Já admirei o Pedro, como membro do Ministério Público. Já acompanhei o Pedro em sua candidatura ao Senado e votei no Pedro para governador. Mas com o Pedro de hoje, esse da política conservadora, reacionária, de extrema direita e golpista, eu não vou nunca mais!
Votei no Pedro quando ainda ele estava no PDT do Brizola. Na época,
eu jamais poderia imaginar que ele viesse a se aliar ao que há de pior
na politicalha brasileira.
RDNews
Por Antonio Cavalcante Filho
Há uns 40 anos, o compositor Raul Seixas, já em carreira solo, lançava o seu sétimo trabalho, cujo carro-chefe era a música “Eu nasci há 10 mil anos atrás”, mas na mesma obra fonográfica uma outra composição chamava a atenção do público, e me parece bem atual.
Trata-se da melodia “Meu amigo Pedro”, que traz o refrão “Pedro onde você vai, eu também vou”.
O “Pedro” da canção do Raul Seixas me lembra o político Pedro Taques.
Já admirei o Pedro, como membro do Ministério Público. Já acompanhei o
Pedro em sua candidatura ao Senado e votei no Pedro para governador. Mas
com o Pedro de hoje, esse da política conservadora, reacionária, de
extrema direita e golpista, eu não vou nunca mais!
A crítica que faço é técnica e política, mas não me estenderei, vou
me restringir a apenas dois ou três setores da sua administração.
Após idas e vindas, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) foi entregue
a um representante de uma entidade privada, insensível à dor e
sofrimento dos mato-grossenses. As tais OSSs, criação do ex-deputado
Pedro Henry, ainda funcionam em alguns polos e contribuem com o
esgarçamento da saúde pública.
No município de Colíder, face ao atraso de repasses financeiros, os
médicos estão com salários atrasados, a enfermaria da pediatria fechou,
somente são atendidos casos de urgência e emergência. Em Rondonópolis, a
situação da Santa Casa também é crítica, servidores em greve, e a
dívida do Estado é superior a R$ 3,6 milhões. Do mesmo modo, somente
urgências são atendidas na pediatria e a UTI Neonatal está bem próxima
de ser fechada por falta de recursos.
Em Cuiabá e Cáceres hospitais filantrópicos suspenderam a internação
de novos pacientes de UTIs, uma vez que o atraso dos repasses chega há
três meses. Em Sinop os empregados demitidos da Fundação que administra o
Hospital Regional somente receberam as verbas rescisórias após protesto
público. Na cidade de Várzea Grande apenas a placa do Hospital
Metropolitano foi trocada.
E a educação?
Bem, com um ano e pouco de mandato isso virou caso de polícia, e me
lembro das falas em que Pedro proclamava que o “braço político” do crime
organizado deveria ser combatido. Todavia, esse braço se transformou em
abraço na campanha eleitoral e os “neoaliados” exigiram, como
“retribuição”, o comando da Secretaria de Estado de Educação.
Alguns bandidos de alta periculosidade, as armas apreendidas pelo
Gaeco e Defaz nas mãos dos criminosos são a prova disso, chegaram ao
topo da hierarquia da Seduc e, em poucos meses, desviaram R$ 56 milhões
na “mão grande”, segundo o Gaeco. Lamentável.
O promotor Pedro denunciou muitos criminosos e permitiu condenações
dos delinquentes, alguns deles bem perigosos, mas o político Pedro se
permitiu conviver com seres dessa espécie, correndo o risco de ser
contaminado por eles.
O governador Pedro criou um Gabinete da Corrupção e tentou “turbinar”
aliados políticos com poderes concedidos por meio de decreto, o que não
pode, não vale, e é ilegal. O gabinete custa milhões de reais ao
sofrido contribuinte, não produz nada, e tentou ir “na aba” da operação
do Gaeco, que prendeu a quadrilha na Seduc, mas foi desmentido na mesma
hora. Só o político Pedro não vê o pântano para onde se dirige
celeremente, guiado por “gente da base”.
A bem da verdade, a gestão do político Pedro não começou. Ele adora
transitar por São Paulo, se movimenta aos comandos de voz das raposas da
política bandeirante. Vem desde Pascoal Moreira Cabral o interesse dos
paulistas em se apropriar de nossas riquezas e promover a exploração da
boa-fé e ingenuidade dos tapuias
Só que o tempo não para, o VLT não anda, o hospital não sai do papel e
a educação pública virou caso de polícia. O governo não consegue dar
uma resposta sobre a reposição salarial dos servidores, a arrecadação de
impostos aumenta, mas a prestação de serviços piora.
Enquanto viaja mundo afora, faz política partidária, fala mal do
governo federal, pensa na próxima eleição, o político Pedro deixa
abandonado aqueles que nele depositaram confiança na eleição de 2014.
Fechando o raciocínio, com a melodia de Raul Seixas: “Muitas vezes,
Pedro, você fala, Sempre a se queixar da solidão; Quem te fez com ferro,
fez com fogo, Pedro; É pena que você não sabe não”. A chama do fogo se
finda!
Votei no Pedro quando ainda ele estava no PDT do Brizola. Na época,
eu jamais poderia imaginar que ele viesse a se aliar ao que há de pior
na politicalha brasileira. A bem da verdade votei no Pedro porque também
eu já estava cansado daquela outra quadrilha que vinha se perpetuando
no poder em nosso Estado.
Agindo assim, Pedro Taques vai nos roubando a esperança de que a
política melhora a vida das pessoas e que esse ambiente seja o espaço
dos bem-intencionados. Se o político Pedro se afastar das más
companhias, e se distanciar dos “coxinhas militontos”, dos “nazi-doidos”
e dos corruptos golpistas, é bem possível que ainda possa salvar alguma
coisa do que ainda resta de seu mandato.
Fonte RDNews
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