Qual é este novo significado do natal? É o significado mercantil. O natal se torna uma grande festa consumista, amplamente explorada pela publicidade. O significado mercantil assimila o significado religioso e transforma o sentido dos símbolos natalinos.
Por Nildo Viana*
Se olharmos no dicionário, veremos que o natal é uma festa cristã
realizada no dia 25 de dezembro, cujo objetivo é comemorar o nascimento
de Jesus Cristo. Logo, o significado do natal é puramente religioso,
cristão. No entanto, uma análise histórica e crítica nos revela que as
coisas não são bem assim. O natal sofreu mudanças de significado no
decorrer da história da humanidade e é isto que iremos colocar no
presente texto.
O natal foi, em sua origem, uma festa pagã. Como sabemos, o paganismo
é uma doutrina religiosa politeísta que era predominante antes da era
cristã. As festas pagãs de Saturnália (17 a 24 de dezembro) e Brumália
(25 de dezembro) faziam parte da cultura popular na Roma Antiga (e na
região da Pérsia) e foram substituídas pelo natal cristão. Na Brumália, o
nascimento de Júpiter (também chamado Mitra), o Deus-Sol, era
comemorado no dia 25 de dezembro e se chamava Mitraica. Apesar disto, a
festa em si não tinha caráter religioso e sim “mundano”.
A maioria dos símbolos do natal também possui origem pagã. A origem
da árvore de natal possui duas hipóteses: para uns, ela foi introduzida
como símbolo da festa por Martinho Lutero, um dos principais arquitetos
da reforma protestante (Século 16); para outros, sua origem se encontra
na mitologia babilônica, segunda a qual Ninrode (filho de Cam, neto de
Noé), depois de morto, gostava de receber presentes debaixo de uma
árvore, no dia do seu aniversário, dia 25 de dezembro. Se a hipótese
verdadeira for a segunda, a árvore de natal também teria origem pagã.
As velas constituíam uma tradição pagã, pois eram acesas durante o
crepúsculo para homenagear o Deus romano Júpiter. A guirlanda, coroa
verde com fitas e bolas coloridas, fazia parte dos costumes populares
para decorar edifícios.
O Papai Noel tem sua origem na lenda de Nicolau, Bispo de Mira,
Século 5. A lenda diz que ele presenteava, em segredo, três crianças de
uma família pobre, todos os anos, no dia 06 de dezembro. No entanto, a
mitologia babilônica de Ninrode, citada anteriormente, já colocava a
oferta de presentes, mas que era feita para a “divindade” e não para
crianças pobres. Outras versões do Papai Noel existiram, tal como a
expressa no conto popular russo Babushka. O conto relata a história de
Babuskha, uma velhinha que foi convidada pelos três reis magos para ir à
Belém ver o Menino Jesus que havia acabado de nascer e que recusou o
convite devido ao frio intenso que fazia naquela noite. No dia seguinte,
ela juntou presentes para o Menino Jesus, mas como não sabia o caminho e
os três anciãos já haviam partido, partiu procurando-o sem nunca
encontrá-lo, mas deixando para todos os meninos que encontrava um
brinquedo como presente de natal. O Papai Noel tem diversos nomes (e
formas) em países diferentes. Na Alemanha, é Kriss Kringle (“criança de
cristo”); na França, é Pere Noel; Nos Estados Unidos e Canadá é Santa
Claus (devido à origem lingüística holandesa, derivada de São Nicolau);
na Inglaterra é Father Christmas; na Costa Rica, Colômbia, algumas
partes do México, é El Niño Jesus; em Porto Rico ele é substituído pelos
Três Reis Magos (Melchior, Baltazar e Gaspar); na Suécia é Jultomten;
na Holanda, Kerstman; na Finlândia, Joulupukki; na Rússia, é Grandfather
Frost ou Babushka; na Itália é Befana ou Babbo Natal; em Portugal é
Papai Natal (Noel é o mesmo que natal); no Japão é Jizo e na Dinamarca é
Juliman. O Papai Noel recebe nomes diferentes em países diferentes, mas
em alguns recebe “formas” e origens diferentes, tal como em Porto Rico
(três reis magos), na Rússia (Babushka) e na Itália (Befana, uma bruxa
que desce pela chaminé e entrega presentes).
