"Estou falando de um picareta como Eduardo Cunha, que é um gângster. De outra parte, o impeachment é um golpe, porque o pretexto jurídico não existe. Não há o cometimento de crime de responsabilidade pela presidente Dilma. E você vê toda essa pantomima, todo este teatro onde ninguém muda um voto. Mas eu acho que muda, se o nosso povo for para a rua insertar o Senado."
O presidenciável do PDT, Ciro Gomes, em passagem por Aracaju, para participar da convenção estadual do seu partido, na sexta (6), disse ao 247 que acredita no “milagre da participação popular” para reverter o resultado do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff; ele acusou o vice-presidente Michel Temer (PMDB) de tentar “golpear o país” e avaliou que um eventual governo do peemedebista será uma “tragédia”; Ciro convocou os brasileiros a "protegerem a democracia"; "Governo ruim passa ligeiro. Mas em relação à violência contra as leis, é preciso lutar contra ela agora", disse; ele culpou a imprensa por não esclarecer corretamente a população sobre os verdadeiros culpados pela crise econômica; “Parte importante da crise que estamos vivendo, a imprensa de São Paulo e do Rio subtraiu da opinião pública, porque não interessa a ninguém diminuir as culpas que se jogam contra a presidente Dilma”, afirmou
Valter Lima, do Sergipe 247
O presidenciável do
PDT, Ciro Gomes, em passagem por Aracaju, para participar da convenção
estadual do seu partido, na sexta-feira (6), disse que acredita no
“milagre da participação popular” para reverter o resultado do processo
de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Ele acusou o vice-presidente Michel Temer (PMDB) de tentar “golpear o
país”. Para ele, o eventual governo Temer será uma “tragédia”. “Na hora
que este cidadão conseguir golpear o país, e eu espero que isso não
aconteça, e que o milagre da participação popular ainda possa se fazer
acontecer”, disse.
Questionado pelo 247 se dá para acreditar na possibilidade deste
milagre, Ciro respondeu que não se move por crenças, mas por militância.
“Me movo por militância, por dever moral e histórico de que a história
vai fazer o registro de quem nessa hora foi rato, conspirou e traiu o
Brasil e quem teve coragem de resistir. E veja que hoje a história nem
pede que a gente se mate como Getúlio se matou para defender o povo
brasileiro, nem que seja exilado como foram Leonel Brizola e João
Goulart. A história só pede que a gente saiu de trás do computador e
ocupe, na rua, aquele espaço democrático que nos pertence. E lembrar que
a democracia é um valor absolutamente supremo. Governo ruim passa
ligeiro. Mas em relação à violência contra as leis, é preciso lutar
contra ela agora”, disse.
Ciro convocou os brasileiros a “protegerem a democracia”. “O que
acontece no Brasil hoje é que uma presidente eleita pelo povo contra
quem não pesa nenhuma acusação do ponto de vista moral está sendo
derrubada para ser substituída por uma mão trepide de políticos ladrões,
corruptos e descompromissados com a questão brasileira. E isso é uma
ameaça da democracia. Na prática, é uma eleição indireta com um
candidato único. O impeachment da presidente Dilma é um golpe, pois o
pretexto jurídico não existe. Não há crime, é uma pantomima”, disse.
Culpa da imprensa
O presidenciável culpou a imprensa por não esclarecer corretamente a
população sobre os verdadeiros culpados pela crise econômica na qual o
país está inserido. “Parte importante da crise que estamos vivendo, a
imprensa de São Paulo e do Rio subtraiu da opinião pública, porque não
interessa a ninguém diminuir as culpas que se jogam contra a presidente
Dilma”, disse.
Ele explicou o motivo da declaração: “Eu estou trabalhando na CSN
[Companhia Siderúrgica Nacional]. E dois anos atrás, a gente vendia uma
tonelada de minério de ferro por 190 dólares. E já chegamos a vender por
40 dólares. Agora estamos vendendo a 52 dólares. Mas ainda é uma
diferença muito grande, diante do valor que já custou. Nós, quando
organizamos a lei de partilha do pré-sal, vendíamos um barril de
petróleo por 110 dólares. Agora estamos vendendo a 30 dólares. Então há
uma crise que vem de fora para dentro que simplesmente fez tudo o que o
Brasil vende lá fora cair de preço dramaticamente, enquanto tudo o que o
país compra de fora (remédio, eletroeletrônico, componentes da
indústria automotiva, as fibras das roupas) encareceu muito. Então se
tem um desequilíbrio nas contas do país que não interessa se é Chico,
Manoel, Rosa, Dilma ou Temer. E eles esconderam isso”.
Candidatura
Questionado sobre sua eventual candidatura a presidente em 2018, Ciro
disse que precisa “pensar mil vezes” antes de se decidir, mas afirmou
que está disponível 100% ao seu partido para viajar o Brasil e
apresentar um projeto que melhore a situação do país.
