O que se viu no domingo, além de demonstrações de falta explícita de educação, foi a pauta que Jair Bolsonaro impôs com a mão do gato.
O presidente não foi e desaconselhou seus ministro a comparecer às ruas. Disse que fechar o Congresso e o STF não eram pautas dignas do domingo.
Tudo jogo de cena para “pairar” sobre o enfrentamento dos manifestantes com o Congresso.
Bolsonaro sabia perfeitamente que a pauta olavista dominaria as palavras de ordem.
Da Redação
Em Curitiba, berço da Lava Jato, os bolsonaristas atacaram a faixa
que falava em “Defesa da Educação”, um slogan genérico, mas que vai de
encontro ao pensamento do presidente Jair Bolsonaro e seu ministro
Abraham Weintraub.
Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas, disse o ministro recentemente ao diário conservador paulistano Estadão.
No Texas, o capo afirmou durante sua estadia que só três
universidades no Brasil produziam Ciência de qualidade: O ITA, o
Instituto Militar de Engenharia e o Mackenzie — berço histórico do
Comando de Caça aos Comunistas.
Mariluce Moura, criadora da revista Pesquisa Fapesp, afirma no
entanto que as universidades públicas respondem por 95% da pesquisa no
país.
O que se viu no domingo, além de demonstrações de falta explícita de
educação, foi a pauta que Jair Bolsonaro impôs com a mão do gato.
O presidente não foi e desaconselhou seus ministro a comparecer às
ruas. Disse que fechar o Congresso e o STF não eram pautas dignas do
domingo.
Tudo jogo de cena para “pairar” sobre o enfrentamento dos manifestantes com o Congresso.
Bolsonaro sabia perfeitamente que a pauta olavista dominaria as palavras de ordem.
Depois de ontem, pode alegar que há apoio algum apoio à reforma da
Previdência e ao pacote anticrime do juiz Sérgio Moro nas ruas.
Porém, o que mais interessa ao bolsonaristas, agora, é uma CPI do
Supremo Tribunal Federal, a Lava Toga, se possível com a cassação de
alguns membros da Corte — notadamente Gilmar Mendes e Dias Toffoli –, ou
o aumento do número de vagas no tribunal.
O STF, o que aprovou a criminalização da homofobia e de onde partiram
críticas à Lava Jato, tem poder significativo para tolher as pautas de
Bolsonaro no futuro.
Já os ataques a Rodrigo Maia e ao centrão visam a tratorar uma
maioria inexistente no Congresso, que a incompetência política de
Bolsonaro não conseguiu aglutinar.
Domingo, portanto, foi uma vitória de um presidente dissimulado — no
mesmo estilo do que fugiu dos debates na campanha eleitoral –, posando
de chefe de Estado que está longe dos “radicais”.
Mas, por baixo do pano, foi o próprio Bolsonaro quem insuflou seus
seguidores a propor o enquadramento do Congresso e o STF, ao disseminar a
carta com tom de Jânio Quadros, denunciando “forças ocultas” em
Brasília.
Traduzindo ao essencial, Bolsonaro se disse de mãos amarradas, refém, que só pode ser libertado pelas multidões.
Com a ajuda da TV Globo, as manifestações ficaram circunscritas ao
temas que dizem respeito à própria emissora: apoio à reforma da
Previdência e ao pacote anticrime de Moro.
Mas, para quem viu de perto, ficou claro que o bolsonarismo quer mais, muito mais — e já projeta além de 2022.
Bolsonaro pagou para ver o 30M e a greve geral prevista para o 14 de junho.