Há um detalhe curioso para um devoto apaixonado do Altíssimo, como Cunha. A Assembleia de Deus teria intermediado o recebimento de pelo menos 500 mil reais em propina em 2012, segundo a PGR.
Ele na Assembleia de Deus: 125 mil reais em “doações”, segundo a denúncia
Enfim o o procurador Rodrigo Janot denunciou Eduardo Cunha no STF pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Há um detalhe curioso para um devoto apaixonado do Altíssimo, como
Cunha. A Assembleia de Deus teria intermediado o recebimento de pelo
menos 500 mil reais em propina em 2012, segundo a PGR.
“Fernando Soares, por orientação do Deputado Federal Eduardo Cunha,
indicou a Júlio Camargo que deveria realizar o pagamento desses valores à
Igreja Evangélica Assembleia de Deus. Segundo Fernando Soares, pessoas
dessa igreja iriam entrar em contato com o declarante”, afirma a
denúncia.
A quantia foi repassada a uma filial em Campinas, interior de SP. O
chefe, ali, é um pastor chamado Samuel Ferreira, que responde ao irmão, o
presidente da Assembleia de Deus Madureira no Rio, Abner Ferreira.
Abner é próximo de Cunha. Foi lá, no bairro carioca, que Cunha
comemorou a vitória como deputado, em fevereiro. Em sua campanha,
recebeu o apoio maciço das maiores lideranças evangélicas, incluindo o
picareta Silas Malafaia, que agora renega EC como Pedro a JC.
“O Satanás teve que recolher cada uma das ferramentas preparadas
contra nós. Nosso irmão em Cristo é o terceiro homem mais importante da
República”, disse um extático Abner Ferreira na Câmara.
Em maio de 2014, Abner participou de um certo Congresso dos Gideões
Missionários da Última Hora (não é nome de uma banda de heavy metal), em
Santa Catarina.
Ali, Abner pôs-se a criticar, veja só, os candidatos que, em anos de
pleito, tentam comprar líderes religiosos. “Em alguns lugares que nós
vamos por ai políticos falam na nossa cara: aquele pastor, daquele lugar
lá, eu compro ele no cobre”, disse no púlpito.
“É isso que muitas autoridades precisam entender: a igreja não está à
venda. O nosso ministério não está à venda”, discursou. “Aqui não se
vende milagre, nem prodígio e nem maravilha. Homem de Deus não aceita
dinheiro sujo”.
Continuou sua peroração: “Essa época eleitoral é uma das piores
épocas para a igreja. O que tem de gente se prostituindo espiritualmente
por aí é uma coisa de louco. É uma vergonha!”
Pois é. Como se trata de um servo do Senhor, Abner certamente está,
neste momento, refletindo sobre a grana entregue pelo amigo Eduardo
Cunha. Jesus o iluminará no sentido de dar, no mínimo, uma explicação.
Seu rebanho merece conhecer a verdade. Abner, provavelmente, não sabia
de nada.
Não que haja algo necessariamente errado na transação. De jeito
nenhum. Sempre se pode contar com a possibilidade de que se tratava
apenas do dízimo generoso do querido irmão Eduardo ou da vontade do
Espírito Santo.
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