Desde os anos 90, os bingos e cassinos se tornaram a maior fonte de
corrupção política e de doença social do país, especialmente depois do
advento dos jogos eletrônicos. Os bingos trazem, consigo, a corrupção policial, a lavagem de dinheiro e, muitas vezes, o tráfico de drogas.
Luis Nassif
A aprovação pela Comissão Especial de Desenvolvimento Nacional do
projeto de lei que libera a exploração e a regulamentação dos jogos de
azar é um marco na decadência política e moral do Congresso.
O autor é o senador Blairo Maggi (PR-MT). Nenhuma surpresa quanto ao
seu encanto pelo jogo. No dia em que se levantar a trajetória do famoso
comendador Arcanjo – que dominou o jogo no centro-oeste – se chegará a
muitas fortunas construídas na região, especialmente entre grandes
produtores de soja.
Um dos grandes investimentos do comendador era se associar a grandes sojicultores.
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Desde os anos 90, os bingos e cassinos se tornaram a maior fonte de
corrupção política e de doença social do país, especialmente depois do
advento dos jogos eletrônicos.
Os bingos trazem, consigo, a corrupção policial, a lavagem de dinheiro e, muitas vezes, o tráfico de drogas.
Foi a disputa pelos jogos que provocou os maiores abalos políticos em
sucessivos governos, desde que, na gestão Itamar Franco, a Caixa
Econômica Federal abriu espaço para uma guerra mundial de máfias, a
norte-americana de Las Vegas por trás da Gtech, a espanhola tentando
entrar por Goiás, e o advento de Carlinhos Cahoeira e seus amplos
esquemas de corrupção que, depois, derivaram do jogo para as licitações
públicas.
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Não há justificativa para o PL de Maggi. Em algum momento da
história, abriu-se espaço para o esquentamento desse dinheiro da
contravenção, mas sempre envolto em operações nebulosas. Foi assim com o
advento dos remédios genéricos, em ações patrocinadas pelo então
Ministro José Serra, que acabaram permitindo até a Cachoeira montar seu
laboratório.
Foi assim também na expansão do agronegócio do centro-oeste.
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Eram movimentos que repetiam, de algum modo, o que o governo
norte-americano fez com Las Vegas, permitindo à máfia esquentar dinheiro
em uma atividade legal.
Permitir que a contravenção se fortaleça, no entanto, é uma temeridade que só beneficia os autores dessa loucura.
Na Itália, após a Mãos Limpas, a máfia italiana se fortaleceu de
maneira inédita, dominando hoje em dia setores de saúde e outros. Não se
trata simplesmente de investir na economia formal e abandonar a
contravenção. Trata-se de ganhar musculatura para poder atuar de forma
mais eficiente na contravenção.
O mesmo ocorrerá por aqui.
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Sem o dinheiro da contravenção, a atual Câmara dos Deputados logrou
eleger a bancada de Eduardo Cunha, atuando de uma forma que o Ministério
Público Federal enquadrou como organização criminosa.
O que acontecerá, agora, com o rio de dinheiro que irá para os bolsos
das quadrilhas que, desde sempre, dominam o bingo e outras formas de
contravenção?
No passado, a dobradinha entre bingo e policiais corruptos permitiu
inclusive a eleição de deputados, bancados por delegacias associadas à
contravenção.
Com a liberação do jogo, a influência das organizações criminosas se espraiará por todo o universo político.
Fonte GGN
Blairo Maggi integra e articula protesto contra presidente Dilma
Blairo Maggi é investigado em um inquérito sigiloso da Operação Ararath que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Seu ex-vice, Silval Barbosa, está na cadeia; seus ex-secretários, Éder Moraes, Pedro Nadaf e Marcel de Cursi, também estão presos. O seu sobrinho, o empresário Samuel Maggi, está enrolado com a Justiça federal. São esses hipócritas que dizem estarem combatendo a corrupção.
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