Assim, como o filósofo, sociólogo e socialista revolucionário, Karl Marx, dizia que “o caminho do inferno está pavimentado de boas intenções”, eu, um nordestino cearense, ouso afirmar que os demônios das profundezas abismais já estão empanturrados de tanto devorarem compulsivo e desesperadamente churrascos de “corações generosos”, esturricados nas labaredas do inferno.
E me dá arrepios. Pois, de “boas intenções”, o inferno tá cheio, já
dizia o pensador, poeta e crítico literário inglês Samuel Johnson.
Por Antonio Cavalcante Filho
Tenho dito a vida toda que a corrupção, ou a quebra de regras legalmente estabelecidas para beneficiar alguém, é um mal que atinge a nossa sociedade, e a densidade danosa é tão grande que atinge a própria normalidade democrática. Desde o início do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral), lá na virada do século passado, entendíamos que, as atividades criminosas desenvolvidas por partidos políticos, ou candidatos a cargos eletivos durante a campanha eleitoral, tinham como resultado uma gestão desonesta, que surrupia recursos públicos e condena gerações de seres humanos à miséria.
Tenho dito a vida toda que a corrupção, ou a quebra de regras legalmente estabelecidas para beneficiar alguém, é um mal que atinge a nossa sociedade, e a densidade danosa é tão grande que atinge a própria normalidade democrática. Desde o início do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral), lá na virada do século passado, entendíamos que, as atividades criminosas desenvolvidas por partidos políticos, ou candidatos a cargos eletivos durante a campanha eleitoral, tinham como resultado uma gestão desonesta, que surrupia recursos públicos e condena gerações de seres humanos à miséria.
É que a pessoa eleita criminosamente responde para as empresas que o
financiou e não aos eleitores que confiaram-lhe o voto, outorgando-o a
procuração democrática. E isso, é uma deturpação monstruosa do processo
de democracia indireta.
Aí surgiu a tal Operação Lava Jato, que provocou um turbilhão no
país, quebrou o sistema de pesquisa do submarino nuclear, entregou o
rico pré-sal para as petroleiras estrangeiras, o que de longe é um crime
contra todos nós (bem maior que os delitos investigados). Para se ter
uma ideia, com a criação do Mercosul e a união de países sul americanos,
somando as reservas de petróleo brasileira e venezuelanas conhecidas,
teríamos aqui a segunda maior potência petrolífera do mundo, perdendo
apenas para a Arábia Saudita.
Seriam gerados trilhões de dólares em riqueza, que poderiam ser
gastos em políticas educacionais e de saúde, elevando o Brasil aos
patamares de potência mundial em poucos anos. Mas, tudo isso agora é
coisa do passado, como a política de criar empresas nacionais com
capacidade de competir com os demais países do mundo. O país teve uma
política de financiar empresas para competir mundialmente, mas essa
estratégia também foi destruída, dolosamente ou não, pelos iluminados do
judiciário e do ministério nada público, atendendo, quem sabe, aos
interesses dos “States”?
Não podemos esquecer que, quase 80% das operações do JBS já estão no
exterior. Só nas terras do Tio San, que deseja desestabilizar político e
economicamente o Brasil, e onde Joesley Batista já está fixando
residência, estão 56 fábricas de processamento de carne, mais ou menos a
metade das suas vendas globais.
Todos nós, em sã consciência, repudíamos os crimes contra a
administração pública e condenamos a corrupção. Mas violar as regras
democráticas, legais e constitucionais, para justificar investigações e
aplicar punições, é de longe o pior método, e os tais procuradores e
juízes da “república de Curitiba” auxiliaram para quebrar o país (além
de serem partícipes do Golpe midiático-parlamentar-judicial, praticado
originalmente sob a liderança de um gângster).
E acho, sinceramente, que a Lava Jato é uma ação ideológica, pois
desde sempre se recusou a investigar alguns “alvos”. Os juízes e
procuradores da citada operação foram fotografados e filmados, não
poucas vezes, juntos a notórios bandidos, entre eles Aécio Neves e
Michel Temer, esses seres deploráveis que estão na linha de frente do
golpe contra a democracia. Para esse ataque ao mandato de quem combatia a
corrupção, a presidenta eleita Dilma Roussef, os caciques contaram com
apoio de figuras menores, como Pedro Taques em Mato Grosso.
