Assim
caminhamos: parlamentares acusados e suspeitos dos crimes mais
cabeludos, associados a um empresariado historicamente corruptor, estão
na bica para depor uma mulher honesta e honrada.
O tal Waldir Maranhão levou mais bordoadas em um dia do que Eduardo Cunha em quinze meses como presidente da Câmara.
Adjetivos
corrosivos e substantivos pejorativos, empoeirados pela falta de uso,
dardejaram o deputado que ousou declarar ilegal e ilegítima a sessão da
Câmara que deu sinal verde ao impeachment da presidente constitucional
Dilma Rousseff.
Denunciaram a “manobra'' do obscuro Maranhão, mais tarde revogada, tamanha a fuzilaria contra ele.
As
manobras infindáveis, manjadíssimas e inescrupulosas de Cunha para
depor a governante eleita pelo voto popular não foram tratadas assim.
Dois pesos, duas medidas. E uma hipocrisia do tamanho do mundo.
Dos
mais pedantes aos mais histriônicos, muita gente proclamou em coro que
Waldir Maranhão, presidente interino da Câmara, transformou o país numa
república de bananas.
Perdão pela obviedade ululante, mas é
preciso dizer: uma das características essenciais das velhas
republiquetas bananeiras latino-americanas era _e é_ o desprezo pela
soberania do voto popular.
Ganhou na urna? E daí? A preferência
dos eleitores era _é_ constantemente sufocada por transações e
interesses avessos à democracia.
Eduardo Cunha, com mandato de
deputado federal suspenso pelo STF, apressou-se em declarar “absurda'' e
“irresponsável'' a decisão de Maranhão.
Cunha, quem diria, pegou mais leve do que alguns operadores em surto.
Em
tons diferentes, reafirmou-se a ampla coalização pró-impeachment, que
vai de Eduardo Cunha aos que juram não ter uma só convicção em comum com
o belzebu.
Bastou verem ameaçado o golpe de Estado em curso
_impeachment sem prova de crime é golpe_ que certo pessoal falou como
viúva de Cunha.
Estranho país, onde vicejam viúvas da ditadura e viúvas de Eduardo Cunha.
Não só: ao avacalharem o governador do Maranhão, Flávio Dino, revelaram-se também viúvas de José Sarney e sua família.
Para quem não sabe, se isso é possível: os Sarney conspiraram ativamente pela derrubada de Dilma.
Assim
caminhamos: parlamentares acusados e suspeitos dos crimes mais
cabeludos, associados a um empresariado historicamente corruptor, estão
na bica para depor uma mulher honesta e honrada.
Legitimada por 54.501.118 votos.
E o problema é o Waldir Maranhão…
Fonte Blog do Mário Magalhães
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