domingo, 11 de dezembro de 2016

É "ILÓGICO" NÃO INVESTIGAR


Acaso “pau que bate em Chico”, só bate em Chico tão somente? Será que o MP também está com olhar seletivo, tal qual o juiz Savonarola, aquele que participa de eventos do PSDB e se recusa a punir políticos desta sigla partidária? 




Por Antonio Cavalcante Filho

Usando como título deste texto, uma de suas mais famosas frases de efeito, com as quais achava que governaria Mato Grosso com o “pé nas costas”, (mesmo que falem pelos quatros cantos do Estado, que o "dito cujo", o máximo que conseguiu foi trepar nas “cacundas” dos servidores públicos), faço mais esse desabafo:
Lembremos que quando ainda era paparicado pelos bandeirantes paulistas, o citado político foi até destaque nas páginas amareladas da revista Veja (tinha que ser mesmo da Veja), um mero panfleto ideológico do PSDB.
A referida entrevista é lá do meado de 2015. Mas de lá prá cá, o trem se desencarrilhou, (não falo aqui do VLT, que até o momento não saiu dos trilhos, pois nem sequer ainda saiu do estacionamento). Trata-se das rumorosas denúncias de envolvimentos em falcatruas de membros do primeiro escalão daquele que se elegeu como paladino da moralidade, inclusive com a prisão de alguns deles (e há quem diga que a “justiça” seja seletiva, senão o Pascoal Ramos teria superlotação de tucanos). E assim, dia a dia, vem caindo por terra toda uma imagem construida pelo atual governador de Mato Grosso, de que seria ele um combatente de malfeitos.
Pedro Taques agoniza. Assim como seus colegas de Ministério Público que se lançaram na política, a exemplo de Demóstenes Torres (DEM/GO) e de Fernando Capez (PSDB/SP). Esses, ontem “acusadores”, hoje, unidos no mesmo lodaçal da pilantragem e, seja por ação ou omissão, roubaram a esperança de quem neles depositou o voto.


Estranho é que ninguém do MP reclame dessas “crias” (quem pariu Matheus que o embale, diz o ditado popular; ou ninguém se diz pai da criança feia, diz outro).
Por isso, é "ilógico não investigar", e aqui eu parafraseio o próprio investigando, em suas palavras alvissareiras, publicadas no ano passado. O conjunto de malfeitos que se tem revelado na gestão Taques em dois anos, o nível dos envolvidos na hierarquia dos delitos e da própria estrutura da gestão (nomeados por Taques) me permite perguntar ao Doutor Ministério Público: por que não investigar Pedro Taques? Acaso a teoria do domínio do fato, de que o chefe de Governo ou de gestão deva saber sobre o que fazem seus subordinados mais diretos (secretários de Estado e dirigentes de empresas públicas) não se aplica por aqui? Então, por que na entrevista Taques disse que, por decorrência lógica, a presidenta Dilma deveria ser investigada por atos de seus subordinados?
Acaso “pau que bate em Chico”, só bate em Chico tão somente? Será que o MP também está com olhar seletivo, tal qual o juiz Savonarola, aquele que participa de eventos do PSDB e se recusa a punir políticos desta sigla partidária?
Sabe-se que diversos dirigentes do PSDB de Mato Grosso, e políticos nomeados em cargos por Pedro Taques, curtem uma temporada na unidade prisional do Carumbé. Foram flagrados desviando recursos que seriam destinados às escolas públicas estaduais. Em apenas 16 contratos investigados pelo Gaeco, foram identificadas irregularidades em que o “buraco” chegaria a R$ 56 milhões.
Agora, diz-se, foi descoberto que dinheiro de locação de salas de aula era canalizado para a organização criminosa formada pelos políticos do PSDB estadual. Os poucos que foram presos estavam sendo ameaçados na carceragem, e resolveram “abrir o bico”, porque familiares também sofriam pressão. Típico de criminosos de alta periculosidade.


Muito lixo ainda virá à tona.
Tirando a doação financeira da Odebrecht para o pagamento da campanha de Pedro Taques em 2014, mais uns 80 mil comprovadamente depositados nas contas de “propagandistas” que atuaram na dita campanha, há mais revelações por vir. No caso da doação feita pela Odebrecht para a campanha eleitoral, providencialmente foi lançado o sigilo ao processo que contém a denúncia, e, provavelmente só saberemos se a Rede Globo, a Folha de S. Paulo, ou a revista Veja (parceiros do MPF e da polícia federal) resolverem publicar.
Mas, em relação a duas ou três operações ocorridas por aqui, em Mato Grosso, é possível que os fatos trazidos por colaboradores da polícia e Ministério Público sejam de conhecimento da sociedade.
Uma das acusações é de que o empresário que coordenou a parte financeira da campanha de 2014 e que teria pago a festa de posse do ex-governador Silval com recursos ilícitos, teria feito o mesmo para o convescote de posse de José Pedro Taques, em 2015.
E mais, consta no inquérito policial relacionado a “Operação Rêmora” que o tesoureiro da campanha do governador foi apontado pelo delator (colaborador) como um dos beneficiários do esquema de arrecadação de propina na ordem de R$ 1,2 milhão para pagamentos de dívidas da campanha de 2014 (outras testemunhas dizem que o caixa dois é ainda mais robusto).

  A imprensa cuiabana, que por um momento se livrou do cabresto, disse que o delator acusou o tesoureiro da campanha do governador de tentar reaver cerca de R$ 10 milhões de reais que “investira” na campanha de 2014, e com isso ia avançando vorazmente sobre os recursos públicos.
Vale lembrar que o tesoureiro deu um apartamento avaliado em cerca de R$ 2,5 milhões como garantia judicial na “Operação Sodoma”, em cujo inquérito foi alvo de condução coercitiva por ter recebido cheques e dinheiro de ex-secretários de Silval Barbosa. Um desses detentos, em colaboração premiada, que lhe garantiu a soltura, ofereceu informações com riqueza de detalhes sobre os crimes que transcenderam de um governo para outro.
Há um movimento “Vaza Taques” pedindo sua saída, mas não vou tão longe, por ora. Mas é ilógico não investigar Pedro Taques e sua influência na cadeia de comando das ações ilícitas, uma vez que era impossível que na Secretaria de Educação, Secretaria de Cidades, na Metamat, no Detran, nos créditos consignados (que podem ser feitos com um clique no sistema SEAP, a contratação de empresas para esta finalidade não se justifica), as ilicitudes ocorram sem o conhecimento do governador.
Confesso que tudo isso me inquieta, mas tenho que me manifestar. Afinal de contas, também sou responsável pelo voto de confiança que dei ao ex-procurador da República, que hoje, como governador, infelizmente, não consigo enxergar a mesma pessoa.
Antonio Cavalcante Filho, cidadão, escreve às sextas feiras neste Blog. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News


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