A PF indiciou 33 investigados por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de cartel e crime licitatório. Nenhum desses indiciados é político. Só laranjas foram acusados. Meros funcionários, tanto das empresas corruptoras quanto das corrompidas.
Eduardo Guimarães
Enquanto céus e terras se movem para inventar pagamento de propina
com recibo, nas instâncias de investigação que julgam e condenam
políticos só quando são petistas, tucanos envolvidos em escândalo que em
tudo se assemelha ao da Petrobrás vão saindo à francesa, sob os
auspícios da PF e do STF.
Esse caso é uma bofetada no rosto da sociedade, sobretudo da sociedade-zumbi que povoa São Paulo, ainda que esta não se manque.
Na última quinta-feira (4), a Polícia Federal concluiu o inquérito
sobre o cartel de empresas fornecedoras de trens para o Metrô e para a
CPTM, esquema que operou em São Paulo entre 1998 e 2008 (dez anos
inteirinhos) sem que os então governadores Mario Covas, Geraldo Alckmin e
José Serra soubessem qualquer coisa.
Governante tucano tem direito de “não saber”, ao contrário de governante petista.
A PF indiciou 33 investigados por corrupção ativa e passiva, lavagem
de dinheiro, evasão de divisas, formação de cartel e crime licitatório.
Nenhum desses indiciados é político. Só laranjas foram acusados. Meros
funcionários, tanto das empresas corruptoras quanto das corrompidas.
Alguns deles ainda trabalham nas empresas estatais paulistas, inclusive.
O perfil de indiciados é muito parecido com o do escândalo da
Petrobrás. São servidores públicos, doleiros, empresários e executivos
de grandes empresas que participaram de esquema de divisão de contratos
com o Metrô de São Paulo e com a Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM).
As estatais “foram usadas, foram vítimas” do ajuste das empresas, diz a PF. Não são como a Petrobrás (SIC), que “sabia de tudo”…
O que difere em um esquema criminoso que teve início há 16 anos – e
que só começou a ser investigado em 2008 – para o caso Petrobrás é que,
de forma espantosa, essas empresas que corromperam funcionários públicos
das estatais Metrô e CPTM fizeram tudo isso sem envolver um mísero
político, segundo a PF.
José Serra, por exemplo, apesar de ter sido acusado por um
ex-executivo da Siemens, Nelson Marchetti, de ter orientado a
multinacional alemã a não entrar com ação na Justiça contestando a
contratação da espanhola CAF na licitação para compra de 384 carros da
CPTM, segundo a PF “não sabia” de nada.
Mas Serra não foi o único político investigado. Em outubro de 2013, a
PF tomou depoimentos de dois ex-diretores da Siemens, em uma delação
premiada igualzinha à do caso Petrobrás. Everton Rheinheimer, um dos
delatores, citou deputados do PSDB, do DEM e do PPS como beneficiários
de propinas do cartel.
Porém, alegando falta de indícios, o Supremo Tribunal Federal
arquivou os inquéritos contra o senador Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB,
e contra os deputados federais Arnaldo Jardim, do PPS, e Edson
Aparecido, do PSDB.
Contudo, o escândalo que seria um esquema dessa envergadura não
envolver um mísero político, tem chance (pequena) de não ocorrer. O
Supremo ainda analisa suspeitas contra os deputados Rodrigo Garcia, do
DEM, e José Anibal, do PSDB. Eles foram citados em delação premiada
feita pelo ex-diretor da Siemens Everton Reinheimer.
Dois ministros já votaram para acabar com essa coisa incômoda de
investigar demos e tucanos e decidiram-se pelo arquivamento da denúncia.
Outros dois posicionaram-se a favor da continuidade da investigação. O
julgamento, porém, foi interrompido por pedido de vista de um dos
ministros.
O recurso de “acompanhamento processual” do site do STF mostra quem
decidiu o que no STF após a escandalosa conclusão da PF, que age de
forma tão diferenciada quando os envolvidos em escândalos são do PSDB.
Confira, abaixo, o que diz o andamento do processo 3815 do Supremo.
Fonte Blog da Cidadania
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