A ofensiva do império contra a Venezuela é multidimensional, inclui guerra midiática, econômica, golpe de Estado, isolamento diplomático e a preparação da guerra propriamente dita; Trump já emitiu todos os sinais de que realmente pretende invadir o país de Bolívar e Chávez. A política de alinhamento do governo Bolsonaro com os planos belicistas de Trump poderá custar caro ao povo brasileiro; é um imperativo patriótico defender a paz na Venezuela.
Por José Reinaldo Carvalho (*)
A semana se inicia com a realização de manobras militares na
Venezuela, as maiores e mais importantes da história do país, sob os
auspícios do governo constitucional e legítimo do presidente Nicolás
Maduro, com a bandeira da defesa da pátria exercida através da união
cívico-militar.
Até agora é a resposta mais contundente do governo Maduro às
provocações, intentonas de golpe e ameaças de intervenção militar por
parte do governo de Donald Trump.
Simbolicamente batizados de “Bicentenário Angostura 2019”, os
exercícios militares atuais invocam o histórico Congresso de Angostura,
instalado em 15 de fevereiro de 1819 pelo Libertador Simon Bolívar, no
contexto das guerras de independência contra o Império espanhol. Em
Angostura, hoje Ciudad Bolívar, foram lançadas as premissas
constitucionais da Venezuela, pontificando aí os valores da república,
democracia, unidade e independência nacional.
Maduro instalou os exercícios militares neste domingo (10) afirmando
algo que parece óbvio mas que os defensores da ideologia imperialista na
mídia procuram obscurecer e distorcer: o fato de que a situação obriga o
governo venezuelano a se preparar, inclusive militarmente, para
defender o direito à paz, a dignidade, a soberania, a independência e o
direito de viver como um país livre e soberano.
Desde 23 de janeiro último, quando o deputado Juan Guaidó, manipulado
qual fantoche pelo governo de Donald Trump, autoproclamou-se
“presidente encarregado” da Venezuela, Maduro tem liderado uma
resistência tenaz contra a mais brutal ofensiva movida pelo
imperialismo, a oligarquia local, países imperialistas europeus e
governos satélites na região para pôr fim a uma experiência
revolucionária iniciada há 20 anos.
A ofensiva do império contra a Venezuela é multidimensional, inclui
guerra midiática, econômica, golpe de Estado, isolamento diplomático e a
preparação da guerra propriamente dita. Trump já emitiu todos os sinais
de que realmente pretende invadir o país de Bolívar e Chávez.
A crise se prolonga, o perigo de guerra na América Latina se
intensifica. É compreensível e justo que Maduro prepare a defesa e a
resistência também no terreno militar. Não parece disposto a ceder. Ao
contrário, jurou que se Trump invadir o país, terá seu “Vietnã
latino-americano”.
A política de alinhamento do governo Bolsonaro com os planos
belicistas de Trump poderá custar caro ao povo brasileiro. A defesa da
paz na Venezuela é também um dever patriótico.
(*) Jornalista, editor do Resistência e integrante do projeto Jornalistas pela Democracia