A Globo é incompatível com a democracia; é tão criminosa quanto os
ditadores e genocidas que promoveram o terrorismo no passado com o apoio
da potência imperial do Norte; e é tão criminosa quanto os fascistas de
hoje, que abastardaram o Estado de Direito e instalaram a atual
ditadura jurídico-midiática.
Por Jeferson Miola
Os memorandos da CIA sobre a ditadura civil-militar instalada com o
auxílio da Globo em 1º de abril de 1964 revelam uma realidade ainda mais
tenebrosa do regime sanguinário que a família Marinho apoiou durante
todos os seus 21 anos de existência.
Os assassinatos dos opositores políticos do regime faziam parte da
política de Estado que foi criminosamente ocultada da população pelo
noticiário cúmplice da Globo e do conjunto da mídia.
As decisões macabras sobre quem deveria ser morto eram tomadas dentro
do gabinete presidencial do Palácio do Planalto, que fora convertido em
escritório central do Terror de Estado.
Os ditadores Ernesto Geisel [1974/1979] e João Figueiredo
[1979/1985], a quem a historiografia atribuía candidamente o papel de
condução da "abertura" e "distensão" para a redemocratização, na
realidade foram tão genocidas quanto o tirano Emílio Garrastazu Médici e
seus antecessores.
Os documentos da CIA, recém liberados, contêm informações
pormenorizadas, precisas e com detalhes ricos sobre datas, participantes
das reuniões macabras e conteúdos nelas decididos.
Tal detalhamento e riqueza de informações mostra que a CIA tinha
acesso privilegiado ao centro decisório da ditadura e conhecia os
métodos terroristas – através da atuação direta de agentes
estadunidenses, espiões ou mercenários brasileiros infiltrados pelos
EUA.
Vendo em retrospectiva, é de se indagar se as mortes em
circunstâncias estranhas de Zuzu Angel, JK e Jango, respectivamente em
abril, agosto e dezembro de 1976 – todas no período presidencial de
Geisel e com Figueiredo na chefia do SNI – também teriam sido decididas
no próprio Planalto.
Da mesma maneira que no golpe de 2016 que derrubou a Presidente Dilma
e instalou a ditadura Globo-Lava Jato, também foi notável a presença
íntima da CIA e a participação da agência estadunidense na engrenagem
golpista que derrubou o Presidente Jango em 1º de abril de 1964.
Ontem como hoje, o governo dos EUA foi partícipe e cúmplice dos
atentados contra a democracia no Brasil – e o mesmo pode ser dito em
relação à Globo.
A alegação do Exército, de que os registros da época foram
destruídos, torna ainda mais turvo este deplorável período da história
do Brasil, cuja verdade precisa ser estabelecida na nova historiografia a
ser urgentemente escrita.
Em agosto de 2013, 49 anos depois do golpe terrorista que apoiou em
1964, a Globo escreveu, cinicamente, que "Apoio editorial ao golpe de 64
foi um erro".
O artifício de linguagem empregado pela Globo – apenas "um erro" –
não apaga da história seu papel central de partícipe de crimes
perpetrados contra a democracia, o Estado de Direito e a soberania do
Brasil.
A Globo é incompatível com a democracia; é tão criminosa quanto os
ditadores e genocidas que promoveram o terrorismo no passado com o apoio
da potência imperial do Norte; e é tão criminosa quanto os fascistas de
hoje, que abastardaram o Estado de Direito e instalaram a atual
ditadura jurídico-midiática.
Fonte Brasil 247