segunda-feira, 29 de junho de 2015

EM QUE ACREDITO


Acredito na Paz Universal erigida nos cérebros humanos! Nas sociedades sem chefes, nem líderes, sem autoridades irracionais e leis coatoras; nas idéias nobres, na bondade e no apoio mútuo! Na educação para a solidariedade e para a igualdade em vez do ensino para disputar o espaço vital de cada um, em nome de hierarquias, às custas d sacrifício e da miséria dos nossos semelhantes! 



EM QUE ACREDITO

Por Edgar Rodrigues*

Sempre que me declaro descrente do bem-estar social e humano prometido pela Igreja e pelos políticos, das soluções do Estado autoritário e/ou liberal: monarquista, bolchevista, republicano, "socialista", democrático e ditatorial, apresenta-se incontinenti a pergunta em quê acredito.

Minha descrença no governo do homem sobre o homem começou na escola primária. Durante as aulas, ouvi definições em torno do céu, do inferno e da desigualdade social explicadas aos alunos pelo professor (desculpe professor, se ainda vive, por não me lembrar do seu sobrenome, se é que algum dia cheguei a saber); em casa pelo meu pai, pelo meu primo Armindo, por Júlio Gonçalves e outros cidadãos que conheci ainda criança.

Na escola assimilei os ensinamentos teóricos do professor, corroborados no lar, robustecidos pelo estudo livre, continuado, cimentando as bases ao longo de anos, removendo vulnerabilidade, firmando a convicção diante das disputas diárias pela sobrevivência, nas ruas, nos locais de trabalho, nas aldeias e nas cidades!

Hoje - recordando o tempo percorrido faço a minha profissão de fé:

Acredito na Natureza que nos deu Vida, a Terra, a Água, o Sol, a Luz, o Oxigênio que respiramos; as riquezas minerais, vegetais e animais, sem nos pedir nada em troca. Na Terra, sem divisas e/ou fronteiras! Na inteligência dos homens que depois de longa ginástica mental descobriram o ferro e dele fizeram as ferramentas, as máquinas, construíram estradas e pontes, os caminhos de ferro, as locomotivas, os navios e os aviões; arquitetaram viadutos e represas, inventaram os pára-raios e milhares de objetos utilíssimos à Humanidade!

Acredito no artesanato que nos permite movimentar os braços e o cérebro; na energia solar, elétrica, eletrônica, no vapor, na tecnologia, na indústria com sua produção em grande escala. No gás, na força das águas, nas sementes que o vento espalha e distribui caprichosamente fazendo-as brotar nos lugares mais inesperados: planícies, margens dos rios, beirais de telhados, dentro da água, nos pântanos, nos vales e baixadas úmidas, nas encostas das montanhas sobre rochas a desafiar a nossa curiosidade!

Acredito no frio do Inverno, no gelo da Groenlândia, no despontar da primavera exuberante e no florir esplendoroso das árvores que ao perder a beleza e o perfume se cobrem de frutos deliciosos; no clima tropical e no calor do verão! Nos insetos e nas aves que os combatem, na sua procriação livre e nos animais que já foram de grande utilidade no transporte, na lavoura e em nossos dias alimentam o homem de leite, carne e protegem-lhe os pés com suas peles!

Acredito na pedra, na areia, nos rios, nos mares, nos peixes que se acasalam livremente, reproduzindo-se aos milhões, correndo ou parando, sem preocupações com fronteiras artificiais e/ou alheias ao seu mundo!

Acredito na comunidade autogestionária das formigas, na solidariedade dentro do seu mundo e nas suas previsões administrativas! Na bela igualdade libertária das abelhas!!!

Acredito no corpo humano cujas células desempenham funções orgânicas sem chefes, nem autoridades e/ou governantes! São milhões de pequenos organismos que se autodirigem cumprindo cada um sua tarefa por longos anos, dia e noite, domingo e semana, trabalhando livremente sem se atropelar, em perfeita harmonia, constituindo uma máquina de precisão impressionante, executando funções cronometradas!!!

