segunda-feira, 25 de junho de 2018

BYE, BYE, BRASIL, UMA OVA!


O golpe destruiu direitos trabalhistas, eliminou postos de trabalho e entregou riquezas nacionais sob os aplausos da Rede Globo, dos banqueiros e de parte do Ministério Público e Poder Judiciário 





Por Antonio Cavalcante Filho 


Parece-me que nos últimos meses volumosa cascata flamejante despencou do alto da “Montanha Luminosa”, inundando de claridade os cérebros sem luz de numerosos manifestoches do “impítima” da Dilma.

Falo isso porque a cada dia encontro mais e mais “ex-militontos”, que após banharem-se na luz da consciência se dizem arrependidos e envergonhados, reconhecendo que agiram midiotizados pelo turvamento das campanhas histéricas da mídia corporativista burguesa.

Hoje, a maioria da população percebe que o Brasil foi vítima de um golpe fomentado por setores da classe dominante e da politicalha que, inconformados com o resultado da eleição presidencial em 2014, em conluio com interesses imperialistas, agiram criminosamente, desestabilizando o país, entregando-o desgraçadamente a Michel Temer, para (repetindo o que já haviam feito os golpistas de 1964), implantarem a sua política anti-povo e de lesa-pátria.

Eu sei que dói, mas vou dizer: a Teoria do Domínio do Fato, usurpada e reinterpretada pelo STF no julgamento do Mensalão, só teve utilidade uma vez, para condenar políticos do Partido dos Trabalhadores. A vedação de que pessoas investigadas possam ser nomeadas ministros, só valeu para Lula (15 ministros de Temer são alvos de toda sorte de investigações, mas estão nos cargos, alegres e saltitantes).

E o que dizer da pedalada fiscal, que também só era irregularidade quando justificou a perseguição do TCU e de políticos corruptos à Dilma Rousseff?

É evidente o golpe! E desta narrativa participaram setores da mídia, do Ministério Público e magistratura, além do sistema financeiro, da FIESP, e do exército de mercenários do MBL, “Vem Pra Rua” e seus seguidores analfacoxas.

E o preço a ser pago agora por toda essa patifaria é bem salgado e recairá nos bolsos da parcela mais vulnerável da população. Esta já está sentindo na pele a falta de remédios nos hospitais e postos de saúde, o fim do programa Farmácia Popular e o sucateamento do SAMU, só para ficar em alguns exemplos da maldade dos golpistas.

Devemos sempre ter em mente que, após o golpe, usaram aos borbotões os falsos argumentos de que as “instituições funcionavam”, mas, na verdade, toda a engrenagem foi posta a serviço da quadrilha que assaltou o poder.

O povão, agora excluído das decisões, quando não é mais exigida a sua presença na rua com a camiseta amarela da “honestíssima” CBF, vê passar aquele torpor, provocado pela excessiva propaganda da rede Globo (e seus satélites) de que o “impítima” da Dilma era necessário, que seria, segundo eles, uma solução para todos os males.

Só que deu tudo errado! E agora, coxinhas, a solução é fugir?

Pesquisas de opinião públicas feitas este ano por institutos especializados e entidades de abrangência nacional demonstram que a credibilidade da mídia corporativa e do Poder Judiciário foi seriamente arranhada. Uma parcela significativa da população brasileira não leva mais a sério as decisões judiciais, e jornalistas são agredidos nas ruas durante eventos como a exemplo da greve dos caminhoneiros.

E agora vem a informação obtida da análise de pesquisa conduzida pelo Datafolha (ligado ao golpista Jornal Folha de S. Paulo) de que a maioria dos jovens brasileiros pensa em deixar o país. Estão desalentados com a política, a economia, e sem nenhuma perspectiva de futuro, revelando um problema gravíssimo que precisa ser encarado de frente.

O golpe destruiu direitos trabalhistas, eliminou postos de trabalho e entregou riquezas nacionais sob os aplausos da Rede Globo, dos banqueiros e de parte do Ministério Público e Poder Judiciário. O resultado devastador está levando 62% dos jovens a pensar seriamente em deixar o Brasil, decisão esta que é apoiada por 43% dos adultos ouvidos pelo Datafolha.

Isso quer dizer que uma população equivalente aos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná desapareceriam do Brasil, com 70 milhões de brasileiros com 16 anos ou mais deixando a terra e buscando horizontes e oportunidades em países estrangeiros. Na pesquisa do Datafolha, feita em todo o país no mês passado, cerca de 43% da população adulta manifestou desejo de sair do país. E entre os que têm de 16 a 24 anos a porcentagem sobe para 62%.

E não há só intenção. Tem aumentado também o número de vistos para imigrantes brasileiros nos EUA, destino preferencial, que foi de 3.366 em 2017, o dobro em relação ao evidenciado em 2008, quando teve início a crise global do capitalismo.

Sem dúvidas que, aqueles que hoje estão abandonando o Brasil, em sua grande maioria, são os filhos da classe média, os mesmos que foram às ruas defender o golpe midiático-parlamentar-judicial contra a democracia.

Na ditadura militar de 1964, os golpistas criaram a campanha “Brasil ame-o ou deixe-o”. Hoje, nós que amamos o nosso país podemos dizer que: Quem ama não abandona, não foge!

Aos fujões que contribuíram com o golpe de 2016 e agora que a coisa tá feia querem se mandar, retrucamos: Bye, Bye Brasil, uma ova! Os coxinhas, mesmo os arrependidos, não têm o direito de “cair fora”, como se nada tivesse a ver com toda essa crise política, econômica e social que o país atravessa.

Os seus chororôs, suas lágrimas de crocodilos arrependidos não são suficientes para pagar a pena pelo imenso prejuízo que causaram à nação. Eles têm a obrigação de ficarem aqui para contribuir com a luta pelo restabelecimento da democracia que ajudaram a destruir.

Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News

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