segunda-feira, 18 de junho de 2018

QUEM ESTÁ NO COMANDO


 Se arrependimento matasse, certamente eu já estaria morto desde os primeiros dias do mandato do Pedro Taques, pois confesso mais uma vez a minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa, por ser mais um que se deixou enganar pelas promessas do ex-procurador.



RD News


“A linguagem política destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o crime se torne respeitável, bem como para dar aparência consistente ao puro vento”. (George Orwell)

Por Antonio Cavalcante Filho


Um governador de um só mandato, que trocou mais secretários que todos governadores nos últimos 40 anos; onde só ele teve mais assessores de primeiro escalão presos, ou respondendo a processos por maus feitos, do que os governos do Bezerra, Jaime, Blairo e Silval juntos; que fez a gestão mais medíocre e decepcionante das últimas 4 décadas, e, mesmo assim, propaga aos quatro ventos ser ele o “campeão”, o cara que mais fez por Mato Grosso, é de fazer qualquer um corar de vergonha.

É evidente que esse discurso palanqueiro de Pedro Taques não é para ser levado ao pé da letra, é apenas um jogo de máscara, “para fazer com que a mentira soe como verdade”. Assim, como diria Orwell, “para dar aparência consistente ao puro vento”. Às vezes, Pedro nos leva a pensar que o golpista Michel Temer, o mais rejeitado da história, é fichinha em matéria de cinismo.

Taques, oriundo das fileiras do Ministério Público, se fez político a partir da prisão do comendador Arcanjo. Na época, dizia que, como procurador tinha eliminado o braço executor das organizações criminosas (João Arcanjo), mas havia sobrado o braço político. Nisso, pediu exoneração do MPF, entrou na “carreira” política, para, segundo ele, eliminar o braço político do crime organizado.

Essa foi sua retórica para enganar a distinta plateia, posando como uma “novidade” e adubar uma carreira que começou no Senado, numa eleição que se valeu de uma ata adulterada, que até hoje não foi julgada pelo lentíssimo Tribunal Eleitoral de meu Estado.

Mas, onde está, ou quem é o braço político do crime organizado do qual tanto falava o ex-procurador? Seria os 33 deputados conhecidos, por aqui, como caititus, que o ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva, delatou como receptadores de mensalinhos de aproximadamente R$ 30 mil para atender aos interesses do Executivo?

O multiprocessado Silval Barbosa também confirmou a existência dessa “mesada”, inclusive o seu ex-chefe de gabinete, Silvio Corrêa, apresentou vídeos mostrando a entrega da “merenda” mensal ao que mais parece uma manada daqueles porcos-do-mato sevados no coxo da politicalha estadual.

Mas volto à pergunta: onde está o braço político do crime organizado que Pedro Taques alardeava que era preciso eliminar? Trata-se apenas de uma pessoa ou de um bando? A vara de caititus, nutridos no parlamento estadual com o dinheiro público, é parte do braço político dessa organização?

Já eleito, a primeira iniciativa do atual governador foi inchar a folha de pagamento com a nomeação de servidores da área policial. Diz-se que foram muitos. Taques, em contato como seu correligionário Marconi Perilo, do PSDB de Goiás, decidiram fazer política de segurança pública combinada, fundaram até um tal de Fórum de Governadores do Brasil Central. De prático, só mais despesas com viagens, diárias e hospedagem.

O procurador da República que se fez político para governar Mato Grosso conduziu o governo a um descrédito sem precedentes, a começar na área policial. Primeiro nomeou delegados de polícia nos mais diversos setores da gestão pública, como se esses profissionais tivessem o perfil adequado para a missão arranjada.

O que vimos em seguida foi o tão mau-falado esquema de interceptações telefônicas criminosas. Por essa razão, diversos inquéritos foram instaurados, oficiais da Polícia Militar foram presos e afastados de suas funções, e até mesmo um Desembargador de Justiça que presidia o processo sobre esses crimes teria sido ameaçado pelos meliantes (até agora sem mandantes).

Recentemente, as principais cidades de Mato Grosso passaram a conviver com uma nova estrutura de segurança informal, ágil e com resultados surpreendentes: são as facções criminosas impondo regras de comportamento nas periferias. Assim, uma frase na entrada de determinado bairro com a “proibição de roubar” é mais eficaz que as rondas da desacreditada (por seus próprios méritos) força policial.

Lembremos que o Comando Vermelho chegou a explodir o muro da Secretaria de Segurança Pública, e até hoje as investigações não conseguiram identificar a autoria. Esse é o mais bem-acabado exemplo de que o governo de Pedro Taques destruiu a imagem e a credibilidade das forças policiais mato-grossenses, arrastando-as para o centro da sua fracassada gestão.

Os quatro anos do mandato do Pedro já se foram. Daí, volto a pergunta novamente, o braço político da organização criminosa já foi eliminado? Se foi, quem era?

Nota-se nas mídias policiais que não há mais notícia de prisão de figurões, de grandes traficantes, homicidas ou ladrões de bancos. Nossas forças policiais se contentam em invadir bailes funks, dar um “sacode” na gurizada que está com narguilé e anunciar isso nos programas policiais.

Outro dia, procurando saber por que o “giroflex” das viaturas policiais, aquelas luzes vermelhas intermitentes, ficam ligadas o tempo todo, me disseram que era para dar a “sensação de segurança”. Ou seja, é mais um engana-trouxa, um colírio que cega ainda mais os bobós cheira-cheira que um dia acreditaram num justiceiro para administrar Mato Grosso.

Se arrependimento matasse, certamente eu já estaria morto desde os primeiros dias do mandato do Pedro Taques, pois confesso mais uma vez a minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa, por ser mais um que se deixou enganar pelas promessas do ex-procurador.

Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News


                                                        A VERDADE NUA E CRUA:

Entre os anos de 1957 a 1960, Juscelino Kubitschek, que posteriormente teve seus direitos políticos cassados pelos golpistas de 1964, no meio do nada, construiu em estilo futurista a Capital do Brasil. Pedro Taques que apoiou os golpistas de 2016, não conseguiu em quatro anos sequer construir um metro dos 22,2 km trilhos do VLT na região Metropolitana de Cuiabá-MT.