“A luta contra Cunha é a luta pela garantia de direitos e pelas liberdades individuais. E também para passar a política a limpo, já que ele representa o que há de pior, com uma série de denúncias graves, como propinas, contas com milhões no exterior e compra de deputados.”
Ato da Frente Brasil Popular marcha em Brasília contra retrocesso e em defesa da democracia
Aos gritos de “não vai ter golpe”, um grupo com cerca de 10 mil pessoas
promove um ato em frente ao Congresso Nacional. Pela manhã, diante da
Biblioteca Nacional, a Frente Brasil Popular, composta por movimentos
como a CUT, MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), UBEs
(União Brasileira de Estudantes Secundaristas), entre outros, se reuniu
para defender a Petrobrás, repudiar as tentativas de golpe e enfrentar
os retrocessos personificados na figura de Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
presidente da Câmara.
O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, comentou as motivações do
ato. “Essa manifestação é pela democracia, que está correndo risco. Uma
série de ações golpistas, que vem daqueles que não aceitam o resultado
da eleição da presidenta da República e que construíram uma crise
política, que gera uma crise econômica, porque o País está parando, e os
prejudicados são os trabalhadores”, afirmou o dirigente, que criticou o
ministro da Fazenda. “O ajuste fiscal travou o mundo e não queremos que
trave o Brasil. Achamos, também, que o Sr. [Joaquim] Levy já deu o que
tinha que dar, devia pegar o boné, ir pra casa e parar de atrapalhar o
Brasil”, finalizou.
Representante do Levante Popular da Juventude, Thiago Ferreira, seguiu a
mesma linha discursiva do presidente da CUT. “A luta contra Cunha é a
luta pela garantia de direitos e pelas liberdades individuais. E também
para passar a política a limpo, já que ele representa o que há de pior,
com uma série de denúncias graves, como propinas, contas com milhões no
exterior e compra de deputados.”
Wilma Rodrigues, da Marcha Mundial de Mulheres, lembrou do PL (Projeto
de Lei) 5069, que atrela a realização do aborto à comprovação da
violência via exame de corpo de delito e que tem sido alvo de empenho
pessoal de Eduardo Cunha. “Hoje vivemos retrocesso, não só Câmara, mas
também no Executivo, com o fim da SPM (Secretaria de Políticas para as
Mulheres), o fim da Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção de
Igualdade Racial) e uma política econômica que atinge principalmente as
mulheres, ainda principais responsáveis pelos cuidados com o lar”,
protestou a militante.
Diante de um cenário de criminalização dos movimentos sindical e
sociais, o diretor da FUP (Federação Única dos Petroleiros), João
Moraes, apontou que a manifestação é também uma defesa da resistência de
trabalhadores em greve.
“Os movimentos presentes aqui neste ato estão também solidários à
greve. Fizemos um ato nesta manhã no Ministério de Minas e Energia, que é
responsável pela Petrobrás. Uma greve que quer debater a revisão do
Plano de Negócios da Petrobrás, que cortou R$ 500 bilhões até 2020 e
prevê a venda de ativos, empresas, navios na ordem de R$ 200 bilhões.
Isso significa melhorar o Brasil numa crise, porque hoje o petróleo
representa 13% do PIB”, explicou o petroleiro.
Membro da coordenação nacional da CMP (Central dos Movimentos
Populares), Eduardo Cardoso, ressaltou que os ataques à Petrobrás tem
por trás a soberania nacional. “A empresa pode trazer muitos recursos
para educação, moradia e saúde, garantindo direitos sociais que os
brasileiros precisam.”
Para o presidente da Unegro (União de Negros pela Igualdade), Edson
França, as ações de Cunha levam o Brasil de volta à Idade Média. Segundo
ele, na próximas semana, em que atos por todo o país celebrarão a
semanada da consciência negra, a defesa da democracia também será pauta.
“Vamos com o mesmo chamado, pela democracia e contra o racismo. É
fundamental que a pauta do movimento social esteja também na agenda do
movimento negro.”
Pelo MST, Antônio Pereira, o Toninho, lembrou que a manifestação também
trazia a solidariedade às famílias de Mariana, em Minas Gerais, e para
fazer a reforma agrária avançar. “Sabemos que o governo está lento nesse
processo e vamos cobrar que cumpra a promessa de dar terra às 120 mil
famílias assentadas. Mas também sabemos que a responsabilidade não é só
dele, é também do Congresso. Nossas conquistas foram sempre na luta e
não será diferente agora”, pontuou.
Presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Carina Vitral,
apontou que a juventude que ocupa escolas e defende a educação não vai
às manifestações golpistas. “Queremos dizer que a juventude não vai nas
passeatas da direita, porque não se sente representada. Sabe que essa
direita quer tomar o poder para garantir os interesses de
privilegiados”, falou, ao som de gritos dos manifestantes que pediam o
fim da polícia militar.
Fonte Frente Brasil Popular
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