Se arrependimento matasse, certamente eu já estaria morto desde os
primeiros dias do mandato do Pedro Taques, pois confesso mais uma vez a
minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa, por ser mais um que se
deixou enganar pelas promessas do ex-procurador.
RD News
“A linguagem política destina-se a fazer com que a mentira soe como
verdade e o crime se torne respeitável, bem como para dar aparência
consistente ao puro vento”. (George Orwell)
Por Antonio Cavalcante Filho
Um governador de um só mandato, que trocou mais secretários que todos
governadores nos últimos 40 anos; onde só ele teve mais assessores de
primeiro escalão presos, ou respondendo a processos por maus feitos, do
que os governos do Bezerra, Jaime, Blairo e Silval juntos; que fez a
gestão mais medíocre e decepcionante das últimas 4 décadas, e, mesmo
assim, propaga aos quatro ventos ser ele o “campeão”, o cara que mais
fez por Mato Grosso, é de fazer qualquer um corar de vergonha.
É evidente que esse discurso palanqueiro de Pedro Taques não é para
ser levado ao pé da letra, é apenas um jogo de máscara, “para fazer com
que a mentira soe como verdade”. Assim, como diria Orwell, “para dar
aparência consistente ao puro vento”. Às vezes, Pedro nos leva a pensar
que o golpista Michel Temer, o mais rejeitado da história, é fichinha em
matéria de cinismo.
Taques, oriundo das fileiras do Ministério Público, se fez político a
partir da prisão do comendador Arcanjo. Na época, dizia que, como
procurador tinha eliminado o braço executor das organizações criminosas
(João Arcanjo), mas havia sobrado o braço político. Nisso, pediu
exoneração do MPF, entrou na “carreira” política, para, segundo ele,
eliminar o braço político do crime organizado.
Essa foi sua retórica para enganar a distinta plateia, posando como uma “novidade” e adubar uma carreira que começou no Senado, numa eleição que se valeu de uma ata adulterada, que até hoje não foi julgada pelo lentíssimo Tribunal Eleitoral de meu Estado.
Mas, onde está, ou quem é o braço político do crime organizado do
qual tanto falava o ex-procurador? Seria os 33 deputados conhecidos, por
aqui, como caititus, que o ex-presidente da Assembleia Legislativa,
José Riva, delatou como receptadores de mensalinhos de aproximadamente
R$ 30 mil para atender aos interesses do Executivo?
O multiprocessado Silval Barbosa também confirmou a existência dessa
“mesada”, inclusive o seu ex-chefe de gabinete, Silvio Corrêa,
apresentou vídeos mostrando a entrega da “merenda” mensal ao que mais
parece uma manada daqueles porcos-do-mato sevados no coxo da politicalha
estadual.
Mas volto à pergunta: onde está o braço político do crime organizado
que Pedro Taques alardeava que era preciso eliminar? Trata-se apenas de
uma pessoa ou de um bando? A vara de caititus, nutridos no parlamento
estadual com o dinheiro público, é parte do braço político dessa
organização?
Já eleito, a primeira iniciativa do atual governador foi inchar a
folha de pagamento com a nomeação de servidores da área policial. Diz-se
que foram muitos. Taques, em contato como seu correligionário Marconi
Perilo, do PSDB de Goiás, decidiram fazer política de segurança pública
combinada, fundaram até um tal de Fórum de Governadores do Brasil
Central. De prático, só mais despesas com viagens, diárias e hospedagem.
O procurador da República que se fez político para governar Mato
Grosso conduziu o governo a um descrédito sem precedentes, a começar na
área policial. Primeiro nomeou delegados de polícia nos mais diversos
setores da gestão pública, como se esses profissionais tivessem o perfil
adequado para a missão arranjada.
O que vimos em seguida foi o tão mau-falado esquema de interceptações
telefônicas criminosas. Por essa razão, diversos inquéritos foram
instaurados, oficiais da Polícia Militar foram presos e afastados de
suas funções, e até mesmo um Desembargador de Justiça que presidia o
processo sobre esses crimes teria sido ameaçado pelos meliantes (até
agora sem mandantes).
Recentemente, as principais cidades de Mato Grosso passaram a
conviver com uma nova estrutura de segurança informal, ágil e com
resultados surpreendentes: são as facções criminosas impondo regras de
comportamento nas periferias. Assim, uma frase na entrada de determinado
bairro com a “proibição de roubar” é mais eficaz que as rondas da
desacreditada (por seus próprios méritos) força policial.
Lembremos que o Comando Vermelho chegou a explodir o muro da
Secretaria de Segurança Pública, e até hoje as investigações não
conseguiram identificar a autoria. Esse é o mais bem-acabado exemplo de
que o governo de Pedro Taques destruiu a imagem e a credibilidade das
forças policiais mato-grossenses, arrastando-as para o centro da sua
fracassada gestão.
Os quatro anos do mandato do Pedro já se foram. Daí, volto a pergunta
novamente, o braço político da organização criminosa já foi eliminado?
Se foi, quem era?
Nota-se nas mídias policiais que não há mais notícia de prisão de
figurões, de grandes traficantes, homicidas ou ladrões de bancos. Nossas
forças policiais se contentam em invadir bailes funks, dar um “sacode”
na gurizada que está com narguilé e anunciar isso nos programas
policiais.
Outro dia, procurando saber por que o “giroflex” das viaturas
policiais, aquelas luzes vermelhas intermitentes, ficam ligadas o tempo
todo, me disseram que era para dar a “sensação de segurança”. Ou seja, é
mais um engana-trouxa, um colírio que cega ainda mais os bobós
cheira-cheira que um dia acreditaram num justiceiro para administrar
Mato Grosso.
Se arrependimento matasse, certamente eu já estaria morto desde os
primeiros dias do mandato do Pedro Taques, pois confesso mais uma vez a
minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa, por ser mais um que se
deixou enganar pelas promessas do ex-procurador.
Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e
escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail:
antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News
A VERDADE NUA E CRUA:
Entre os anos de 1957 a 1960, Juscelino
Kubitschek, que posteriormente teve seus direitos políticos cassados
pelos golpistas de 1964, no meio do nada, construiu em estilo futurista a
Capital do Brasil. Pedro Taques que apoiou os golpistas de 2016, não
conseguiu em quatro anos sequer construir um metro dos 22,2 km trilhos
do VLT na região Metropolitana de Cuiabá-MT.