Quando digo que duvido de que a Lava Jato demonstre respeito ao
devido processo legal, é porque um dia desses o juiz da operação
absolveu a jornalista Claudia Cruz, esposa do condenado Eduardo Cunha.
Segundo o procurador que atua no caso, a absolvição se deu mais em razão
do “coração generoso” do juiz Moro, ácido crítico do ex-presidente
Lula, a quem deseja, com todas as forças de sua alma, condenar, nem que
seja com base em notícia de jornal.
Estranhei a absolvição da mulher de Cunha. Nunca vi “coração generoso” absolver e nem condenar ninguém.
Fui ao dicionário.
A locução “coração generoso” não existe, “generoso” é o adjetivo
daquele que é capaz de deixar de lado os seus próprios interesses para
ajudar uma outra pessoa; que tem bons sentimentos; de bom caráter.
Próprio da pessoa que age ou pensa sem interesses próprios. Perdulário;
que oferece muito dinheiro a: é rico, mas generoso.
E me dá arrepios. Pois, de “boas intenções”, o inferno tá cheio, já
dizia o pensador, poeta e crítico literário inglês Samuel Johnson.
A jornalista Cláudia Cruz, ex-empregada da Rede Globo, era acusada
dos crimes de lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas.
Segundo o que consta na ação penal, a origem seria um contrato de
aquisição pela Petrobras dos direitos de participação na exploração de
campo de petróleo na República do Benin, e o negócio teria envolvido o
pagamento de propina ao ex-deputado Eduardo Cunha de cerca de 1,3 milhão
de francos suíços, correspondentes a cerca de US$ 1,5 milhão.
Segundo a Lava Jato, pelo menos US$ 1 milhão teria abastecido a conta
Kopec, mantida por Cláudia Cruz na Suíça. Há assinatura dela no
documento de abertura da conta corrente, os extratos dos gastos com
artigos de luxo estão no processo, mas a sentença de Sergio Moro disse
que faltavam provas de ilicitudes.
E trago o conceito de “coração generoso” do procurador da Lava Jato para os acontecimentos locais.
A Prefeitura de Cuiabá destruiu uma quantidade enorme de árvores na
lagoa do Paiaguás, e projetou a construção de uma pista de caminhada e
duas choperias para uso e deleite de uma classe média que deseja se
identificar com a alta burguesia. O custo da destruição das matas é
evidente, e o valor gasto com o Parque das Águas ficaria bem melhor em
obras como a distribuição de água e o tratamento de esgoto aos
cuiabanos.
Como a opção do “coração generoso” do prefeito e do governador foi
outra, os problemas reais se revelam, a lagoa está infectada e a
principal causa é o esgoto não tratado que é lançado, desde sempre, por
órgãos do governo estadual.
A “pedalada” do prefeito e governador é descrita em um relatório
entregue para o Ministério Público, e a poluição tem causado, inclusive a
mortandade de peixes, já que a lagoa agora não tem a proteção da mata
ciliar, e jacarés foram avistados na pista de caminhada. Interessante é
que, o Ministério Público nada tinha dito até agora que a obra era
desnecessária e – pelo contrário – que seria extremamente danosa ao meio
ambiente. Será que discutir a demolição de construções antigas da
avenida Beira Rio é mais prioritária?
Lá na Lava Jato, a absolvição de uma mulher que gastou milhões de
recursos desviados de contratos públicos decorreu, segundo o procurador
Carlos Fernando dos Santos Lima, do “coração generoso” do juiz federal
Sérgio Moro. E aqui, em Cuiabá, onde falta água tratada nas torneiras
das casas das pessoas, qual foi o “coração generoso” que permitiu a
destruição da mata para a construção das choperias do “parque das
águas”?
Deve ter sido também o “coração generoso” do empresário Joesley
Batista, do grupo JBS, que em 2011 fez ele ceder seu avião particular,
enfeitado de flores, para Michel Temer e sua esposa Marcela curtirem em
Comandatuba, no litoral baiano, alguns dias de “férias”.
Assim, como o filósofo, sociólogo e socialista revolucionário, Karl
Marx, dizia que “o caminho do inferno está pavimentado de boas
intenções”, eu, um nordestino cearense, ouso afirmar que os demônios das
profundezas abismais já estão empanturrados de tanto devorarem
compulsivo e desesperadamente churrascos de “corações generosos”,
esturricados nas labaredas do inferno.
Antonio Cavalcante Filho é sindicalista e escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News
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