“Basicamente estamos defendendo um projeto nacional de
desenvolvimento, que tem três blocos de tarefa: o primeiro para dentro, é
sanear o Estado e equilibrar sua condição de financiamento das suas
essencialidades, tanto da economia, que está estrangulada com a maior
taxa de juros do mundo, como dos serviços públicos, em áreas como saúde,
educação e segurança pública; o segundo bloco é construir um mapa por
onde o país pode se desenvolver e aí o caminho são os grandes
desequilíbrios do país, priorizando um programa de industrialização; o
terceiro bloco, que é o que mais me comove, é investir em gente. O
Brasil tem que incrementar consolidadamente o gasto por cabeça por ano
em Saúde, Educação e Segurança ”, afirmou.
Para mudar o cenário político, ele ressaltou que é preciso realizar
uma reforma política através de plebiscitos e referendos. “Tem que
colocar as questões nas mãos da população”, disse. “O discurso político
está desmoralizado. Ele pasteurizou-se da direita para a esquerda. O
moralismo de goela não responde a nossos dramas. Eu defendo que o Brasil
precisa de duas reformas estruturais, que têm que ser levadas a um
grande debate popular e a um grande plebiscito para que tenhamos a
solução nas mãos da população diretamente, e não nas mãos da
representação política. Grandes reformas têm que ser feitas a luz do
dia. Isso tem a ver com a reforma fiscal e a reforma política. Só povo
pode resolver este problema. Defendo que um presidente forte, pela
qualidade da sua eleição, faça uma grande mobilização da sociedade,
discutir em seis meses, preparar duas ou três propostas mandar direto
para um referendo popular”, reforçou.
Confira outros trechos da entrevista de Ciro Gomes à imprensa sergipana:
Qual o objetivo destas viagens que o senhor tem realizado pelo Brasil?
A nossa mensagem assentada numa tradição já muito generosamente
reconhecida pelo povo brasileiro, pelo menos por aqueles que amam a
nossa história de um trabalhismo preocupado com um modelo de
desenvolvimento nacional que promova a superação das desigualdades é um
chão muito fértil onde estamos semeando hoje basicamente duas tarefas,
que parecem contraditórias, mas a nós comovidamente para ser a
responsabilidade presente: uma é proteger a democracia. As pessoas ficam
discutindo filigranas, protocolos, formalidades, formalismos, mas na
prática o que está acontecendo no Brasil hoje é que uma presidente
eleita pelo povo contra quem não pesa nenhuma acusação sob o ponto de
vista moral está sendo derrubada para ser substituída pela mão de
políticos ladrões, corruptos e descompromissados com a sociedade
brasileira e com a questão nacional. Na prática é uma eleição indireta
com um candidato único. De outro lado, a nossa tarefa é propor caminhos
de mudança, porque o governo só está desconstituído e sofrendo esta
agressão porque o nosso povo está muito angustiado com os rumos da
economia, da gestão moral dos negócios do Estado brasileiro. Há um erro
grave e nós temos que propor uma alternativa”.
O senhor acredita que o afastamento tardio de Cunha fez parte da estratégia para consolidar impeachment da presidente Dilma?
Não acho. Isso me levaria, se eu acreditasse nisso, ao terror
impossível de se conviver com ele de que o Supremo Tribunal Federal
estivesse neste envolvimento. As pessoas têm razão de estar aborrecidas,
mas os tempos do Judiciário, a gente precisa entender. A representação
do Rodrigo Janot foi em dezembro, depois entrou o recesso e as férias do
Judiciário, depois tem que abrir prazo de defesa. Não existe um
precedente sequer na história constitucional brasileira do tribunal
afastar um deputado do seu mandato, mesmo preso. Só poderia em tese, na
ordem anterior a esta modernizante decisão, ser cassado pela Câmara.
Isso é uma contradição, até porque, na Constituição, se o presidente da
República contra ele receber uma denúncia, ele é afastado, se o ministro
do STF receber uma denúncia é afastado, e talvez um deputado, por
coleguismo, deixaram assim essa faculdade, que agora o Supremo revoga a
bom tempo. É importante para o país, para o jovem aprender que a
política não é um pardieiro de pilantras e espertalhões, que se autoriza
fazer o que bem entender, desde que seja um safadão impune. Não o
Wesley Safadão, meu conterrâneo de quem eu sou fã, mas estou falando de
um picareta como Eduardo Cunha, que é um gângster. De outra parte, o
impeachment é um golpe, porque o pretexto jurídico não existe. Não há o
cometimento de crime de responsabilidade pela presidente Dilma. E você
vê toda essa pantomima, todo este teatro onde ninguém muda um voto. Mas
eu acho que muda, se o nosso povo for para a rua insertar o Senado.
O PDT fará oposição ao eventual governo Temer?
Evidentemente, caso se consume este golpe, o PDT, pela nossa
responsabilidade, história e coerência movimentará uma oposição dura,
franca, aberta e transparente do governo golpista do senhor Michel
Temer.
Fonte Brasil 247
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