O que une todos os setores da direita à extrema direita é o mesmo ideal: privilegiar os ricos sacrificando os pobres. Todos são unânimes em acreditar que a única forma de se combater a violência é com a repressão policial. Para eles, inclusão social, distribuição de renda, reforma agrária, saúde e educação pública de qualidade para todos é coisa de comunista.
RD News
Por Antonio Cavalcante Filho
O governador Pedro Taques (PSDB) já está em franca campanha pela reeleição (meio abusiva até). Com isso, o meu direito de crítica sofre algumas limitações por causa da legislação eleitoral. Esta pode ser a minha derradeira manifestação em relação ao seu malfadado mandato que, com a entrega gratuita do meu voto, desgraçadamente o ajudei a conquistar.
Não é de causar nenhuma estranheza as declarações do governador
peessedebista de Mato Grosso, que tem como candidato à Presidência da
República pelo seu partido o tucano Geraldo Alckmin, prometer palanque
ao também presidenciável da extrema direita Jair Bolsonaro (PSL).
O perfil da política de Taques e Bolsonaro tem tudo a ver:
1 - Ambos se
conluiaram com Aécio, Cunha e Temer contra a democracia, apoiando o
golpe apelidado de Impeachment consumado em 2016.
2 – O
governador Taques apoiou, e o deputado Jair Bolsonaro votou com a PEC
241, conhecida como PEC do Fim do Mundo, que prevê o congelamento de
investimentos do governo em saúde, educação, moradia, entre outras, por
20 anos.
3 – Bolsonaro
votou favorável à “Reforma Trabalhista”, do Michel Temer, que roubou
direitos dos trabalhadores conquistados há mais de meio século, um
retrocesso monstruoso que Pedro Taques aplaudiu.
4 – Taques
também apoiou o projeto de lei lesa-pátria 4567/2016, de iniciativa de
José Serra, do PSDB, com o texto de prioridade do usurpador Michel Temer
entregando o Pré-Sal às empresas estrangeiras que Jair Bolsonaro também
votou a favor.
Por essas e outras razões, Taques e Bolsonaro são idênticos. As suas
políticas são inimigas da soberania nacional e dos trabalhadores.
O que une todos os setores da direita à extrema direita é o mesmo
ideal: privilegiar os ricos sacrificando os pobres. Todos são unânimes
em acreditar que a única forma de se combater a violência é com a
repressão policial. Para eles, inclusão social, distribuição de renda,
reforma agrária, saúde e educação pública de qualidade para todos é
coisa de comunista.
Não é por acaso que um dos setores mais prestigiados no começo do
mandato de Taques não foi a saúde, a educação, a habitação popular ou a
geração de emprego e renda, e, sim, o da segurança pública, com a
contratação de milhares de policias militares, inchando a folha de
salário e extrapolando a LRF, com um resultado pífio para a sociedade.
Bolsonaro, se eleito, já até prometeu entregar 50% do seu ministério
aos militares: "não é a imprensa ou o STF, que vai falar o limite pra
mim", disse ele, certa vez, em um tom arrogante conhecido por nós
mato-grossenses que, atônitos, vivenciamos há quatro anos esse governo
tucano. Dividir a gestão pública com militares é mais um ponto que une a
visão política de Taques e Bolsonaro.
O governador de Mato Grosso já antecipou o que seria um governo
Bolsonariano. Desde o início do seu governo, Taques nomeou delegados de
polícia em quase todos os setores da administração, e o que vimos em
seguida foi a utilização dos sistemas de interceptação telefônica
criminosa, envolvendo militares de alta patentes, em que as vítimas
foram jornalistas, políticos e até as namoradas dos “bandidões”.
O Detran foi entregue a um delegado, e o resultado foi uma piora
gigantesca no atendimento. Aqueles postos descentralizados para emplacar
veículos, por exemplo, foram fechados. Na sede central e nas Ciretrans,
as filas são uma constante. Os servidores, descontentes com o
sucateamento, fizeram greve, mas a resposta do governo policial
Taquiniano foi reprimir, algemar e prender os manifestantes. No mesmo
período, mesmo com um delegado dirigindo o Detran, o saque continuou.
No Intermat, foi a mesma coisa. O governador nomeou um delegado para
dirigir o problemático órgão, e o resultado ruim da gestão tem efeitos
negativos até hoje. Um simples protocolo, de documento ou pedido de
informação, obriga a pessoa a permanecer horas a fio na entrada do
setor, aguardando a boa vontade da burocracia.
Bom, mas a “puliça taquiana” prende gente, imaginam alguns incautos.
Ao ser desafiado pelo Comando Vermelho (facção que demonstra mais
agilidade para investigar, prender e punir que os policiais e juízes de
Mato Grosso), os protegidos de Pedro Taques fizeram mais um feito.
Prenderam 9 homens, acusados de planejar atentados contra agentes
penitenciários, sendo que 7 deles já se encontravam cumprindo pena em
uma das unidades prisionais do Estado.
Mas não bastou prender. Pegaram os caras lá da penitenciária e
trouxeram em frente ao prédio da Polícia Civil, para a produção do velho
e surrado retrato do preso algemado. Isso tem vários nomes:
incompetência, abuso de autoridade, improbidade administrativa, entre
outros.
A humilhação pública de presos e arapongagem de escutas criminosas de
ligações telefônicas são coisas de regimes de exceção e de ditaduras,
bem aos moldes da época do regime militar.
Para alguns, pode até parecer de minha parte uma “teoria da
conspiração”, mas os afagos do político Taques aos setores policiais
vieram acompanhados de uma cooptação nunca antes vista a tal ponto que,
bastou a aparição do Bolsonaro pousando com uma criança ensinando a ela
fazer sinais com os dedos, simulando um revolver, para me lembrar do
Pedro Taques, com sua ideia de militarizar a educação pública em Mato
Grosso.
Neste ano eleitoral, tenho pena do eleitor mato-grossense com as
opções de candidaturas apresentadas até aqui para governo do estado.
Resta apenas a esperança de que haja a politização do debate técnico na
eleição, e que, no final, esse tipo de gente que se apropria das
instituições para realizar seus desejos íntimos, seja expurgado, para
sempre, da vida pública.
Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e
escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail:
antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News
PEDRO TAQUES E BOLSONARO SÃO IDÊNTICOS. AS SUAS POLÍTICAS SÃO INIMIGAS DA SOBERANIA NACIONAL E DOS TRABALHADORES
Bolsonaro, se eleito, já até prometeu entregar 50% do seu ministério aos militares. O governador de Mato Grosso já antecipou o que seria um governo Bolsonariano. Desde o início do seu governo, Taques nomeou delegados de polícia em quase todos os setores da administração, e o que vimos em seguida foi a utilização dos sistemas de interceptação telefônica criminosa, envolvendo militares de alta patentes, em que as vítimas foram jornalistas, políticos e até as namoradas dos “bandidões”.