A questão do presente é mais complexa. Na verdade, o natal se
apresenta, na atualidade, como uma troca de presentes entre adultos e no
ato de presentear crianças. No mito babilônico há oferta de presente
para a divindade; enquanto que na lenda de São Nicolau e Babushka, há
oferta de presentes para crianças. Mas sua origem parece estar ligada à
cultura popular pagã, pois a troca de presentes era um costume tanto na
Mitraica quanto na Saturnália.
De tudo isto que vimos, podemos dizer que o natal tem sua origem numa
festa pagã. Esta festa pagã se converteu em festa cristã a partir do
século 4, quando Constantino, Imperador Romano convertido ao
cristianismo, transformou o dia do Deus-Sol em dia do nascimento de
Cristo (cuja data exata é desconhecida). Tal como coloca o historiador
das religiões Mircea Eliade, “desde o princípio, o cristianismo sofreu
influências múltiplas e contraditórias, sobretudo as do gnosticismo, do
judaísmo e do ‘paganismo’”. Ele acrescenta que os padres da Igreja
“cristianizaram os símbolos, ritos e os mitos asiáticos e mediterrânicos
ligando-os a uma história santa” .
A Igreja Romana introduziu o natal como festa cristã, pois a
hegemonia do cristianismo surgiu num terreno dominado por uma cultura
popular, de forte influência pagã, que ela não podia simplesmente
descartar, já que isto provocaria resistência à doutrina cristã. Desta
forma, a Igreja Romana buscou assimilar a cultura popular e
cristianizá-la, fornecendo, assim, um significado cristão a uma festa
pagã, mas, ao mesmo tempo, mantinha grande parte de suas características
e assim fazia uma concessão necessária para facilitar sua aceitação.
Desta forma, o significado original do natal era mundano, de caráter
pagão, ou seja, orientado para os prazeres da alimentação farta,
alegria, etc. A Igreja Romana forneceu uma ressignificação do natal,
dando-lhe um significado religioso. Este significado predominou durante
toda a Idade Média, período em que a religião cristã dominou absoluta no
mundo feudal ocidental, embora tenham sobrevivido alguns resquícios da
influência pagã na cultura popular.
No entanto, um novo significado passaria a ser atribuído ao natal na
Idade Moderna, ou seja, na sociedade capitalista. O significado
religioso permanece, mas é, em alguns aspectos, relegado a segundo
plano, e, em outros, é assimilado pelo novo significado que adquire.
Qual é este novo significado do natal? É o significado mercantil. O
natal se torna uma grande festa consumista, amplamente explorada pela
publicidade. O significado mercantil assimila o significado religioso e
transforma o sentido dos símbolos natalinos. O fundamental passa a ser o
presente e a figura preponderante passa a ser o Papai Noel, um velhinho
que distribui presentes para todas as crianças (e não apenas para as
pobres, como originalmente) sem nenhuma justificação. Este personagem
vem apenas para apresentar como natural e universal algo que é
constituído histórica e socialmente e que serve a interesses “ocultos”.
A troca de presentes se torna generalizada e tem atrás de si um
conjunto de interesses: oferece-se um presente em troca de outro
presente ou então de um favor, ou, ainda, de algo que revela um
interesse oculto. Uma pessoa pode dar um presente para outra visando
receber outro presente em troca e tal troca pode representar uma posição
social ou status (o valor financeiro do presente varia com a posição do
indivíduo na hierarquia social). Um presente pode ser oferecido a um
subalterno esperando que ele retribua não com outro presente, mas sim
com gratidão, trabalho, dedicação (é o caso, por exemplo, das empresas
que fornecem “cestas de natal” aos funcionários).
O presente pode ser oferecido pelo subalterno ao seu superior,
esperando, em troca, um presente melhor (devido suas “posses”),
benevolência ou qualquer outra vantagem (devido seu “poder”). O
bajulador é o principal distribuidor de presentes.
