sábado, 20 de agosto de 2016

ROBIN HOOD ÀS AVESSAS



Ao contrário do original anglo-saxão a versão mato-grossense do Robin Hood, retira direitos dos empobrecidos e transfere benefícios ilimitados aos ricos. A começar pela recusa em conceder o chamado Reajuste Geral Anual (RGA) que trata de simples atualização dos valores dos salários corroídos pela inflação de seus mais de 100.000 súditos, digo, trabalhadores espalhados por todo o “reino” e que prestam os serviços públicos nas áreas de saúde, educação, segurança e representam materialmente o Estado de uma forma geral. 







Por Antonio Cavalcante Filho 



Duvido que você, caro leitor, não conheça ou nem tenha ouvido falar no lendário Robin Hood, o herói clássico da literatura, cinema e gibis, que “aliviava” os ricos do excesso de riqueza para entregá-las aos conterrâneos empobrecidos. 

Famoso em obras literárias, foi pioneiro das telonas, transformado em personagem cinematográfico pela primeira vez em 1922 (com Douglas Fairbanks no papel principal) e a mais recente aparição foi em 2010 (com Russel Crowe). Há quem diga que Robin Hood possa ter existido de verdade.

Segundo narra a lenda, Robin era hábil em se apossar das riquezas da nobreza, dos coletores de impostos e entregar os produtos aos empobrecidos das redondezas. Teria vivido no século XIII na Inglaterra, nos tempos do Rei Ricardo Coração de Leão, no período das grandes Cruzadas. Era um az no manejo de arco e flecha, habitava a floresta de Sherwood e recebia auxílio de um grupo de amigos inseparáveis: João Pequeno, Frei Tuck, Allan Dale e Will Scarlet entre tantos vizinhos moradores do bosque.

Segundo uma das muitas versões que buscam explicar a origem da lenda, Robin Hood se chamaria Robert Locksley e serviu ao lado do Rei Ricardo Coração de Leão em uma grande Cruzada. Quando retorna ao lar encontra seu feudo devastado pela tirania do Rei João Sem Terra, irmão de Ricardo, que tomara o poder através de uma manobra golpista, tal como o criminoso de colarinho branco, Eduardo Cunha, e Michel Temer fazem no Brasil contemporâneo, com o apoio do PSDB/PMDB/DEM/PPS/SD, Rede Globo e FIESP. O rei golpista criara leis abusivas e também retirou direitos da população, inclusive a proibição da caça como sustento ao homem comum e provoca um brutal aumento na carga de impostos.

Tudo a ver com nossa realidade atual.

O cidadão Robin, ou melhor, Robert Locksley, se recusa a aceitar a situação, é declarado fora da lei e aproveitando seu conhecimento em cavalaria, arquearia e combate adquirido na guerra, chama o grupo de amigos e inicia um combate à tirania da nobreza, tirando dos ricos para dar aos pobres, agindo com o nome de Robin. O sobrenome Hood vem da pena que ornava seu chapéu.

Outra versão sobre a origem de Robin Hood é do escritor Howard Pyle, distribuída em oito livros diferentes e sequenciais, em que o herói era “apenas um rapaz anglo-saxão” (parafraseio o “rapaz latino americano sem dinheiro no bolso” do cantor Belchior) que se dirigia a um concurso de arco-e-flecha na cidade de Nottingham, se envolveu na briga com guardas reais e acabou matando um deles, se tornando um foragido. No livro de Howard Pyleo jovem Robin Hood reúne um bando de homens alegres, que só atacavam nobres arrogantes e clérigos abastados, nada dizendo sobre a tirania do rei golpista.

Se existiu de fato, Robin Hood viveu durante o século XIII d.C., provavelmente entre 1250 e 1300, na cidade de Nottingham, região central da Inglaterra e que serve de cenário à maioria das aventuras iniciais. E ali ele continua a existir. Além de estátuas, há ruas batizadas com o seu nome e um festival anual que lhe rende homenagens.

