sábado, 30 de janeiro de 2016

O “Escândalo do Barco” é o episódio mais ridículo da história da mídia.


Os jornais já tinham perdido o pudor em relação ao jornalismo tão desiquilibrado e parcial que praticam. Agora perderam também o senso do ridículo.
 
Há uma cena particularmente engraçada no filme Butch Cassidy. No final, Butch e seu companheiro Sundance Kid estão encurralados num canto na Bolívia.

A polícia local pede reforços para o exército nacional. Vão chegando soldados às dezenas, centenas.

O comandante da tropa pergunta num certo momento ao chefe da polícia. “Quantos são?”
A resposta vem seca: “Dois.”

O comandante faz uma careta de espanto. Imaginava um número considerável de bandidos.
“Dois???”

“Dois.”

Lembrei desta cena com o episódio do barco de Lula.

Imagino dois leitores da Folha, que deu o furo como se fosse um novo Watergate, num diálogo assim.

Leitor 1: “Viu essa? Descobriram um barco do Molusco. Pegaram até a nota fiscal. Não tem como negar e dizer que não é dele.”

Leitor 2: “Esse Molusco tinha mesmo que se ferrar. Nove Dedos. Brahma. Deve custar uma fortuna o barco.”

O Leitor 2 mentaliza um iate igual ao de Roman Abramovic, o dono do Chelsea. O nome é Eclypse, e é conhecido como o Iate de 1,5 bilhão de dólares.

Leitor 2: “Quanto custa o barco do Brahma?”

O Leitor 1 mostra quatro dedos.

Leitor 2: “4 milhões de dólares?”

Ele ficou até decepcionado. Que são 4 milhões de dólares diante de 1,5 bilhão?

Leitor 1: “Não. 4 mil reais.”

Leitor 2: “O que??? 4 mil reais???”

Ele estaria menos inconformado se o preço fosse pelo menos em dólar. Numa rápida conta, ele percebeu que poderia comprar uma frota de barcos como os do Brahma.

Leitor 2: “Você tem certeza de que não errou? Não são 4 milhões de dólares? Dá uma conferida no site da Folha.”

O Leitor 1 começa a desconfiar da sua informação. Pensa que deve ter visto errado. O Moro não faria estardalhaço por uma ninharia. Começa a se condenar por passar adiante uma quantia sem sentido. Seu interlocutor vai achar que ele é uma besta, um cara capaz de falar num homem de 8 metros. Pega seu celular e vai checar.

4 mil reais.

Leitor 1: “Tou com um problema de conexão. Não tá dando pra checar. O importante, aliás, não é o preço. É o barco em si. Molusco ladrão!”

E assim se despedem os dois leitores da Folha, rumo ao planeta paralelo em que vivem sob o noticiário do jornal.

Penso neles e penso na mídia.

Os jornais já tinham perdido o pudor em relação ao jornalismo tão desiquilibrado e parcial que praticam.

Agora perderam também o senso do ridículo.

Em minha carreira de 35 anos, vi muitas coisas cômicas, ou tragicômicas, em jornais e revistas. Estava na Veja, por exemplo, quando saiu o “Boimate”, a combinação de boi com tomate, piada de uma publicação científica americana que a revista levou a sério.

Vi a Folha publicar, depois de uma decisão de Fórmula 1 no horário brasileiro da madrugada, um texto com a vitória de Senna e outro com a vitória de Prost, tudo isso numa só página para o leitor ler como lhe conviesse.

Mas nada, rigorosamente nada, se compara em estupidez à tentativa de transformar um barquinho mixuruca num escândalo nacional.

Fonte Diário do Centro do Mundo

Saiba mais:


O barco que está sendo tratado como iate.





Agora sim surgiu uma prova irrefutável. A de quanto os membros da justiça brasileira, com a ajuda da grande imprensa familiar, além dos idiotas úteis, é claro, estão desesperados para criar um único fato que seja que possibilite, mesmo que supostamente, a incriminação do ex-presidente Lula, de sua família, do PT e de quem mais for necessário para viabilizar uma candidatura PSDBista com mínimas chances em 2018.

A “bala de prata” da vez (já se foram muitas outras) é a “descoberta” de uma nota fiscal da compra de uma canoa em nome de dona Marisa por inacreditáveis R$ 4.126,00. 

Esse é o valor de um simples jantar despretensioso que um Fernando Henrique Cardoso poderia pagar numa noite qualquer para tentar esquecer o melancólico lugar de desprezo e esquecimento que atualmente habita.

Mas isso não vem ao caso. Trata-se enfim de dar cabo a uma caçada inglória que já dura mais de duas décadas contra Lula cujos resultados não foram outros senão a sua ascensão ao patamar histórico de maior líder popular desse país.

É um verdadeiro vale-tudo. E na falta de elementos mais sólidos e consistentes que deem sustentação às suas acusações, querem fazer crer que o fato mais do que conhecido de que a família Silva freqüentava o sítio em Atibaia aliado com a compra de uma canoa desprezível se configure como um dos maiores crimes de corrupção do país. Muita paciência.

O problema na verdade é que, quanto mais os paladinos da justiça investigam, mais evidentes ficam as mentiras e suposições que são jogadas aos quatro cantos para interferir e manipular a opinião pública.

Tudo que descobriram de fato até agora é que o triplex, que poderia muito bem ser do ex-presidente, simplesmente não lhe pertence e que o luxuoso iate de milhões de reais que o “genial” Wanderlei Silva afirmou ser da família de Lula não passa de uma canoa mequetrefe que qualquer cidadão comum poderia adquirir.

Que pessoas mal intencionadas como o próprio Wanderlei se utilizem de mentiras e factóides para ludibriar mentes menos preparadas é até compreensível, faz parte da natureza dessa gente. 

Mas que isso seja um expediente utilizado por membros da Polícia Federal, do Ministério Público, da Justiça Federal e da grande imprensa nacional, esse sim é um verdadeiro caso de polícia.

Enquanto isso, os bilionários desvios dos magnatas envolvidos na operação Zelotes, sumidades como Eduardo Cunha e seus milhões na Suíça e os comprovados 30% desviados regularmente da merenda de crianças pelo governo de Geraldo Alckmin são sistematicamente esquecidos.

Ao que tudo indica, o que estamos presenciando nesse exato momento no Brasil nada mais é do que uma das maiores ofensivas já vistas nesse país contra o Estado Democrático de Direito e contra o verdadeiro combate à corrupção.

E o mais estarrecedor é que tudo isso está partindo justamente das instituições que deveriam assegurar o fiel cumprimento da Constituição.

Fonte Diário do Centro do Mundo


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