Por fim, o presente pode ser expressão de afetividade: presenteia-se a
quem se gosta e, se ele for um “igual” (adulto), espera-se que ele
retribua sob a mesma forma, e, se for uma criança, espera-se a
retribuição em forma de afetividade ou gratidão. O problema aparece,
neste último caso, devido ao fato de que o processo de mercantilização
das relações sociais cria em muitas pessoas a idéia de que o presente é
equivalente ao amor e não apenas uma forma, entre inúmeras outras, sob a
qual ele se manifesta. Realiza-se, assim, uma inversão entre o símbolo
(presente) e o simbolizado (amor), no qual a primazia passa a pertencer
ao primeiro em detrimento do segundo. Desta forma, não receber um
presente aparece como o mesmo que não ser amado. Cria-se, assim, o
fetichismo do presente.
As crianças são treinadas para viver nesse mundo mercantil desde
cedo: em uma idade em que não possuem recursos financeiros para dar
presente, um adulto lhe fornece dinheiro para comprá-lo e entregá-lo,
principalmente no Dias das Mães e dos Pais, mas também no natal (há
casos em que os pais dão dinheiro para os filhos comprar presentes para
eles mesmos ou para o outro – o pai para a mãe ou vice-versa...). A
publicidade, os costumes, cria na criança uma expectativa de ganhar
presente. No natal, para o imaginário infantil, é um dia para se ganhar
presente.
O processo de troca de presentes na sociedade capitalista existe
durante o ano inteiro (aniversário, dia da criança, dias dos namorados,
dia dos pais, dia das mães, etc.) mas se intensifica no natal. No dia do
aniversário, apenas o aniversariante ganha presente; no dia das
crianças, apenas as crianças e assim por diante. No natal, a troca de
presentes (mercadorias) se torna generalizada.
Os meios de comunicação e a publicidade se encarregam de inculcar nas
pessoas a necessidade de receber e dar presentes. O desejo de receber
presente tem sua fonte na idéia transmitida pela publicidade e pelos
meios de comunicação de que ele é um equivalente do amor ou então devido
a interesses de aquisição de bens e vantagens. O desejo de dar
presentes é produto tanto da publicidade quanto da pressão social
(aquele que não dá presente não ama...) que, caso não seja efetivado,
produz remorso (sentimento de culpa) no indivíduo.
Assim, o capitalismo manipula sentimentos e produz valores visando
aumentar o mercado consumidor. Todos sabem que no fim de ano, devido ao
natal e ao ano novo, há um aquecimento nas vendas e no processo de
produção em alguns setores, nos quais alguns setores do comércio e
indústria são extremamente beneficiados (indústria e lojas de
brinquedos, por exemplo). Outros costumes e desejos são fabricados, como
a “ceia de natal”, decoração, determinados alimentos, etc. Numa
sociedade onde houve a “mercantilização de tudo” , isto tudo se torna
mercadoria (presente, alimento, decoração, roupa, etc.) e se tornam
necessidades fabricadas pelo capitalismo visando a reprodução ampliada
do mercado consumidor. Isto recebe incentivo através do 13o salário e
dos empregos temporários da época. Resta, para aqueles que não possuem
dinheiro para realizar o ato fundamental do natal atual – comprar –, a
insatisfação manifestada sob as mais variadas formas (tristeza,
conflitos familiares, etc.).
O natal também possui um significado de produzir uma pseudestesia
coletiva de alegria. O clima de festividade, mesclado com o consumismo e
mensagens religiosas de harmonia e paz, provoca uma falsa sensação de
alegria – para aqueles que se inserem no mercado consumidor – que logo
se dissipa e é substituído pela dura realidade da vida cotidiana, com
todos os seus conflitos e dilemas.
