Não há outro caminho se quisermos impedir a continuidade desse processo de destruição da economia do nosso país: intensificar a mobilização, denunciar a natureza do golpe em curso, esclarecer a população, lutar pelo restabelecimento da democracia no país, para que o Brasil possa retomar o caminho do desenvolvimento econômico, com distribuição de renda e justiça social.
Os golpistas estão levando o Brasil ao abismo
por Bebel*
A manchete do jornal O Estado de S. Paulo desta sexta-feira, 27/4, (Investimento público atinge o menor nível em 5 décadas)
é a melhor e mais chocante demonstração de que o impeachment
inconstitucional da Presidenta Dilma Rousseff representou um golpe
contra o nosso país e contra o povo brasileiro.
Esse brutal desinvestimento é consequência direta da chamada PEC da
morte, a Emenda Constitucional 95, que congela os gastos públicos por 20
anos aos níveis de 2016, provocando a redução real do papel do Estado
na economia e na vida do País, desviando recursos para a geração de
superávit primário e pagamento de dívidas especuladores financeiros e,
ao mesmo tempo, abrindo caminho para terceirizações e privatização dos
serviços públicos.
A reportagem do Estadão diz que “o investimento público no
Brasil chegou ao fundo do poço em 2017, quando União, Estados e
municípios investiram o equivalente a 1,17% do Produto Interno Bruto
(PIB) – o menor nível em quase 50 anos. A situação é tão grave que, no
ano passado, o dinheiro aplicado pelos três níveis de governo não foi
suficiente sequer para garantir a conservação de estradas, prédios e
equipamentos que pertencem ao poder público.”
Diz ainda o jornal que “o chamado “investimento líquido negativo” já
aparece nas contas do Tesouro em 2016, mas se agrava em 2017. A série
histórica dos investimentos construída pelos economistas Rodrigo Orair e
Sergio Gobetti, do Ipea, indica que, antes de 2017, os episódios de
menor investimento público foram registrados em 1999 e 2003, quando
atingiram cerca de 1,5% do PIB, mas logo voltaram a crescer.”
Os números acima são incontestáveis.
Os golpistas estão levando o Brasil a um limite insustentável do
ponto de vista econômico e social, cujas consequências podem ser
observadas nas ruas das nossas cidades.
Há cortes profundos e progressivos nos programas sociais, o
desemprego atingiu mais de 13 milhões de pessoas em março de 2018 (12,6%
da população economicamente ativa).
Em 2017 a pobreza extrema se elevou em 11%.
Conforme os números publicados pelo jornal Valor Econômico, 14,8 milhões de brasileiros são miseráveis —considerando uma linha de R$ 136 mensais.
Neste quesito, o Brasil retrocedeu 10 anos desde que o golpe foi consolidado, em agosto de 2016.
O desinvestimento público provoca um círculo vicioso que trará ainda
mais retração da atividade econômica, consequentemente menor arrecadação
para o Estado, em todos os seus níveis e, novamente, menores taxas de
investimento público.
Com isso, perde o Estado capacidade de suprir os serviços sob sua
responsabilidade, gerando piora nas condições de vida da população mais
pobre, mais doenças, menor disponibilidade de atendimento
médico-hospitalar, extinção das políticas de saúde preventiva e outras
consequências em série.
As consequências na educação pública também se fazem sentir.
As escolas estão cada vez mais abandonadas e os profissionais da educação são desvalorizados.
São Paulo, o mais rico estado da Federação, pela primeira vez está
pagando salários-base abaixo do piso salarial profissional nacional, que
foi uma grande conquista da nossa categoria.
Temer não apenas revogou a lei que destinava 75% dos royalties do
petróleo para a educação e 25% para a saúde como vetou no orçamento de
2018 a prioridade para o financiamento da implementação do Plano
Nacional de Educação (PNE).
Não há outro caminho se quisermos impedir a continuidade desse
processo de destruição da economia do nosso país: intensificar a
mobilização, denunciar a natureza do golpe em curso, esclarecer a
população, lutar pelo restabelecimento da democracia no país, para que o
Brasil possa retomar o caminho do desenvolvimento econômico, com
distribuição de renda e justiça social.
Nós, da APEOESP, temos este compromisso e estamos firmes na
trincheira da luta juntamente com toda a classe trabalhadora brasileira.
*
Presidenta da APEOESP
Fonte Vi o Mundo
https://www.facebook.com/antoniocavalcantefilho.cavalcante