A ideia que empurra Alckmin pertence ao arsenal clássico de projetos conservadores em tempos recentes, em particular em países onde os partidos políticos tradicionais se desmancharam.
Por Paulo Moreira Leite
A dança de cadeiras em torno de Geraldo Alckmin, que pode implicar na
retirada de um apoio que já se insinuava a Jair Bolsonaro, não modifica
o ponto fundamental da estratégia da coalizão golpista para a eleição
presidencial -- impedir a candidatura Lula de qualquer maneira e
garantir sua permanência na prisão.
Dias depois do aplauso a Bolsonaro na CNI, acompanhado de vergonhosas
manifestações de estímulo ao candidato que trouxe o fascismo para as
eleições brasileiras com uma presença nunca vista em mais de um século
de regime republicano, o anunciado acordo das legendas que formam o
Centrão em torno de Alckmin representa o ensaio de um novo caminho para
atingir um velho objetivo.
Diante do formidável apoio popular que Lula apresenta a cada pesquisa
de opinião, o que se busca é impedir que ele -- ou o candidato que
venha a indicar -- possa chegar ao segundo turno numa posição
especialmente favorável: como o candidato capaz de unir o tradicional
voto de esquerda com o eleitorado cujos valores democráticos impedem o
voto em Bolsonaro, garantindo uma vitória com perfil de centro-esquerda
na segunda rodada.
A ideia que empurra Alckmin pertence ao arsenal clássico de projetos
conservadores em tempos recentes, em particular em países onde os
partidos políticos tradicionais se desmancharam.
Foi patenteada na última eleição presidencial francesa, que deu a
vitória a Emmanuel Macron num segundo turno contra o fascismo do Front
National depois da eliminação do concorrente de esquerda Jean-Luc
Mélenchon, a quem o PS recusou o apoio que lhe daria um lugar na segunda
rodada.
Caso o apoio de novos aliados venha a ser confirmado, o que é sempre
uma incerteza, Alckmin candidata-se a percorrer este caminho, contando
com o auxílio indispensável da Lava Jato, resolvida a bloquear Lula de
forma definitiva e dar uma chance para que a campanha do candidato
tucano faça bom proveito das incertezas inevitáveis que surgirão caso o
PT precise transitar para um novo candidato.
Ainda que uma ciranda de aliados possa lhe garantir uma mercadoria
essencial na campanha, o tempo na TV, Alckmin terá de enfrentar uma
barreira mais complicada do que parece. A experiência ensina que
propaganda política é muito útil para todo candidato mas precisa
conversar com a memória concreta do eleitor, cidadão que tem experiência
suficiente para resistir a puros anúncios de sabonete.
Por mais que se possa recordar a importância da campanha na TV para
garantir as vitórias eleitorais de Lula-Dilma, por exemplo, não custa
sublinhar que elas se ancoravam em melhorias reais na vida da maioria
da população. Alckmin entra na disputa como candidato do golpe que
instalou Michel Temer no Planalto e promoveu reformas estruturais que a
população repudia, gerando desemprego alto e salário baixo. A
perspectiva é nenhuma perspectiva.
O desencanto com o longo reinado tucano em São Paulo, o maior colégio
eleitoral do país, impediu, ao menos até agora, que ele se tornasse ao
menos um candidato competitivo. Pelo contrário: Alckmin passou os
últimos meses enfrentando humilhantes conspirações internas pela
retirada de seu nome, movidas pela esperança de que surgisse um
concorrente mais empolgante.
É sintomático, também, que o cordão de novos amigos de Alckmin tenha
sido encorpado num momento de fraqueza de Bolsonaro. Surgiram
dificuldades na campanha do capitão, para recrutar um vice de patente
mais alta. A opção da vez era o general Augusto Heleno. Mas ele foi
impedido -- até agora pelo menos -- de ingressar na campanha de
Bolsonaro por decisão do comando de uma legenda que é dona de seu passe
mas milita no feirão de ofertas de segundos oferecidos no horário
eleitoral. Nesta situação, a opção mais recente para vice tornou-se a
advogada Janaína Pascoal, desafinada solista do impeachment.
Fonte Brasil 247
EU NÃO VOTO EM CANDIDATOS OU EM PARTIDOS QUE APOIARAM O GOLPE
Estes senadores formam no Congresso Nacional o bloco fisiológico do
“Centrão” que entregou o Brasil a Temer e aos interesses das
multinacionais. Com o golpe destruíram a democracia, assaltaram o país e
roubaram direitos dos trabalhadores.
ESTES SÃO OS DEPUTADOS FEDERAIS DE MATO GROSSO QUE APOIARAM AÉCIO, CUNHA E MICHEL TEMER NO GOLPE CONTRA A DEMOCRACIA. EU NÃO VOTO EM PARTIDOS OU POLITICOIDES QUE APOIARAM O GOLPE.