segunda-feira, 24 de abril de 2017

MT SEM SAÚDE, GOLPE E TIRADENTES


Para piorar ainda mais a situação já caótica, e empurrar mais rapidamente a saúde pública ao colapso, o governador de Mato Grosso se aventurou em apoiar um projeto golpista, cujo usurpador do poder, o já delatado na Lava Jato, o maçom Michel Temer (citado por delatores por ter participado de uma reunião em que foi combinado o repasse de 40 milhões de dólares em propina pela Odebrecht), fará uma redução de recursos para o SUS superior a R$ 400 bilhões nos próximos 20 anos. 
 


RD News


Por Antonio Cavalcante Filho 


Nesta sexta-feira, 21 de abril, estamos reverenciando, num feriado nacional, o dia da morte de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira. Mesmo não tendo sido um antiescravista, como dizem alguns, foi ele um revolucionário do seu tempo que militou com coragem num movimento contra o regime de opressão e espoliação estrangeira do Brasil.

Muito se tem falado ultimamente sobre os gravíssimos problemas gerados pelo descaso à atenção primária em saúde pública oferecida pelo SUS em Mato Grosso. Para se ter uma ideia do tamanho e gravidade dessa problemática, basta dizer que Cuiabá precisa hoje de 270 leitos no SUS, podendo esse déficit subir para 500, se levarmos em conta que o Pronto Socorro é referência para os demais municípios.

A falta de gestão na saúde pública levou o Tribunal de Contas do Estado a realizar uma auditoria especial para identificar a sua real situação, e principalmente para entender até que ponto a sociedade está satisfeita ou não com os serviços prestados, em Mato Grosso, nessa área.

A auditoria do TCE, cuja conclusão pode ser encontrada no portal da Corte de Contas, teve como objetivo analisar o processo de planejamento das políticas de Atenção Básica e se elas refletem as necessidades da população, considerando a articulação com os demais níveis de atenção à saúde, principalmente nos municípios.

O resultado é estarrecedor, e demonstra a enorme distância que existe entre as políticas que planeja o governo Pedro Taques (se é que este planeja alguma coisa), o real interesse dos cidadãos, e o vínculo com as demais políticas públicas da União e dos municípios, para a sensível área de saúde.

A primeira grande questão revelada foi que, somente 9,5% dos dirigentes municipais de saúde responderam a uma pesquisa de opinião concordando com a política de saúde estadual. Cerca de 23,8% dos gestores locais disseram que discordam totalmente, e outros 38,10% revelaram que mais discordam do que concordam com os destinos do sistema de saúde em nosso Estado.

Outra informação que assusta.

Dados colhidos durante a execução do trabalho de Auditoria Operacional na Assistência Farmacêutica, feita pelo TCE, mostram que é falha a infraestrutura dos Escritórios Regionais para apoiar os municípios. Na pesquisa, 67% dos diretores regionais de saúde responderam que a SES-MT não oferece suporte suficiente e adequado para que a unidade execute as atividades que lhe são atribuídas.

As informações sobre os materiais de trabalho disponíveis demonstram o descaso com as políticas que se destinam a atender as pessoas doentes. Em 69% das unidades de saúde não existe uma cadeira de rodas sequer para atender os pacientes; em 14% não existe um estetoscópio infantil; as vacinas podem perecer em 13% das unidades por inexistir geladeira para a conservação dos medicamentos. Em outras unidades de saúde, que chegam a 10% do total, não existem balanças, o que compromete o acompanhamento de gestantes e seus bebês recém-nascidos.

E, por fim, outra informação de grande relevância, e que merece toda atenção da sociedade mato-grossense, e principalmente daqueles que dependem do sistema de saúde público (a grande maioria da população): o governo federal mantém um cadastro denominado Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (Siops), e nele os dados mostram que a soma das despesas aplicadas na Atenção Básica pela União, em 2012, atingiu o montante de R$ 13.309.828.996,59 e em 2013 o valor alcançou a quantia de R$ 14.485.217.368,89.

Ou seja, vem numa curva crescente, diferente do governo estadual. O valor liquidado pelo Estado de Mato Grosso, nesse nível de atenção e no mesmo período, foi o seguinte: em 2012, R$ 47.471.533,01; em 2013, R$ 34.913.959,47; e, até junho de 2014, foi de R$ 8.989.780,48, conforme levantado pela auditoria do TCE.

