Para piorar ainda mais a situação já caótica, e empurrar mais rapidamente a saúde pública ao colapso, o governador de Mato Grosso se aventurou em apoiar um projeto golpista, cujo usurpador do poder, o já delatado na Lava Jato, o maçom Michel Temer (citado por delatores por ter participado de uma reunião em que foi combinado o repasse de 40 milhões de dólares em propina pela Odebrecht), fará uma redução de recursos para o SUS superior a R$ 400 bilhões nos próximos 20 anos.
RD News
Por Antonio Cavalcante Filho
Nesta sexta-feira, 21 de abril, estamos reverenciando, num feriado nacional, o dia da morte de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira. Mesmo não tendo sido um antiescravista, como dizem alguns, foi ele um revolucionário do seu tempo que militou com coragem num movimento contra o regime de opressão e espoliação estrangeira do Brasil.
Muito se tem falado ultimamente sobre os gravíssimos problemas
gerados pelo descaso à atenção primária em saúde pública oferecida pelo
SUS em Mato Grosso. Para se ter uma ideia do tamanho e gravidade dessa
problemática, basta dizer que Cuiabá precisa hoje de 270 leitos no SUS,
podendo esse déficit subir para 500, se levarmos em conta que o Pronto
Socorro é referência para os demais municípios.
A falta de gestão na saúde pública levou o Tribunal de Contas do
Estado a realizar uma auditoria especial para identificar a sua real
situação, e principalmente para entender até que ponto a sociedade está
satisfeita ou não com os serviços prestados, em Mato Grosso, nessa área.
A auditoria do TCE, cuja conclusão pode ser encontrada no portal da
Corte de Contas, teve como objetivo analisar o processo de planejamento
das políticas de Atenção Básica e se elas refletem as necessidades da
população, considerando a articulação com os demais níveis de atenção à
saúde, principalmente nos municípios.
O resultado é estarrecedor, e demonstra a enorme distância que existe
entre as políticas que planeja o governo Pedro Taques (se é que este
planeja alguma coisa), o real interesse dos cidadãos, e o vínculo com as
demais políticas públicas da União e dos municípios, para a sensível
área de saúde.
A primeira grande questão revelada foi que, somente 9,5% dos
dirigentes municipais de saúde responderam a uma pesquisa de opinião
concordando com a política de saúde estadual. Cerca de 23,8% dos
gestores locais disseram que discordam totalmente, e outros 38,10%
revelaram que mais discordam do que concordam com os destinos do sistema
de saúde em nosso Estado.
Outra informação que assusta.
Dados colhidos durante a execução do trabalho de Auditoria
Operacional na Assistência Farmacêutica, feita pelo TCE, mostram que é
falha a infraestrutura dos Escritórios Regionais para apoiar os
municípios. Na pesquisa, 67% dos diretores regionais de saúde
responderam que a SES-MT não oferece suporte suficiente e adequado para
que a unidade execute as atividades que lhe são atribuídas.
As informações sobre os materiais de trabalho disponíveis demonstram o
descaso com as políticas que se destinam a atender as pessoas doentes.
Em 69% das unidades de saúde não existe uma cadeira de rodas sequer para
atender os pacientes; em 14% não existe um estetoscópio infantil; as
vacinas podem perecer em 13% das unidades por inexistir geladeira para a
conservação dos medicamentos. Em outras unidades de saúde, que chegam a
10% do total, não existem balanças, o que compromete o acompanhamento
de gestantes e seus bebês recém-nascidos.
E, por fim, outra informação de grande relevância, e que merece toda
atenção da sociedade mato-grossense, e principalmente daqueles que
dependem do sistema de saúde público (a grande maioria da população): o
governo federal mantém um cadastro denominado Sistema de Informações
sobre Orçamentos Públicos em Saúde (Siops), e nele os dados mostram que a
soma das despesas aplicadas na Atenção Básica pela União, em 2012,
atingiu o montante de R$ 13.309.828.996,59 e em 2013 o valor alcançou a
quantia de R$ 14.485.217.368,89.
