Acaso “pau que bate em Chico”, só bate em Chico tão somente? Será que o MP também está com olhar seletivo, tal qual o juiz Savonarola, aquele que participa de eventos do PSDB e se recusa a punir políticos desta sigla partidária?
Por Antonio Cavalcante Filho
Usando
como título deste texto, uma de suas mais famosas frases de efeito, com
as quais achava que governaria Mato Grosso com o “pé nas costas”,
(mesmo que falem pelos quatros cantos do Estado, que o "dito cujo", o
máximo que conseguiu foi trepar nas “cacundas” dos servidores públicos),
faço mais esse desabafo:
Lembremos
que quando ainda era paparicado pelos bandeirantes paulistas, o citado
político foi até destaque nas páginas amareladas da revista Veja (tinha
que ser mesmo da Veja), um mero panfleto ideológico do PSDB.
A
referida entrevista é lá do meado de 2015. Mas de lá prá cá, o trem se
desencarrilhou, (não falo aqui do VLT, que até o momento não saiu dos
trilhos, pois nem sequer ainda saiu do estacionamento). Trata-se das
rumorosas denúncias de envolvimentos em falcatruas de membros do
primeiro escalão daquele que se elegeu como paladino da moralidade,
inclusive com a prisão de alguns deles (e há quem diga que a “justiça”
seja seletiva, senão o Pascoal Ramos teria superlotação de tucanos). E
assim, dia a dia, vem caindo por terra toda uma imagem construida pelo
atual governador de Mato Grosso, de que seria ele um combatente de
malfeitos.
Pedro
Taques agoniza. Assim como seus colegas de Ministério Público que se
lançaram na política, a exemplo de Demóstenes Torres (DEM/GO) e de
Fernando Capez (PSDB/SP). Esses, ontem “acusadores”, hoje, unidos no
mesmo lodaçal da pilantragem e, seja por ação ou omissão, roubaram a
esperança de quem neles depositou o voto.
Estranho
é que ninguém do MP reclame dessas “crias” (quem pariu Matheus que o
embale, diz o ditado popular; ou ninguém se diz pai da criança feia, diz
outro).
Por
isso, é "ilógico não investigar", e aqui eu parafraseio o próprio
investigando, em suas palavras alvissareiras, publicadas no ano passado.
O conjunto de malfeitos que se tem revelado na gestão Taques em dois
anos, o nível dos envolvidos na hierarquia dos delitos e da própria
estrutura da gestão (nomeados por Taques) me permite perguntar ao Doutor
Ministério Público: por que não investigar Pedro Taques? Acaso a teoria
do domínio do fato, de que o chefe de Governo ou de gestão deva saber
sobre o que fazem seus subordinados mais diretos (secretários de Estado e
dirigentes de empresas públicas) não se aplica por aqui? Então, por que
na entrevista Taques disse que, por decorrência lógica, a presidenta
Dilma deveria ser investigada por atos de seus subordinados?
Acaso
“pau que bate em Chico”, só bate em Chico tão somente? Será que o MP
também está com olhar seletivo, tal qual o juiz Savonarola, aquele que
participa de eventos do PSDB e se recusa a punir políticos desta sigla
partidária?
Sabe-se
que diversos dirigentes do PSDB de Mato Grosso, e políticos nomeados em
cargos por Pedro Taques, curtem uma temporada na unidade prisional do
Carumbé. Foram flagrados desviando recursos que seriam destinados às
escolas públicas estaduais. Em apenas 16 contratos investigados pelo
Gaeco, foram identificadas irregularidades em que o “buraco” chegaria a
R$ 56 milhões.
Agora,
diz-se, foi descoberto que dinheiro de locação de salas de aula era
canalizado para a organização criminosa formada pelos políticos do PSDB
estadual. Os poucos que foram presos estavam sendo ameaçados na
carceragem, e resolveram “abrir o bico”, porque familiares também
sofriam pressão. Típico de criminosos de alta periculosidade.
Muito lixo ainda virá à tona.
Tirando
a doação financeira da Odebrecht para o pagamento da campanha de Pedro
Taques em 2014, mais uns 80 mil comprovadamente depositados nas contas
de “propagandistas” que atuaram na dita campanha, há mais revelações por
vir. No caso da doação feita pela Odebrecht para a campanha eleitoral,
providencialmente foi lançado o sigilo ao processo que contém a
denúncia, e, provavelmente só saberemos se a Rede Globo, a Folha de S.
Paulo, ou a revista Veja (parceiros do MPF e da polícia federal)
resolverem publicar.
Mas,
em relação a duas ou três operações ocorridas por aqui, em Mato Grosso,
é possível que os fatos trazidos por colaboradores da polícia e
Ministério Público sejam de conhecimento da sociedade.
Uma
das acusações é de que o empresário que coordenou a parte financeira da
campanha de 2014 e que teria pago a festa de posse do ex-governador
Silval com recursos ilícitos, teria feito o mesmo para o convescote de
posse de José Pedro Taques, em 2015.
E
mais, consta no inquérito policial relacionado a “Operação Rêmora” que o
tesoureiro da campanha do governador foi apontado pelo delator
(colaborador) como um dos beneficiários do esquema de arrecadação de
propina na ordem de R$ 1,2 milhão para pagamentos de dívidas da campanha
de 2014 (outras testemunhas dizem que o caixa dois é ainda mais
robusto).
A
imprensa cuiabana, que por um momento se livrou do cabresto, disse que o
delator acusou o tesoureiro da campanha do governador de tentar reaver
cerca de R$ 10 milhões de reais que “investira” na campanha de 2014, e
com isso ia avançando vorazmente sobre os recursos públicos.
Vale
lembrar que o tesoureiro deu um apartamento avaliado em cerca de R$ 2,5
milhões como garantia judicial na “Operação Sodoma”, em cujo inquérito
foi alvo de condução coercitiva por ter recebido cheques e dinheiro de
ex-secretários de Silval Barbosa. Um desses detentos, em colaboração
premiada, que lhe garantiu a soltura, ofereceu informações com riqueza
de detalhes sobre os crimes que transcenderam de um governo para outro.
Há
um movimento “Vaza Taques” pedindo sua saída, mas não vou tão longe,
por ora. Mas é ilógico não investigar Pedro Taques e sua influência na
cadeia de comando das ações ilícitas, uma vez que era impossível que na
Secretaria de Educação, Secretaria de Cidades, na Metamat, no Detran,
nos créditos consignados (que podem ser feitos com um clique no sistema
SEAP, a contratação de empresas para esta finalidade não se justifica),
as ilicitudes ocorram sem o conhecimento do governador.
Confesso
que tudo isso me inquieta, mas tenho que me manifestar. Afinal de
contas, também sou responsável pelo voto de confiança que dei ao
ex-procurador da República, que hoje, como governador, infelizmente, não
consigo enxergar a mesma pessoa.
Antonio Cavalcante Filho, cidadão, escreve às sextas feiras neste Blog. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News
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