Acredito na Paz Universal erigida nos cérebros humanos! Nas sociedades sem chefes, nem líderes, sem autoridades irracionais e leis coatoras; nas idéias nobres, na bondade e no apoio mútuo! Na educação para a solidariedade e para a igualdade em vez do ensino para disputar o espaço vital de cada um, em nome de hierarquias, às custas d sacrifício e da miséria dos nossos semelhantes!

Acredito na liberdade patrimônio de todos e de cada um, no estudo persistente, na história de verdades provadas, retrato do passado, na filosofia, na psicologia, na ciência, na arte, no poder de criação do indivíduo, na educação libertária e no HUMANISMO! Abomino a mentira teórica e a prática anti-humana! Para mim um homem vale um homem!

Acredito na pregação pacifista, na sensibilidade dos indivíduos, na doutrinação acrata, na inutilidade do ódio, da inveja, do rancor, da vaidade e da ambição!

Acredito na conscientização do ser humano, na ordem com liberdade e sem governos (externa e interna, física e psíquica), com direitos, deveres e possibilidades iguais para todos! No exemplo dos animais, das aves, dos peixes e na força do trabalho associado e livre!

Acredito na capacidade do homem para produzir a derrocada da velha sociedade e reconstruir um Mundo Novo! Numa vida feliz, sem imposições políticas, religiosas e econômicas! Na comunidade de produtores e consumidores, formada no aproveitamento das riquezas naturais e advindas do trabalho coletivo, onde todos possam ser participantes e usufrutuários, elementos pensantes, capazes de gerir seus trabalhos, de governar-se sem líderes e realizar-se física, psíquica e culturalmente!

Acredito no progresso sem poluição das águas, dos rios, do ar e/ou sonora; sem a destruição indiscriminada das florestas nem desrespeito às nossas usinas de oxigênio puro! Na sem razão da violência e das guerras, na inutilidade das armas!!!

Acredito nas pessoas que os mandatários e seus deseducadores se encarregam de deformar para poder justificar a existência das autoridades irracionais, em prejuízo do homem, da Sociedade que só terá paz e felicidade quando os indivíduos forem capazes de se governar sozinhos ligados emocionalmente pelo coração e pelo cérebro! Quando a Felicidade de um dos seus componentes for a felicidade de todos!

Acredito na Solidariedade Humano! Acredito no Anarquismo!

Acredito em mim mesmo! Existo, ipso-facto sou gente, sou vida!!!


*Edgar Rodrigues: Pesquisador de história social, escritor e historiador autodidata, nascido no norte de Portugal em 1921, naturalizado brasileiro.

Filho de um militante anarco-sindicalista português do Sindicato da Construção Civil filiado à CGT, participou da luta contra a ditadura salazarista, tendo-se exilado no Brasil em 1951. No Rio de Janeiro relacionou-se com os velhos militantes anarquistas, entre os quais José Oiticica e Edgard Leuenroth, participando das atividades do movimento e colaborando regularmente na imprensa libertária. Seus primeiros livros: Na Inquisição de Salazar (Rio de Janeiro, 1957) e A Fome em Portugal (Rio de Janeiro, 1958) foram de denúncia da ditadura portuguesa, o que lhe valeu integerar a lista dos autores proibidos em Portugal, país onde só pode voltar após a derrubada do sistema autoritário em 1974.

Em 1969, foi um dos presos e indiciados durante a repressão desencadeada pela ditadura militar contra os anarquistas do Centro de Estudos José Oiticica do Rio de Janeiro.

A pedido de publicações libertárias do Uruguai, começou a pesquisar a história do movimento operário e das lutas sociais no Brasil, escrevendo dezenas de artigos e livros sobre o assunto. Seus livros Socialismo e Sindicalismo no Brasil (Rio de Janeiro: Laemmert, 1969); Nacionalismo e Cultura Social (Rio de Janeiro: Laemmert,1972); Novos Rumos (Rio de Janeiro: Mundo Livre, 1972) e Alvorada Operária (Rio de Janeiro: Mundo Livre, 1979) são uma das principais fontes documentais para a história do movimento operário e anarquista brasileiro. É também o autor de quatro volumes sobre a história do movimento operário e do anarquismo em Portugal. Seus trabalhos são um manancial de informação para os pesquisadores da história social do Brasil e de Portugal, podendo-se afirmar que foi um precursor do estudo do movimento operário no Brasil, como foi reconhecido por historiadores como Hélio Silva, Azis Simão e Foot Hardman. No entanto, tratando-se de um pesquisador não acadêmico, é freqüente sua obra ser utilizada por investigadores universitários que sequer o referênciam como fonte, numa demonstração cabal de honestidade acadêmica .

