Diante desse quadro, resta ainda uma saída honrosa para os 11 ministros do STF: anular o golpe, por desvio de finalidade, e devolver o poder a Dilma Rousseff para que ela convoque novas eleições, como é o desejo da população brasileira.
É um cenário provável?
Não.
Mas é o único que devolveria um mínimo de dignidade ao Brasil.
Os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal ainda têm uma última chance
de limpar suas biografias, depois de terem permitido a maior tragédia da
história do Brasil, que foi o golpe parlamentar de 2016; com a
condenação do ex-deputado Eduardo Cunha a 15 anos e quatro meses de
prisão, confirma-se o que foi dito pelo escritor português Miguel Sousa
Tavares sobre o impeachment: "uma assembleia de bandidos presidida por
um bandido"; o que ninguém consegue explicar é por que o STF só afastou
Cunha do comando da Câmara depois que ele pôde ferir de morte a
democracia brasileira, permitindo que os 54 milhões de votos da
presidente legítima Dilma Rousseff fossem jogados no lixo; além da
condenação de Cunha, uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira revela
que, para 90% dos brasileiros, o Brasil segue no rumo errado sob o
comando de Michel Temer, cuja gestão é um fiasco ético, social e
econômico
Em 17 de abril do ano passado, o
então deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) conduziu a sessão da Câmara dos
Deputados que ficará registrada nos livros de História como o "Dia da
Infâmia".
Naquele dia, centenas deputados investigados por corrupção
acolheram um processo de impeachment sem crime de responsabilidade – ou
seja, um golpe parlamentar – contra uma presidente honesta. Uma situação
tão surreal que foi definida pelo escritor português Miguel Sousa
Tavares como "uma assembleia de bandidos, presidida por um bandido" (relembre aqui).
Assim, abriu-se o caminho para que 54 milhões de votos fossem rasgados, ferindo de morte a democracia brasileira.
Menos de vinte dias depois, em 5 de maio de 2016, o então
ministro Teori Zavascki decidiu afastar Cunha do mandato e da
presidência da Câmara, em razão das acusações de corrupção, evasão de
divisas e lavagem de dinheiro pelas quais ele agora foi condenado.
No entanto, o pedido de afastamento de Cunha já havia sido
formulado pelo procurador-geral Rodrigo Janot, muitos meses antes,
deixando no ar uma dúvida inquietante: por que o STF só agiu depois que a
democracia brasileira foi ferida?
Ao que tudo indica, por receio de que os ministros fossem acusados de estar interferindo em outro poder.
Agora, no entanto, o quadro é o outro.
Praticamente um ano após o golpe, o Brasil se converteu na
vergonha do mundo. Tem um governo que não é respeitado nem pelos
vizinhos mais próximos e uma economia em queda livre – a despeito das
promessas de "volta da confiança". Hoje, por exemplo, o IBGE divulgou
que as vendas do comércio recuaram 7% em janeiro (leia aqui).
O golpe, no entanto, não é um fracasso apenas econômico. Do
ponto de vista moral, é uma agressão aos brasileiros. Nada menos que
nove ministros de Michel Temer, além dele próprio, estão implicados em
acusações de corrupção e caixa dois eleitoral.
Além disso, uma pesquisa Ipsos divulgada nesta quinta-feira
aponta que, para 90% dos brasileiros, o Brasil segue no rumo errado com
Michel Temer (leia aqui).
Diante desse quadro, resta ainda uma saída honrosa para os
11 ministros do STF: anular o golpe, por desvio de finalidade, e
devolver o poder a Dilma Rousseff para que ela convoque novas eleições,
como é o desejo da população brasileira.
É um cenário provável?
Não.
Mas é o único que devolveria um mínimo de dignidade ao Brasil.
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