A mídia aderiu definitivamente ao golpe, deve passar a ser considerada como um partido de oposição golpista e tratada como tal.
Por Emir Sader
Quando a sigla PIG apareceu, poderia parecer um exagero. Afinal a
mídia já estava vacinada contra seu engajamento com a campanha de
desestabilização política e a mobilização para o golpe de 1964 e como
apoio à ditadura militar. A Folha tentou rebatizá-la como "ditabranda"
para tentar diminuir seus pecados, incluído o de ter emprestado carros
para que a Operação Bandeirantes desenvolvesse suas ações de terror e
extermínio contra a oposição, mas teve que retroceder. O Globo forjou
uma autocrítica fajuta, escrita por um ex-militante de esquerda, mas
ninguém acreditou.
Quando a então presidente da Associação Nacional de Jornais, Maria
Judith Brito admitiu, na campanha eleitoral de 2010, que "esses meios de
comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista neste país,
já que a oposição está 'profundamente fragilizada", apenas confessava o
que já todos sabíamos. A grande mídia monopolista privada faz o papel de
grande partido de oposição, aqui e nos outros países da América Latina
onde há governos similares.
Conforme foram perdendo sucessivamente as eleições para a
presidência, como partido de oposição o PIG foi assumindo o papel de
força desestabilizadora do país, sem reconhecimento do processo
democrático. Apoiou sempre, abertamente, os candidatos da direita,
perdeu e nunca se conformou.
Desde o resultado eleitoral de 2014, a mídia tradicional privada
aderiu abertamente a um projeto golpista, centrado nas tentativas de
impeachment, valendo-se das delações premiadas vazadas seletivamente
para sua divulgação pelo juiz Sérgio Moro e outros promotores, com a
anuência da PF.
O cerco sobre o governo foi se fechando, buscando asfixiá-lo antes de
derrubá-lo. Seu maior obstáculo é a liderança popular do Lula, seja
para resistir a seu golpe, seja para candidatar-se como favorito em
2018. Por isso tentar forjar a prisão do Lula no dia 4 de marco
fracassaram. Outra iniciativa desastrada de decretar prisão preventiva
do Lula falhou e assim a direita perdeu oportunidades e tempo.
Enquanto isso Dilma convidou o Lula para fortalecer o governo, este
aceitou e assim os planos golpistas perderam o timing. Queriam prender o
Lula, isolar a Dilma e derrubá-la. Sem essa possibilidade, jogaram a
cartada de ontem, a partir do ato ilegal da escuta da PF autorizada pelo
Moro, de que a mídia se aproveitou para tentar convocar mobilizações de
desestabilização do pais.
Agora é a hora da contraofensiva, a começar pela jurídica, que prenda
o Moro e o destitua, sem o que, como já se escreveu, "Ou a democracia
acaba com o Moro, ou o Moro acaba com a democracia". Aproveitar-nos de
que ele violou normas básicas da segurança nacional com fins de complô
político, articulado com meios de comunicação. Ao mesmo tempo, ver como
punir a esses meios pelos chamados à sublevação contra o governos
constituído do país.
E a contraofensiva de massas, começando hoje, desembocando amanhã e
continuando com a marcha de 31 para Brasília. Pipocar por todo o Brasil
cartazes dos mais diferentes tipos de apoio ao Lula que, hoje, mais do
que nunca, representa os anseios democráticos do povo brasileiro.
A direita, como se deu conta que saímos de defensiva e, com o Lula no
governo, vamos enfraquecer seus projetos de impeachment e as
arbitrariedades do Moro, está jogando todas as cartas que lhe restam.
Vamos enfrentá-la, nas ruas, nos tribunais, nos governos e na mídia. A
democracia e o futuro do Brasil jogam seu destino nessa parada. Não é
mais possível conviver com uma mídia golpista, manipuladora e
antidemocrática. Cortar de imediato toda publicidade nos órgãos que
incitam o golpe, para que a democracia não siga financiando os que a
sabotam.
A mídia aderiu definitivamente ao golpe, deve passar a ser considerada como um partido de oposição golpista e tratada como tal.
Fonte Brasil 247
Visite a pagina do MCCE-MT