Nas suas atividades de pesquisa percorreu o Brasil recolhendo depoimentos de militantes e seus descendentes, coletando documentos de importantes militantes operários e ativistas anarquistas, constituindo um acervo único da história social brasileira entre 1890-1940.

Uma de suas últimas obras é Os Companheiros, em cinco volumes, que reúne biografias de militantes anarquistas e anarco-sindicalistas que desenvolveram sua atividade no Brasil é o único dicionário biográfico do movimento operário brasileiro escrito até hoje.

Em 1999 publicou pela Editora Insular [http://www.insular.com.br], de Florianópolis, o livro Universo Ácrata, em dois volumes, uma história do movimento libertário internacional.

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DEUS – SEGUNDO SPINOZA

Para pensar e refletir…

Einstein quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”.




DEUS – SEGUNDO SPINOZA



“Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. 

Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti. 

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. 

Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti. 

Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. 

Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer. 

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho… Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho? 

Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor. 

Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz… Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. 

Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? 

Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? 

Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? 

Que tipo de Deus pode fazer isso? 

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. 

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. 

A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia. 

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. 

Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas. 

Eu te fiz absolutamente livre. 

Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. 

Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. 

Vive como se não o houvesse. 

Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. 

Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. 

Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste… Do que mais gostaste? O que aprendeste? 

Pára de crer em mim – crer é supor, adivinhar, imaginar. 

Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. 

Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar. 

Pára de louvar-me! 

Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. 

Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. 

Te sentes olhado, surpreendido?… Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar. 

Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. 

A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. 

Para que precisas de mais milagres? 

Para que tantas explicações?

Não me procures fora! 

Não me acharás. 

Procura-me dentro… aí é que estou, batendo em ti. 

(Baruch Spinoza).


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DIA DA PACHAMAMA
(Autor desconhecido) 






"Abençoado seja o Filho da Luz que conhece sua Mãe Terra
Pois é ela a doadora da vida
Saibas que a sua Mãe Terra está em ti e tu estás Nela
Foi Ela quem te gerou e que te deu a vida
E te deu este corpo que um dia tu lhe devolverás

Saibas que o sangue que corre nas tuas veias
Nasceu do sangue da tua Mãe Terra
O sangue Dela cai das nuvens, jorra do ventre Dela
Borbulha nos riachos das montanhas
Flui abundantemente nos rios das planícies

Saibas que o ar que respiras nasce da respiração da tua Mãe Terra
O alento Dela é o azul celeste das alturas do céu
E os sussurros das folhas da floresta

Saibas que a dureza dos teus ossos foi criada dos ossos de tua Mãe Terra

Saibas que a maciez da tua carne nasceu da carne de tua Mãe Terra
A luz dos teus olhos, o alcance dos teus ouvidos
Nasceram das cores e dos sons da tua Mãe Terra
Que te rodeiam, feito as ondas do mar cercando o peixinho
Como o ar sustenta o pássaro

Em verdade te digo, tu és um com tua Mãe Terra
Ela está em ti e tu estás Nela
Dela tu nasceste, Nela tu vives e para Ela voltará novamente

Segue portanto as suas leis
Pois teu alento é o alento Dela
Teu sangue o sangue Dela
Teus ossos os ossos Dela
Tua carne a carne Dela
Teus olhos e teus ouvidos são Dela também

Aquele que encontra a paz na sua Mãe Terra
Não morrerá jamais
Conhece esta paz na tua mente
Deseja esta paz ao teu coração
Realiza esta paz com o teu corpo."

(Autor desconhecido)
 
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