Rodrigo Vianna e o atentado contra o Instituto Lula: Ódio das bombas foi precedido pelo ódio das palavras
Lula não está sozinho: não brinquem com a democracia.
por Rodrigo Vianna
Na história da humanidade foi sempre assim: o ódio das bombas é precedido pelo ódio das palavras.
O Instituto Lula, em São Paulo, acaba de ser atacado por uma bomba
caseira, lançada durante a noite. Percebam a gravidade da situação.
Imaginem um Instituto Clinton, ou Instituto Chirac, ou ainda o Instituto
FHC atacado de forma violenta. Um escândalo. Um ataque à democracia.
No entanto, é preciso colocar o guizo no gato: a bomba demente foi
precedida pelo ódio disseminado há anos e anos, por blogueiros,
colunistas e revistas que se transformaram em panfletos do ódio e da
mentira.
A polícia precisa dizer quem lançou a bomba no prédio, no bairro do
Ipiranga. Não sabemos a identidade do criminoso. Mas sabemos bem quem
disseminou o ódio que produziu o demente do Ipiranga. São as pessoas
sentadas atrás dos teclados, em redações, bem pagas para propagar um
clima de confronto e de extermínio de toda uma comunidade política.
Você não precisa gostar do Lula e do PT para entender que algo está
errado. Estamos em meio a uma escalada autoritária. Que pode virar, sim,
um surto fascista.
O demente que lançou a bomba contra o Instituto Lula foi precedido
por colunistas, blogueiros e pelo bando de dementes que – nas redes e
nas ruas – espalham o ódio, tratam os adversários como “facção
criminosa” e alinham-se com o que o mundo produziu de pior no século XX:
o fascismo.
Nas manifestações de março de 2015, alguns jovens kataguris chegaram a
pedir abertamente que o PT seja cassado, proscrito, proibido. Claro, a
lógica é essa: se do outro lado estamos lidando com “uma quadrilha”
(como dizem parlamentares tucanos, como o tresloucado Carlos Sampaio),
não é mais preciso disputar politicamente. A lógica é destruir o
adversário, apagá-lo, exterminá-lo.
O ataque ao Instituto Lula é terrível. Mas deve servir para trazer os
tucanos e conservadores mais lúcidos á razão. É preciso frear essa
escalada que os serras ajudaram a criar, insuflando blogueiros e
jornalistas de longa carreira a disseminar o ódio nas redes sociais.
Pronto, chegamos até aqui. O ódio deu as caras definitivamente.
É preciso dizer: os democratas, a turma da esquerda, dos sindicatos,
universidades e organizações populares não vai assistir a isso
impassível. Se insistirem na tática do ódio, vai sobrar pra todo mundo.
É preciso isolar a direita fanática, é preciso trazer os centristas para o combate em defesa da democracia.
Colunistas e blogueiros dementes, ligados à revista da marginal e a
organizações de comunicação que floresceram na ditadura, produziram
gente suficientemente demente para lançar bombas de madrugada.
Chegamos até aqui. Agora está na hora de traçar uma linha no chão.
Quem está do lado de cá vai se defender. Prioritariamente, com
palavras, com argumentos e política. Mas, se preciso, também com atos e
capacidade de luta.
Não brinquem com a democracia no Brasil!
Fonte O Escrevinhador
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