Por aqui em terras tapuias temos o nosso Robin Hood, mas ao contrário do original anglo-saxão a versão tapuia retira direitos dos empobrecidos e transfere benefícios ilimitados aos ricos, o que o tornaria um anti-herói, com ações pouco nobres.

A começar pela recusa em conceder o chamado Reajuste Geral Anual (RGA) que trata de simples atualização dos valores dos salários corroídos pela inflação de seus mais de 100.000 súditos, digo, trabalhadores espalhados por todo o “reino” e que prestam os serviços públicos nas áreas de saúde, educação, segurança e representam materialmente o estado de uma forma geral.

O “nosso” Robin Hood também possui seu grupo de diletos amigos: a blogueira Vandoni, que diminui seu tempo de Facebook para se justificar perante o Gaeco (Grupo de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público); o arquiteto Chiletto, que para assumir o cargo de secretário de Estado saldou uma dívida antiga que possuía com o erário mato-grossense, mas se “esqueceu” de uma parte do débito que, atualizada e ainda “espetada” no lombo do contribuinte, se aproxima de R$ 1 milhão; e o primo Taques, que após longo período de defesa judicial bem sucedida de Humberto Bosaipo assume uma secretaria, tenta gerar boas notícias ao governo do primo, mas não tem tido muito sucesso.

Logo os perfis dos ajudantes do “nosso” herói em nada se assemelham ao do grupo que auxiliava o mítico anglo-saxão Robin Hood.

Uns outros amigos do anti-herói se encastelaram na secretaria de educação e instalaram um propinoduto que drenou recursos das criancinhas de Mato Grosso “sem dó” e nem piedade, e o esquema só foi inibido porque flagrado por órgãos de controle e da polícia. Alguns amigos do “nosso” Robin Hood (assim digo por que foi eleito com ajuda do meu voto!) estão abrigados no Centro de Custódia da Capital, mas não existe esperança de que devolverão à viúva o recurso desviado.

É o dinheiro da educação escoado para empresários ricos e poderosos.

E há a mais grave de todas as injustiças: o “perdão” de impostos aos barões do agronegócio (inclusive multinacionais, vide Decreto nº 661, de 17 de agosto de 2016), que decorre do aumento de incentivos fiscais de até 130% em 2015 em comparação com o período anterior. Ou seja: não há dinheiro para conceder o RGA de 11,28% na atualização do salário dos empobrecidos, mas o estado amplia os benefícios dos mais ricos.

A delicadeza no trato com o empresariado, principalmente do agronegócio, ofende as condições econômicas do estado de Mato Grosso. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017 prevê R$ 2,4 bilhões em renúncia fiscal.

Em 2016 o setor de produtos alimentícios e bebidas deixou de recolher R$ 559.358.342,19 em impostos estaduais, e os frigoríficosdeixaram de repassar aos cofres públicos quase R$ 190 milhões de reais. A “graça” é feita por meio do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic).

Isso sem contar que, só do governo federal, o agronegócio recebeu este ano cerca de R$ 185 bilhões de reais – grande parte destinada aos produtores de Mato Grosso, o que nos dá a certeza de que o governo ilegítimo de Temer e aliados estaduais agem tal qual o rei João Sem Terra, que perseguiu o Robin Hood original, aumentando impostos e atacando os empobrecidos, ao mesmo tempo beneficiando os mais ricos.

Por fim registremos que o falso liberal João Doria Junior (PSDB/SP) também pegou seu quinhão do erário mato-grossense, já que o recebeu dinheiro do governo para promover evento nos Estados Unidos. O convescote ocorreu no mês de maio de 2015 no Council of the Américas, em Nova York. Para aderir ao “Lide Business Breakfast” foram pagos U$$ 130 mil dólares, o que gerou um custo total de mais de R$ 520 mil.

Se fosse liberal orgânico, pregador do estado mínimo conforme o “coxinha-mor” Adam Smith, João Doria Jr. não poderia receber dinheiro público, sua grande fonte de renda.

Ainda bem que sempre é possível mudar a política, basta querer atender aos empobrecidos e fazer distribuição de renda, e isso só depende de vontades políticas!

Fonte RD News