Desta forma, o natal ganha um significado predominantemente mercantil
na sociedade contemporânea e os apelos para a recuperação de seu
sentido religioso só possuem ecos em círculos restritos, nos quais a
religiosidade ainda é importante. Assim, o natal revela ser aquilo que
Marx afirmou ser a religião, pois ele revela ser a expressão e, ao mesmo
tempo, a “dignidade espiritualista”, a “sanção moral”, o “complemento
solene”, o “consolo” e a “justificação” deste mundo mercantil e
coisificado. A superação da pseudestesia coletiva de alegria que é o
natal, a falsa alegria, deve, pois, ser substituída pela verdadeira
alegria, que vai muito além da coleção de mercadorias e presentes ou de
apelos hipócritas a uma religiosidade silenciada pelo reino da
mercadoria. O natal é expressão deste mundo e a superação deste é o meio
necessário para a superação da pseudestesia natalina. Desta maneira, as
flores imaginárias que enfeitam nossa prisão e nos consolam para
continuar nela, uma vez descobertas, deverão ser arrancadas para que no
lugar delas possam brotar flores verdadeiras, pois somente assim a
alegria imaginária será substituída pela alegria real.
Saiba mais
Para que serve o Natal?
"A falsa cristandade do Natal não perdoa quem lhes vira as costas e manda à merda. A mediocridade não perdoa a soberba e o desprezo. Os alienados não perdoam quem lhes evidencia a cegueira na desgraça. Felizmente sei disso há muito, e se escrevo como escrevo, com a dor e a revolta no sangue, não é para mudar nada, nem para que a razão ilumine os cegos; é apenas para manter minha própria razão enquanto cinicamente me lambuzo nos mesmos pratos de toda essa cornoália".
por Tomázio Aguirre
O Natal ainda tem suas utilidades e significados. O óbvio é o
consumismo, o trabalho extra para a turba de desempregados, o pretexto
para os funcionários públicos terem mais recessos e bonificações, e a
desculpa para a cachaça, para a comilança, para o prazer desenfreado na
futilidade das compras e para as conversas imbecis em longas rodas de
bêbados.
Mas o Natal, no Brasil, como a Copa do Mundo, serve para se esconder a
merda; para o Brasil tornar-se, por alguns dias, ainda mais invisível
para os brasileiros.
Tanto na Copa quanto no Natal aquilo que mais causa dor à maioria dos
brasileiros cessa, que é ter que trabalhar feito cão em empreguinhos
sem sentido. Só de não trabalhar já é motivo para se sentir alegre e
comemorar.
O Natal ainda é prelúdio do fim de um ano e começo de outro. Num país
fodido em que nada muda, e quando muda é para pior, mudar de um ano
para outro é o máximo de revolução que se consegue.
Na Copa do Mundo ainda é preciso que os jogadores, milionários e
transformados em bon vivant europeus, se esforcem um pouco e vençam
adversários. Só assim a cachaça e alegria podem continuar. No Natal,
não. Basta entoar os bordões de costume, e beber, abraçar e festejar.
Festejar o que? Nada. Só festejar e ter prazer. Pronto, é Natal.
Emendado ao Reveillon, então, é só um prolongado carnaval fora de época.
Mas no carnaval tudo ainda é muito descarado, as festas são muito
agitadas, voltada para os mais jovens, mais desesperados e mais bêbados
poderem se pegar e se esfregar. Consequentemente, muita gente fica de
fora: as senhorinhas, as vovozinhas, os caretinhas, os puritanos, os
muito feios, os muito tímidos, os mais religiosos, os roqueiros, etc. Já
o Natal é da família, é de todos. O Natal é o carnaval dos excluídos do
carnaval; e ainda tem a expectativa, os joguinhos, os abracinhos, as
viagens, as reuniões de família, o oba-oba dos shoppings, as luzes, o
clima de festa na Rede Globo. A desgraça que reina no Brasil dá um tempo
para os brasileiros; é afastada do cotidiano, dos noticiários de TV, e é
possível relaxar um pouco – embora tenha que ser à custa de cerveja,
muita cerveja.
Quantos Natais esse país ainda agüenta? Acho que muitos. Inversamente
proporcional à desgraça dos brasileiros, o Natal e o Carnaval parecem
ter um futuro promissor e vida longa, mais até do que a Copa do Mundo –
onde o joguinho de jogadores milionários e apátridas vai se tornar cada
vez mais enfadonho.