Ou seja, vem numa curva crescente, diferente do governo estadual. O
valor liquidado pelo Estado de Mato Grosso, nesse nível de atenção e no
mesmo período, foi o seguinte: em 2012, R$ 47.471.533,01; em 2013, R$
34.913.959,47; e, até junho de 2014, foi de R$ 8.989.780,48, conforme
levantado pela auditoria do TCE.
Diante isso é fácil deduzir que as famílias mato-grossenses vão
continuar, por muito tempo, vivendo o drama de sofrer a humilhação e a
dor de ver seus entes queridos morrendo à míngua, por falta de recursos,
de materiais ambulatoriais e cirúrgicos, de medicamentos e de uma
assistência médica eficiente e humanizada. E tudo isso, sem falar no
risco permanente de contrair a malária e a dengue em suas diversas
vertentes, todos os anos, porque os mosquitos mudam e são ágeis,
enquanto o governo é lento, lerdo e inoperante.
Como o atual secretário de Saúde se preocupa mais em sustentar seu
hábito de baforar em ambientes fechados, violando a lei federal número
12.546, em seu artigo 49 (que proíbe cigarros em órgãos públicos), isso
nos dá uma mostra da preocupação governamental que existe em relação à
prevenção de doenças. Enquanto isso, no dia 18 deste mês (terça-feira), o
Pronto Socorro de Cuiabá contava com 140 pacientes acima de sua
capacidade de atendimento.
Mas, para piorar ainda mais a situação já caótica, e empurrar mais
rapidamente a saúde pública ao colapso, o governador de Mato Grosso se
aventurou em apoiar um projeto golpista, cujo usurpador do poder, o já
delatado na Lava Jato, o maçom Michel Temer (citado por delatores por
ter participado de uma reunião em que foi combinado o repasse de 40
milhões de dólares em propina pela Odebrecht), fará uma redução de
recursos para o SUS superior a R$ 400 bilhões nos próximos 20 anos.
Neste caso, ao cidadão resta não apenas a opção de rezar, pedindo
proteção ao Divino para não adoecer, mas principalmente o dever de
ocupar as ruas exigindo o imediato restabelecimento da Democracia.
É a única medida que existe para barrar os ataques contra a
Previdência Social, a saúde pública, a educação, os direitos
trabalhistas, e principalmente para se opor à entrega das nossas
riquezas à sanha de uma elite predadora, e proteger o Brasil da
criminosa cobiça do capitalismo internacional.
Lute.
É o que faria o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o nosso Tiradentes.
O direito à saúde é uma necessidade intrínseca à dignidade da pessoa
humana e dá própria vida, que não podemos abrir mão para um conluio de
escroques, de pulhas, de corruptos, de estelionatários, de bandidos e
lesa-pátria que assaltaram o poder no Brasil em 31 de agosto de 2016.
Oxalá, que os brasileiros de hoje tivessem a mesma audácia de um
Tiradentes, que nos "Autos de Devassa da Inconfidência Mineira" se
manteve com bravura e dignidade, conforme registram seus depoimentos.
Segundo Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, ao juntar alguns
fragmentos das declarações do réu Joaquim José da Silva Xavier, foi
revelado que ele teria dito:
“É verdade que o povo sofre e que induzi muita gente a combater em
Vila Rica. É verdade que o povo ignora que se pode libertar a si mesmo e
que induzi muita gente a que armasse o povo para que se libertasse. É
verdade que eu queria para mim a ação de maior risco. É verdade que eu
desejava meu país livre, independente, republicano. E é verdade que se
existissem mais brasileiros como eu, o Brasil seria uma nação florente”.
“Feliz é o povo que não tem heróis”, cantou certa vez Bertolt Brecht
em seus poemas. Quando uma nação atingiu um nível de consciência, a tal
ponto de tomar em suas próprias mãos o seu destino, ninguém mais é capaz
de explorá-la, oprimi-la ou dominá-la. Revolucionário ou não, herói ou
não, ou, apenas mais um mito criado pelos militares que derrubaram D.
Pedro II através do Golpe de Estado Republicano de 1889, Tiradentes é,
sem dúvida, uma fonte de inspiração libertadora para o povo brasileiro.
Antonio
Cavalcante Filho é sindicalista, cidadão mato-grossense e escreve suas
angústias neste blog às sextas-feiras. E-mail:
antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News
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