terça-feira, 14 de agosto de 2018

ORGULHOSAMENTE CANALHAS


Sei que a expressão é meio fora de moda, mas é do meu tempo de “dedurado” e vou usá-la. Porque ela reflete o padrão moral de nossos “salvadores”. Não são apenas confessos, no Brasil de hoje, acanalhado, são orgulhosos em confessar. 
 



Por Fernando Brito

Ontem, o presidente do TRF-4, Carlos Thompson Flores,  admitiu que deu a ordem para descumprir uma ordem judicial, ao telefonar para o chefe da Polícia Federal e mandar que não se atendesse á ordem de soltura do desembargador Rogerio Favreto, não importa se certa ou errada, para soltar Lula. Porque a história de que ligou apenas para “avisar” que despacharia “brevemente” sobre um conflito de  jurisdição que sequer havia sido invocado é, por evidente, um dourar de pílula que não engana a ninguém.

Também seu diligente colega, Gebran Neto, não teve coragem de negar que disse a colegas que atropelou a lei para que Lula, nem por algumas horas, pudesse ver a luz do sol em liberdade. Disse apenas que “ninguém está autorizado” a falar por ele.

E hoje, em O Globo, já que os peixões não têm pudor, a sardinha faz a festa, com a revelação, por Ancelmo Góis, de que o Japonês da Federal, herói da Lava Jato, declarando que foi agente da ditadura infiltrado entre estudantes, nos anos 70. Newton Ishii, o personagem símbolo da onda justiceira, não é apenas um condenado por facilitação de contrabando que continuou ostentando o distintivo e a arma da Polícia Federal mas, desde jovenzinho, um dedo-duro.

Sei que a expressão é meio fora de moda, mas é do meu tempo de “dedurado” e vou usá-la.

Porque ela reflete o padrão moral de nossos “salvadores”.

Não são apenas confessos, no Brasil de hoje, acanalhado, são orgulhosos em confessar.

E a coisa não para aí. Vai a uma presidente do Supremo Tribunal Federal que sugeriu que os bons passassem a ter a ousadia dos canalhas. Não se sabe se seguiu este conselho em manobrar a pauta da Corte para adiar a decisão sobre a prisão em segunda instância.

Fico no meu tempo de garoto, sob a ditadura, onde via proliferar esta fauna de esgoto, genuflexa aos poderosos e orgulhosa do papel de estafeta que isso lhe valia.

Tirar esta gente do comando do país é desacanalhar o Brasil.

Fonte Tijolaço