O golpe destruiu direitos trabalhistas, eliminou postos de trabalho e entregou riquezas nacionais sob os aplausos da Rede Globo, dos banqueiros e de parte do Ministério Público e Poder Judiciário
Por Antonio Cavalcante Filho

Falo isso porque a cada dia encontro mais e mais “ex-militontos”, que
após banharem-se na luz da consciência se dizem arrependidos e
envergonhados, reconhecendo que agiram midiotizados pelo turvamento das
campanhas histéricas da mídia corporativista burguesa.
Hoje, a maioria da população percebe que o Brasil foi vítima de um
golpe fomentado por setores da classe dominante e da politicalha que,
inconformados com o resultado da eleição presidencial em 2014, em
conluio com interesses imperialistas, agiram criminosamente,
desestabilizando o país, entregando-o desgraçadamente a Michel Temer,
para (repetindo o que já haviam feito os golpistas de 1964), implantarem
a sua política anti-povo e de lesa-pátria.
Eu sei que dói, mas vou dizer: a Teoria do Domínio do Fato, usurpada e
reinterpretada pelo STF no julgamento do Mensalão, só teve utilidade
uma vez, para condenar políticos do Partido dos Trabalhadores. A vedação
de que pessoas investigadas possam ser nomeadas ministros, só valeu
para Lula (15 ministros de Temer são alvos de toda sorte de
investigações, mas estão nos cargos, alegres e saltitantes).
E o que dizer da pedalada fiscal, que também só era irregularidade
quando justificou a perseguição do TCU e de políticos corruptos à Dilma
Rousseff?
É evidente o golpe! E desta narrativa participaram setores da mídia,
do Ministério Público e magistratura, além do sistema financeiro, da
FIESP, e do exército de mercenários do MBL, “Vem Pra Rua” e seus
seguidores analfacoxas.
E o preço a ser pago agora por toda essa patifaria é bem salgado e
recairá nos bolsos da parcela mais vulnerável da população. Esta já está
sentindo na pele a falta de remédios nos hospitais e postos de saúde, o
fim do programa Farmácia Popular e o sucateamento do SAMU, só para
ficar em alguns exemplos da maldade dos golpistas.
Devemos sempre ter em mente que, após o golpe, usaram aos borbotões
os falsos argumentos de que as “instituições funcionavam”, mas, na
verdade, toda a engrenagem foi posta a serviço da quadrilha que assaltou
o poder.
O povão, agora excluído das decisões, quando não é mais exigida a sua
presença na rua com a camiseta amarela da “honestíssima” CBF, vê passar
aquele torpor, provocado pela excessiva propaganda da rede Globo (e
seus satélites) de que o “impítima” da Dilma era necessário, que seria,
segundo eles, uma solução para todos os males.
Só que deu tudo errado! E agora, coxinhas, a solução é fugir?
Pesquisas de opinião públicas feitas este ano por institutos
especializados e entidades de abrangência nacional demonstram que a
credibilidade da mídia corporativa e do Poder Judiciário foi seriamente
arranhada. Uma parcela significativa da população brasileira não leva
mais a sério as decisões judiciais, e jornalistas são agredidos nas ruas
durante eventos como a exemplo da greve dos caminhoneiros.
E agora vem a informação obtida da análise de pesquisa conduzida pelo
Datafolha (ligado ao golpista Jornal Folha de S. Paulo) de que a
maioria dos jovens brasileiros pensa em deixar o país. Estão
desalentados com a política, a economia, e sem nenhuma perspectiva de
futuro, revelando um problema gravíssimo que precisa ser encarado de
frente.
O golpe destruiu direitos trabalhistas, eliminou postos de trabalho e
entregou riquezas nacionais sob os aplausos da Rede Globo, dos
banqueiros e de parte do Ministério Público e Poder Judiciário. O
resultado devastador está levando 62% dos jovens a pensar seriamente em
deixar o Brasil, decisão esta que é apoiada por 43% dos adultos ouvidos
pelo Datafolha.
Isso quer dizer que uma população equivalente aos estados de São
Paulo, Rio de Janeiro e Paraná desapareceriam do Brasil, com 70 milhões
de brasileiros com 16 anos ou mais deixando a terra e buscando
horizontes e oportunidades em países estrangeiros. Na pesquisa do
Datafolha, feita em todo o país no mês passado, cerca de 43% da
população adulta manifestou desejo de sair do país. E entre os que têm
de 16 a 24 anos a porcentagem sobe para 62%.
E não há só intenção. Tem aumentado também o número de vistos para
imigrantes brasileiros nos EUA, destino preferencial, que foi de 3.366
em 2017, o dobro em relação ao evidenciado em 2008, quando teve início a
crise global do capitalismo.
Sem dúvidas que, aqueles que hoje estão abandonando o Brasil, em sua
grande maioria, são os filhos da classe média, os mesmos que foram às
ruas defender o golpe midiático-parlamentar-judicial contra a
democracia.
Na ditadura militar de 1964, os golpistas criaram a campanha “Brasil
ame-o ou deixe-o”. Hoje, nós que amamos o nosso país podemos dizer que:
Quem ama não abandona, não foge!
Aos fujões que contribuíram com o golpe de 2016 e agora que a coisa
tá feia querem se mandar, retrucamos: Bye, Bye Brasil, uma ova! Os
coxinhas, mesmo os arrependidos, não têm o direito de “cair fora”, como
se nada tivesse a ver com toda essa crise política, econômica e social
que o país atravessa.
Os seus chororôs, suas lágrimas de crocodilos arrependidos não são
suficientes para pagar a pena pelo imenso prejuízo que causaram à nação.
Eles têm a obrigação de ficarem aqui para contribuir com a luta pelo
restabelecimento da democracia que ajudaram a destruir.
Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e
escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail:
antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News
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