quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

DUAS DÉCADAS DEPOIS: Considerado um dos deputados mais processados do Brasil, Riva se despede


Com mais de 20 anos de vida pública e acumulando mais de 110 procedimentos judiciais, José Riva participou de última sessão como deputado estadual. Ao se despedir anunciou que vai escrever um livro sobre sua trajetória política.




DUAS DÉCADAS DEPOIS 

Considerado um dos deputados mais processados do Brasil, Riva se despede 


WALMIR SANTANA
 
Considerado o deputado estadual com o maior número de processos no país, conforme levantamento do jornal O Estado de São Paulo, José Geraldo Riva (PSD), se despediu da vida pública na sessão noturna desta terça-feira (06), a última como deputado estadual. Durante 20 anos de mandato consecutivos, Riva acumula mais de 110 procedimentos judiciais.

Dentre todas as irregularidades, o parlamentar é acusado pelo desvio de R$ 2,9 milhões, por meio de falsos empréstimos bancários. O dinheiro teria sido movimentado por empresas do então “Comendador Arcanjo” (João Arcanjo Ribeiro, preso pela morte do jornalista Sávio Brandão), e também acusado, à época, de comandar uma organização criminosa com ramificações no Executivo e no Legislativo do Estado.

Com outro parlamentar, Riva teria movimentado entre os anos de 1998 e 2001, R$ 65 milhões das contas da Assembleia, que teriam parados em empresas de Arcanjo.

Poucos meses antes da “despedida oficial”, José Riva chegou a ser preso no dia 20 de maio de 2014. Ele é investigado pela Polícia Federal por suposto envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro, onde permaneceu por dois dias no presídio da Papuda, em Brasília.

Na mesma ocasião, foi preso o ex-secretário de Estado, Eder Moraes, acusado de ser o operador do esquema que movimentou mais de R$ 500 milhões em seis anos. A Operação ficou conhecida nacionalmente conhecida como “Ararath”.

Fechando o ciclo frente à presidência da Assembleia Legislativa, Riva sofreu um forte “golpe” da Justiça Eleitoral, em 2014. Por causa de condenações já sofridas, o Tribunal Regional Eleitoral (TER) não considerou Riva apto a concorrer ao cargo de governador de Mato Grosso. Ele recorreu, mas voltou a ser impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral. Pedro Taques (PDT) venceu as eleições.

Porém, o nome “Riva” continuará sendo lembrado em futuras ações e sessões da Assembleia Legislativa, isso porque a família conseguiu eleger uma herdeira, Janaína Riva, filha do parlamentar. Ela foi eleita com 48.171 votos, a segunda mais votada, e será a mais nova deputada da próxima legislatura, 25 anos, além de ser a única mulher.

Mesmo evitando a despedida, o parlamentar que já esteve à frente da presidência da Assembleia Legislativa em seis oportunidades, anunciou que vai escrever um livro sobre sua trajetória política.

Ao avaliar as duas décadas como parlamentar, Riva disse que errou, mas que também acertou. “Acho que mais acertei do que errei, em que pese os erros fiquem mais evidentes. Mas, com certeza, Mato Grosso teve grandes transformações nos últimos 20 anos e tenho orgulho de ter participado de muitas delas”.

“Costumo não me despedir de nada, tocar a vida do jeito mais simples possível, não sei se é o último dia [de sessão], pois podemos convocar a qualquer momento os parlamentares, tanto pela comissão representativa, como pela própria Mesa Diretora, mas sinto que o dever foi cumprido”, analisou Riva.

RECESSO

Os trabalhos em plenário dos deputados estaduais foram encerrados sem a necessidade da realização das duas sessões extraordinárias previstas para esta quarta-feira (07), em virtude do cumprimento de todas as votações agendadas para o período após o ano novo. Com isso, foi iniciado o recesso parlamentar. Os deputados que ficam de plantão são: Jota Barreto e João Malheiros, ambos do PR, Alexandre César (PT), Dilmar Dal Bosco (DEM), Luizinho Magalhães (PSD).

O parlamentar também anunciou que a posse dos deputados estaduais da 18ª legislatura, que acontece no dia 1º de fevereiro, às 9h, será no teatro do Cerrado – Zulmira Canavarros. O espaço tem capacidade para 774 pessoas.