantilizado, como é o Dia da Criança, o
Natal, entre outros exemplos. O costume de dar flores começa a se
alastrar, bem como já criaram “cestas para o Dia da Mulher”.
O
Dia da Mulher é um dia no qual se faz discurso sobre o sexo feminino,
as feministas e os políticos fazem referência à sua luta e importância,
os meios de comunicação fazem reportagens e passam mensagens, o comércio
busca vender produtos voltados para esta data. Mas nada de substancial
muda na condição feminina.
Existe
o Dia da Mulher pela razão de que existe um problema da mulher, a
questão feminina, mesmo que este seja escamoteado. É a opressão da
mulher – e sua luta contra ela, como no caso das tecelãs
norte-americanas – que faz existir o Dia da Mulher. A opressão da mulher
se manifesta no cotidiano, no trabalho, na esfera doméstica, nos atos
de violência, nas condições de vida, na cultura, no mercado.
Mas
as mulheres não deveriam ter apenas um dia, e sim todos os dias, assim
como as crianças, os índios, bem como todos os explorados e oprimidos.
Enquanto houver opressão da mulher, haverá o Dia da Mulher. E por isso
esse dia deveria ser um dia de luta contra essa opressão e de todas as
outras formas de exploração. Esta luta sendo vencedora significaria o
fim da opressão e, por conseguinte, o fim do Dia da Mulher e assim todos
os dias seriam das mulheres – e dos homens – e não apenas um dia.
Fonte Informe e Crítica
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