"Oposição precisa de um projeto alternativo para o país que vá além da permanente tentativa de criminalização do Partido dos Trabalhadores”, diagnostica jornalista e analista político Mauro Santayanna.
‘OPOSIÇÃO PRECISA DE PROJETO, ALÉM DE ATACAR PT’
Jornalista Mauro
Santayanna, um dos mais experientes do País, elenca razões para a
necessidade da oposição em ter um “projeto alternativo para o país que
vá além da permanente criminalização do Partido dos Trabalhadores”, em
benefício de sua própria sobrevivência; ele lembra que é o PMDB, e não a
oposição, quem governaria o Brasil caso a presidente Dilma deixasse seu
cargo; diz que na “remotíssima” chance do impeachment, ele só atingiria
a presidente, e não o PT; “sempre sobra um estilhaço para quem joga
pedra nos outros e tem telhado de vidro”, acrescenta; e a bateria de
ataques, pelo exagero, pode levar a população a pensar em conspiração e
acabar levando o Planalto a se recuperar, argumenta
247 – Um dos mais experientes jornalistas
brasileiros, Mauro Santayanna relaciona, em um artigo sobre o atual
cenário político, as razões que comprovam a necessidade da oposição em
ter um “projeto alternativo para o país que vá além da permanente
criminalização do Partido dos Trabalhadores”, em benefício de sua
própria sobrevivência.
Ele ressalta que não seria a oposição quem governaria o País caso a
presidente Dilma Rousseff deixasse seu cargo, mas sim o PMDB. Santayanna
afirma ainda que uma “remotíssima” chance de aprovação de impeachment
prejudicaria especificamente a presidente, e não seu partido, o PT.
Entre os motivos para que a oposição pense em um projeto além dos
ataques ao governo, ele cita que “sempre sobra um estilhaço para quem
joga pedra nos outros e tem telhado de vidro”. Além de que a bateria de
ataques, pelo exagero, poderia levar a população a pensar em conspiração
e acabar levando o Planalto a se recuperar.
Leia abaixo a íntegra de seu artigo:
DE CONFISCOS E DE IMPEACHMENTS
POR MAURO SANTAYANNA
Anteontem, cerca de 200 pessoas se reuniram na Avenida Paulista, para
pedir uma “intervenção” militar, com a derrubada do governo. No Whats
Up convocam-se brasileiros para saírem às ruas pelo impeachment da
Presidente da República; para que não se abasteça em postos da Petrobras
– as multinacionais penhoradamente agradecem – e alerta-se a população
para que retire seu dinheiro da CEF, porque o governo vai confiscar o
que estiver depositado nas contas de poupança da instituição, que teve
um crescimento de mais de 22% em sua carteira de crédito, 7 bilhões de
reais em lucro e uma inadimplência de apenas 2.56% em 2014.
É preciso lembrar que, caso Dilma saia, será o PMDB que continuará a
governar o país. O poder não será entregue aos anti-petistas mais
radicais ou aos militares como – dentro e fora da internet – defendem
alguns.
Seria o PMDB, e não a oposição, que conduziria uma eventual (cada vez
mais distante) reforma política. E ele provavelmente lançaria candidato
próprio daqui em 2018.
Além disso, na remotíssima possibilidade de que fosse aprovado o
impeachment da Presidente da República, ele só atingiria a a prória
Presidente, e não o PT, como partido.
Nesse caso, alguém acredita que Lula deixaria de se lançar
Presidente, contando com uma militância muitíssimo mais aguerrida pela
promulgação – para todos os que votaram em Dilma e no PT- do que seria
encarado como um golpe branco?
A oposição – principalmente a mais preparada – precisa, até mesmo em
benefício da democracia, e da sua própria sobrevivência política,
construir um projeto alternativo para o país que vá além da permanente
criminalização do Partido dos Trabalhadores.
Primeiro, porque – como se vê por escândalos de outras agremiações
políticas, incluído o da Petrobras – sempre sobra um estilhaço para quem
joga pedra nos outros e tem telhado de vidro.
Em segundo lugar, porque a bateria de ataques, constantes,
repetitivos, contundentes, que está ocorrendo, a cada dia, a cada hora,
sem descanso, pode, pelo exagero, acabar levando a maioria da população a
identificar, neles, apenas mais uma espécie de conspiração contra o
governo, fazendo com que a popularidade do Palácio do Planalto termine
por se recuperar, mais tarde, como ocorreu em outras ocasiões em que a
destruição do PT era tida como certa, como nas manifestações de 2013, e
no massacre institucional do “mensalão”.
E, finalmente, porque se enganam aqueles que acham que a direita vai reservar lugar, no seu bonde, para eles.
A direita é, por natureza, radical, impiedosa e excludente.
Quando ela – ou melhor, o seu extremo – se organizar
institucionalmente, seu discurso será claramente fascista, inequívoco, e
antidemocrático, o que poderá dificultar certas alianças.
E ela terá seu próprio projeto, partido e candidato –
convenientemente engordados pelo discurso anticomunista e
“anti-bolivariano” de agora – para entrar na disputa.
Fonte pagina do Enock
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