Diante isso é fácil deduzir que as famílias mato-grossenses vão continuar, por muito tempo, vivendo o drama de sofrer a humilhação e a dor de ver seus entes queridos morrendo à míngua, por falta de recursos, de materiais ambulatoriais e cirúrgicos, de medicamentos e de uma assistência médica eficiente e humanizada. E tudo isso, sem falar no risco permanente de contrair a malária e a dengue em suas diversas vertentes, todos os anos, porque os mosquitos mudam e são ágeis, enquanto o governo é lento, lerdo e inoperante.

Como o atual secretário de Saúde se preocupa mais em sustentar seu hábito de baforar em ambientes fechados, violando a lei federal número 12.546, em seu artigo 49 (que proíbe cigarros em órgãos públicos), isso nos dá uma mostra da preocupação governamental que existe em relação à prevenção de doenças. Enquanto isso, no dia 18 deste mês (terça-feira), o Pronto Socorro de Cuiabá contava com 140 pacientes acima de sua capacidade de atendimento.

Mas, para piorar ainda mais a situação já caótica, e empurrar mais rapidamente a saúde pública ao colapso, o governador de Mato Grosso se aventurou em apoiar um projeto golpista, cujo usurpador do poder, o já delatado na Lava Jato, o maçom Michel Temer (citado por delatores por ter participado de uma reunião em que foi combinado o repasse de 40 milhões de dólares em propina pela Odebrecht), fará uma redução de recursos para o SUS superior a R$ 400 bilhões nos próximos 20 anos.

Neste caso, ao cidadão resta não apenas a opção de rezar, pedindo proteção ao Divino para não adoecer, mas principalmente o dever de ocupar as ruas exigindo o imediato restabelecimento da Democracia.
É a única medida que existe para barrar os ataques contra a Previdência Social, a saúde pública, a educação, os direitos trabalhistas, e principalmente para se opor à entrega das nossas riquezas à sanha de uma elite predadora, e proteger o Brasil da criminosa cobiça do capitalismo internacional.

Lute.

É o que faria o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o nosso Tiradentes.

O direito à saúde é uma necessidade intrínseca à dignidade da pessoa humana e dá própria vida, que não podemos abrir mão para um conluio de escroques, de pulhas, de corruptos, de estelionatários, de bandidos e lesa-pátria que assaltaram o poder no Brasil em 31 de agosto de 2016.

Oxalá, que os brasileiros de hoje tivessem a mesma audácia de um Tiradentes, que nos "Autos de Devassa da Inconfidência Mineira" se manteve com bravura e dignidade, conforme registram seus depoimentos. Segundo Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, ao juntar alguns fragmentos das declarações do réu Joaquim José da Silva Xavier, foi revelado que ele teria dito:

“É verdade que o povo sofre e que induzi muita gente a combater em Vila Rica. É verdade que o povo ignora que se pode libertar a si mesmo e que induzi muita gente a que armasse o povo para que se libertasse. É verdade que eu queria para mim a ação de maior risco. É verdade que eu desejava meu país livre, independente, republicano. E é verdade que se existissem mais brasileiros como eu, o Brasil seria uma nação florente”.

“Feliz é o povo que não tem heróis”, cantou certa vez Bertolt Brecht em seus poemas. Quando uma nação atingiu um nível de consciência, a tal ponto de tomar em suas próprias mãos o seu destino, ninguém mais é capaz de explorá-la, oprimi-la ou dominá-la. Revolucionário ou não, herói ou não, ou, apenas mais um mito criado pelos militares que derrubaram D. Pedro II através do Golpe de Estado Republicano de 1889, Tiradentes é, sem dúvida, uma fonte de inspiração libertadora para o povo brasileiro.

Antonio Cavalcante Filho é sindicalista, cidadão mato-grossense e escreve suas angústias neste blog às sextas-feiras. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News


PELO IMEDIATO RESTABELECIMENTO DA DEMOCRACIA, CONTRA AS REFORMAS DA PREVIDÊNCIA, TRABALHISTA, E DA TERCEIRIZAÇÃO, VAMOS TODOS ÀS RUAS NO DIA 28/04. EM CUIABÁ A CONCENTRAÇÃO SERÁ NA PRAÇA IPIRANGA, ÀS 15Horas.





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