A confiança na Justiça é surpreendentemente baixa. Está próxima da rejeição de Michel Temer: 71,3%. A confiança no Poder Judiciário supera o presidente da República.
Por Mauricio Dias, na revista
A Justiça brasileira vai sair bastante chamuscada das batalhas nas quais
se enfiou de forma inadequada. Uma incursão autoritária. Não se sabe se
este é, tão somente, o reflexo ou o desvio da chamada “politização da Justiça”. Não tem sido sempre assim? Livre-nos quem puder desse poder irrefreável da toga.
A ministra Cármen Lúcia,
presidente do Supremo Tribunal Federal, rondou timidamente o problema.
Ela fez recentemente uma autocrítica acanhada: “Nossa dificuldade é em
cumprir as leis que nós temos (...) O nosso problema é cumprir leis”,
disse.
A ministra tem dúvidas. Oficialmente,
talvez. A sociedade, porém, não as tem. Talvez tenha sido o esquecido
historiador Capistrano de Abreu a botar o dedo na ferida em socorro do
povo “sangrado e ressangrado”.
As leis brasileiras têm brechas criadas por quem fez. Estes caminhos
mantêm o hábito de tardar e, às vezes, falhar. Para certos réus a roda
do Poder Judiciário gira de forma lenta.
É o caso que se vê agora na prisão de Eduardo Azeredo, tucano, ex-governador de Minas Gerais. Durante 11 anos os advogados dele o livraram da cadeia.
Para
outros réus os juízes pisam no acelerador. Foi assim no julgamento do
ex-presidente Lula sob o martelo do juiz Moro e dos desembargadores que,
nesta segunda instância, ampliaram a punição.
Quem duvida dessas
facetas da opinião pública que leia as respostas colhidas pela pesquisa
CNT/MDA. É cristalino, avassalador, o grau da corrupção entranhado na
sociedade. Não se conhece exceção. Só mesmo as resistências individuais.
Em
sessão na qual analisava o habeas corpus de Antonio Palocci, coube a
Gilmar Mendes reagir contra as prisões preventivas decretadas por Moro e
transformadas em definitivas. Pouco adiantou.
Perdeu e reagiu: “Esse sujeito fala com Deus?”
A
confiança na Justiça é surpreendentemente baixa. Está próxima da
rejeição de Michel Temer: 71,3%. A confiança no Poder Judiciário supera o
presidente da República.
Em anos passados, na avaliação sobre as
principais instituições do País, a Justiça ficava no cume do prestígio.
Era superada apenas pela Igreja, pelos bombeiros e pelas Forças Armadas.
A
Justiça não é o Supremo. A garantia das leis, inscritas na
Constituição, no entanto, estão sendo atropeladas pelo Brasil afora.
O
Congresso prepara a reação contra a Lava Jato. Instrumento político
daqui e d’além-mar. Por boas e, lamentavelmente, por más razões. Para
tudo começar de novo.
Fonte Carta Capital