Aos seus críticos Pedro Taque dizia que tinha autonomia porque a “fotinha” que apareceu na urna na eleição para governador em 2014, era a sua, e não a de nenhum dos eleitores, aliados, patrocinadores ou carregadores de bandeira que, com ele, estiveram em campo na dura missão de enganar os eleitores mato-grossenses.
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Por Antonio Cavalcante Filho
Tudo indica que ao perceberem o barco já à deriva, quase a pique, aqueles que até bem poucos dias estavam em seus porões, muito bem sevados, nos “comes e bebes”, navegando na calmaria dos pantanais e rios mato-grossenses em época de fartura, como na fábula dos ratos que abandonam o navio naufragante, começam a fugir do “Rei Sol Pantaneiro”, o ditadorzinho justiceiro do “Feudo Paiaguás”.
Isso é natural, dadas as (más) companhias que Pedro Taques escolheu
para governar com ele o Estado de Mato Grosso. Pois, o que se vê hoje,
por aqui, nesse “finzinho” de governo, é a cessação do convívio “paz e
amor” das falsas alianças dos oportunistas de ocasião, os politicoides
fisiológicos e carreiristas, que juntos com o governador impingiram ao
Estado uma sensação de terra-arrasada.
Quero lembrar que não só aqui em Mato Grosso, mas em todo o Brasil
impera um clima de desânimo, de falta de emprego e ocupação para jovens e
idosos, de diminuição das oportunidades nos mais diversos campos, de
quebra de empresas e destruição de investimentos.
Mas tudo isso tem uma gênese: o criminoso atentado contra a
democracia, que começa lá em 2013, com a manipulação televisiva das
massas (primavera brasileira, junho de 2013) e tem seu auge no processo
eleitoral de 2014, seguido do “golpitima”, a derrubada de uma presidenta
sem crime de responsabilidade, provocada por um grupo de bandidos da
política, que se uniram aos facínoras da mídia corporativa, sonegadores e
criminosos de colarinho branco travestidos de empresários, e uma
burguesia descerebrada, que se imortalizou na “dancinha do impítima”, do
rebolante MBL (que tem Blairo Maggi como aliado em Mato Grosso).
Tudo isso contribuiu com a destruição da indústria nacional e a
entrega do nosso petróleo, “de grátis”, para as petroleiras
estrangeiras, e mesmo o mega-favorecido agronegócio, que recebe uma
“bolsa-familiar” de 200 bilhões por ano (e mais o perdão de ICMS, que em
Mato Grosso chega a 7 bilhões anuais, metade do nosso orçamento) também
começa a pedir arrego e reconhecer que “errou na mão” ao apoiar o
golpe.
No acordo do Mercosul existe uma cláusula democrática (Protocolo de
Ushuaia, de 1998) que nele se prevê uma punição a um país associado,
onde haja violação à Democracia, podendo ser isolado e afastado dos
negócios internacionais.
Graças ao fato de ser o maior país de língua portuguesa do mundo, de
ter negócios e contratos com a Rússia, a China e a Índia, além de
melhorar as relações com a África (iniciativas do ex ministro Celso
Amorim) e, portanto, ser o motor da América do Sul, liderando os 12
países, o Brasil não sofre ameaças de seus vizinhos. Mas esse “temor
reverencial” não se aplica ao mundo, e o nosso país começa a ser
boicotado onde dói mais, no bolso, por ter adotado as opções erradas.
Podem me criticar o quanto quiserem, xingar meus parentes na caixa de
mensagens do blog, mandar comentários e críticas ácidas, geralmente
anônimas (falta coragem e raciocínio dedutivo?), mas contra os fatos não
há argumento: o golpe quebrou o Brasil!
Lá pelo mês de janeiro de 2015, logo após uma passagem obscura pelo
Senado federal, período em que passou criticando Dilma e indicando em
Mato Grosso os cargos federais da cota do PDT, após trair os ideais
trabalhistas e se filiar no PSDB (partido amado por 10 entre 10 membros
do sistema de “justissa”), eis que Pedro Taques, eleito governador
escolhe sua equipe a dedo para governar nosso Estado.
Aos seus críticos dizia que tinha autonomia porque a “fotinha” que
apareceu na urna na eleição para governador em 2014, era a sua, e não a
de nenhum dos eleitores, aliados, patrocinadores ou carregadores de
bandeira que, com ele, estiveram em campo na dura missão de enganar os
eleitores mato-grossenses.
E agora, para minha estupefata surpresa, vejo que ele não está só de brincadeirinha ao postular a sua reeleição.
Será que além de Luís XIV, "o Grande", ele se imagina ser também o
“Guerreiro Imortal do filme Highlander, com estilo regional, tipo um
Júlio Campos, por exemplo, ou José Sarney do pedaço, espécies de
políticos que parecem “frieira de dedo” em pé de jogador de pelada, que
ficam uns dias sem aparecer, mas sempre voltam, mesmo sem possuírem
utilidade nenhuma?
Só resolvi expressar a minha opinião deste modo porque a mais recente
operação policial busca mais “amiguxos” de Taques, por ele nomeados com
o poder dado pela sua “fotinha” na urna, e que fizeram malfeitos no
governo. Trata-se do gestor da Agência de Regulação (AGER), fato que
pode revelar uma porção de novas tramoias. Soube isso, com detalhes,
lendo os sites e portais de notícias, valiosas fontes de informação (e
as vezes de “venda” de opinião também!) e conversando com alguns amigos.
Além do enjoo que essas informações causam à gente, me preocupa o
impacto que isso tem no processo de eleição, porque o eleitor acaba
ficando sem opções. Os partidos políticos não se deram conta de que a
insistência na manutenção dos velhos métodos afasta as pessoas do
processo, e a omissão tem repercussão na democracia.
Sempre defendi o processo eleitoral legítimo, e acreditando que a
política (na inspiração aristotélica) é um dos instrumentos que a
humanidade possui para a sua evolução intelectual, colabora com o
progresso da comunidade humana, com aperfeiçoamento das técnicas de
gestão, com o melhoramento do processo de decisão coletiva e com o
partilhamento de responsabilidades. Todavia, a insistência nos velhos
métodos é deveras decepcionante.
Vi esta semana uma pretensa candidata ao Senado confirmar que já
contratou equipe de propaganda, mesmo que não tenha sido aprovada em
convenção, e autorizada pela Justiça Eleitoral a arrecadar recursos e
gastar na campanha (mas isso não é “caixa 2”?). E o pior: como
ex-magistrada quer manter os seguranças particulares pagos pelo sofrido
contribuinte mato-grossense. É mais do mesmo, Silval fez isso, Riva
também!
Por eleições vitoriosas de candidatos que prezem pelo respeito à
democracia, pela condenação do golpe e restauração da autonomia do
Brasil, pelas liberdades e garantias do povo, pelo fim dos privilégios, e
para que em Mato Grosso as “fotinhas” que aparecerão nas urnas em 2018
não sejam as mesmas que apareceram em 2014, viva o Estado Democrático de
Direito!
Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e
escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail:
antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News