Se “uber”, em inglês americanizado, significa “super”, “máximo”, “supremo”, “extremamente”, o imperialismo, mancomunado com a rede Globo, “uberiza” também a nossa inteligência.
Somente um povo “super” alienado, “extremamente” despolitizado,
midiotizado ao “máximo”, pode ser alçado à categoria de “supremo”
coxinha.
Por Antonio Cavalcante Filho
Inicialmente, o aplicativo de busca de transporte “Uber” (gíria inglesa da grafia alemã, “über”, da mesma origem do termo grego, “hupér”, “acima”, “sobre”, que, em inglês americano significa “super”, “máximo”, “supremo”, “extremamente”), se apresentou como um sistema de prestação de serviços que ofereceria aos consumidores veículos novos e motoristas bem-humorados. Mas logo se descobriu que, na realidade, o que se inaugurava ali era apenas uma nova forma de exploração de mão de obra barata.
Inicialmente, o aplicativo de busca de transporte “Uber” (gíria inglesa da grafia alemã, “über”, da mesma origem do termo grego, “hupér”, “acima”, “sobre”, que, em inglês americano significa “super”, “máximo”, “supremo”, “extremamente”), se apresentou como um sistema de prestação de serviços que ofereceria aos consumidores veículos novos e motoristas bem-humorados. Mas logo se descobriu que, na realidade, o que se inaugurava ali era apenas uma nova forma de exploração de mão de obra barata.
Assim como em diversos setores do capitalismo, o aplicativo “Uber”
explora , ao “máximo”, os seus “parceiros”, exclui unilateralmente
aqueles que, de algum modo, questionam o sistema e amplia, ao “extremo”,
a precarização das relações humanas e sociais, sem direitos
trabalhistas ou a aposentadorias.
Em Mato Grosso, conheço diversos trabalhadores que se alinharam à
“uberização”, disponibilizando seus veículos para esta modalidade de
transporte, arcando com todos os custos: combustível, pneus, óleos,
lubrificantes, revisão veicular, impostos e pagando ao dono do
aplicativo cerca de 25% da receita bruta de tudo aquilo que recebem.
Não é necessário ser um “fera” em economia para deduzir que a conta
não fecha. Com isso, muitos prestadores deste “serviço”, desiludidos,
estão deixando o “trabalho” em estado de “super” insolvência.
O fato é que a “uberização” veio num momento em que os direitos dos
trabalhadores são pisoteados e destruídos sem dó, sem misericórdia ou
piedade pelo sistema golpista imposto por uma elite perversa,
predatória, representada por uma classe política e empresarial de viés
conservador, corrupto e fascista.
Egoístas e bestializados ao “extremo”, esses herdeiros de
escravocratas, assassinos de índios, torturadores de negros e
espoliadores dos pobres, não percebem que os trabalhadores são também os
consumidores, que, sem uma renda adequada, cairão as vendas dos
manufaturados que o seu sistema produz, sendo que no fim todo mundo
sofre.
Com a destruição das leis do trabalho, pomposamente apelidada de
“Reforma Trabalhista”, se permite absurdos, como o do “salário
intermitente”, que é o caso do atendente de lanchonete que fica o dia
inteiro trabalhando e no final do dia a sua remuneração não lhe permite
comprar sequer um daqueles sanduíches que vendeu.
Com o golpe e a “uberização” do trabalho, num patamar um pouco
abaixo, vêm as figuras dos “palhaços de semáforos”, os “malabaristas de
rua”, disputando os mesmos espaços com os flanelinhas e os pedintes
“ganhando a vida” em troca de algumas moedas, uma maneira de disfarçar o
seu estado de mendicância.
Há muito tempo não se via, em Cuiabá, tantos pedintes nas ruas, de
crianças e anciãos implorando uns trocados ou um pedaço de pão. E tudo
isso porque o sistema de exploração capitalista imposto por essa mesma
elite desumanizada assim o quis.
O golpe tramado pelo imperialismo em conluio com a corrupta e
embrutecida burguesia nacional: FIESP, Rede Globo e seus satélites,
Aécio//FHC/Alckmin/Serra (PSDB), Temer/Cunha (MDB) e caterva, Pauderney
Avelino/Rodrigo Maia/Ronaldo Caiado/Agripino Maia/ACM Neto (DEM), Jair
Bolsonaro (PSC) e companhia, setores do Ministério Público, da Polícia
Federal e do Judiciário, apoiados pelo “exército” de militontos
coxinhas, já têm seus números para mostrar ao mundo a maldade que
fizeram ao Brasil. Os resultados não são nada bons para os
trabalhadores.
Desde 2015, quando fizeram o nosso país refém do “golpitima”, esses
lesa-pátrias conseguiram o fechamento de 64 mil empresas, que cerraram
as portas e demitiram 2 milhões de pessoas. Só entre 2015 e 2016, caiu
1,3% o número de empresas registradas no Brasil, passando de 5.114.983
para 5.050.615. Foram demitidos 4% dos trabalhadores.
Agora, quero ver o que dizem os dirigentes das federações do
comércio, da indústria e do agronegócio, que juntamente com a maçonaria e
outros setores reacionários da “sociedade”, enchiam nossa paciência com
suas “manifestações espontâneas”, mandando seus empregados irem às ruas
vestidos com a camiseta amarela da “honestíssima” CBF para protestarem
ao lado dos patos amarelos da FIESP.
Tudo isso é apenas um pequeno resumo da “uberização” do trabalho que
os golpistas “presentearam” ao povo brasileiro em 2016. Agora, após
afastarem a Dilma sem crime de responsabilidade, querem manter o
ex-presidente Lula imobilizado e amordaçado numa masmorra para não
disputar nem influir com o seu carisma, com a sua popularidade, com o
seu discurso, suas propostas e credibilidade nos resultados da eleição
desse ano.
É doloroso saber que os mesmos politicoides, em sua grande maioria
respondendo a vários processos, os mesmos responsáveis pelo golpe, pelo
roubo de direitos dos trabalhadores, pela entrega das nossas riquezas às
multinacionais, serão reeleitos este ano. Ao menos é isso que revelam
as pesquisas encomendadas por eles mesmos.
Se verdadeiras tais pesquisas, podemos afirmar que, se “uber”, em
inglês americanizado, significa “super”, “máximo”, “supremo”,
“extremamente”, o imperialismo, mancomunado com a rede Globo, “uberiza”
também a nossa inteligência.
Somente um povo “super” alienado, “extremamente” despolitizado,
midiotizado ao “máximo”, pode ser alçado à categoria de “supremo”
coxinha. Já somos uma nação “uberizada”? O resultado da eleição deste
ano nos trará a resposta.
Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e
escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail:
antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News
"Todo movimento de revolta invoca tacitamente um valor... A revolta nasce do espetáculo da desrazão diante de uma condição injusta e incompreensível". (Albert Camus)
"Todo movimento de revolta invoca tacitamente um valor... A revolta nasce do espetáculo da desrazão diante de uma condição injusta e incompreensível". (Albert Camus)