Um povo não afunda só em sofrimento; afunda em deleite, prazer e
cegueira para o que lhe atinge. Um povo que festeja para socorrer-se da
desgraça mostra já ter perdido a sua capacidade de reagir. Não é à toa
que só alguns povos africanos continuam tão alegres quanto os
brasileiros. Compartilham a alegria na desgraça. Comemoram a liberdade
de se iludirem no caos. O que mais há para fazer? Nada. Viva o Natal!
A consciência de que o Natal é isso, nada mais que isso, no entanto,
já desfaz a possibilidade de que o Natal funcione com este fim. Um Natal
negativo, trágico, saboreado apenas como um ato a mais da desgraça
geral, portanto, não tem como funcionar para a alienação da desgraça
iminente. O Natal só é Natal se a maioria das pessoas o vivenciarem, em
toda sua idiotice, no mais absoluto desconhecimento de sua real
serventia. Desmascarar o Natal, ou denunciar sua função social, o
inutilizaria, com a conseqüência de ameaçar antecipar um estado de
horror insuportável diante da desgraça. É do humano preferir a ilusão à
finitude e à morte.
A possibilidade de desnudar o Natal, portanto, só existe no campo da
hipótese, não do que se torna prático. A prática justamente é o oposto, é
o próprio Natal, avassalador em desmanchar qualquer crítica, qualquer
reflexão, qualquer reação. Enquanto escrevo, em outra sala já me esperam
o cigarro e a cerveja.
É Natal, e o Natal me cerca de todos os lados. No máximo conseguirei
escapar da leitoa e dos sobrinhos cobrando presentes. Entorpecido pelo
cigarro e pela cerveja vou ter que sorrir, abraçar e comemorar. Amigo
secreto também é de doer. Não comprei presentes, mas não tenho dúvidas,
alguém há de tê-lo feito por mim. Colocar-me-ão um presentinho em minhas
mãos. Meu sorriso vai amarelar-se ainda mais; meus goles na cerveja se
atropelarão. É Natal e eu vou ter que me conformar. Vou ter que me
embriagar. Vou ter que comemorar.
Não conheço quem não o comemore; e se nesse dia mando todos à merda,
nos outros, quando de alguém precisar, vou ser obrigado a ouvir o
desdém. A falsa cristandade do Natal não perdoa quem lhes vira as costas
e manda à merda. A mediocridade não perdoa a soberba e o desprezo. Os
alienados não perdoam quem lhes evidencia a cegueira na desgraça.
Felizmente sei disso há muito, e se escrevo como escrevo, com a dor e a
revolta no sangue, não é para mudar nada, nem para que a razão ilumine
os cegos; é apenas para manter minha própria razão enquanto cinicamente
me lambuzo nos mesmos pratos de toda essa cornoália.
Sou um rato, um cínico, um covarde. Enquanto puder, trabalho para que
a desgraça fique a meu favor. Não quero que ninguém pare de se lambuzar
no Natal, nem de peidar, nem de arrotar, nem de se embriagar feito
porco. Se me entristeço sobre o fim que leva esse país, tenho que me
conformar de que apenas eu e muito poucos vamos estar cientes desse
fato. A maioria vai seguir como manada em estouro, satisfeita por poder
correr às cegas. Sou minoria esmagada, e se não quiser ser, terei que
deixar-me correr com a manada. Ou cair fora dela, e vagar solitário –
até cair sozinho.
Viva o Natal! Saio deste ato e dirijo-me a outro. Vou embriagar-me e
esquecer deste texto - ao menos por horas. Para isso serve o Natal. Para
isso serve esse texto. Posso enfim tratar das futilidades como se não o
fossem. Tirem-me daqui!... Aumentem a TV e o som! Cheguei para não
estragar a festa.
Fonte: BRASIL APOCALÍPTICO
Crônicas e ensaios sobre um país afundado
em caos e ilusão.
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