segunda-feira, 27 de maio de 2019

COM A MÃO DO GATO, BOLSONARO PROMOVEU A IDEIA DE ATROPELAR O CONGRESSO E FECHAR O STF


O que se viu no domingo, além de demonstrações de falta explícita de educação, foi a pauta que Jair Bolsonaro impôs com a mão do gato. O presidente não foi e desaconselhou seus ministro a comparecer às ruas. Disse que fechar o Congresso e o STF não eram pautas dignas do domingo. Tudo jogo de cena para “pairar” sobre o enfrentamento dos manifestantes com o Congresso. Bolsonaro sabia perfeitamente que a pauta olavista dominaria as palavras de ordem. 




Da Redação

Em Curitiba, berço da Lava Jato, os bolsonaristas atacaram a faixa que falava em “Defesa da Educação”, um slogan genérico, mas que vai de encontro ao pensamento do presidente Jair Bolsonaro e seu ministro Abraham Weintraub.

Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas, disse o ministro recentemente ao diário conservador paulistano Estadão.

No Texas, o capo afirmou durante sua estadia que só três universidades no Brasil produziam Ciência de qualidade: O ITA, o Instituto Militar de Engenharia e o Mackenzie — berço histórico do Comando de Caça aos Comunistas.

Mariluce Moura, criadora da revista Pesquisa Fapesp, afirma no entanto que as universidades públicas respondem por 95% da pesquisa no país.

O que se viu no domingo, além de demonstrações de falta explícita de educação, foi a pauta que Jair Bolsonaro impôs com a mão do gato.

O presidente não foi e desaconselhou seus ministro a comparecer às ruas. Disse que fechar o Congresso e o STF não eram pautas dignas do domingo.

Tudo jogo de cena para “pairar” sobre o enfrentamento dos manifestantes com o Congresso.

Bolsonaro sabia perfeitamente que a pauta olavista dominaria as palavras de ordem.

Depois de ontem, pode alegar que há apoio algum apoio à reforma da Previdência e ao pacote anticrime do juiz Sérgio Moro nas ruas.

Porém, o que mais interessa ao bolsonaristas, agora, é uma CPI do Supremo Tribunal Federal, a Lava Toga, se possível com a cassação de alguns membros da Corte — notadamente Gilmar Mendes e Dias Toffoli –, ou o aumento do número de vagas no tribunal.

O STF, o que aprovou a criminalização da homofobia e de onde partiram críticas à Lava Jato, tem poder significativo para tolher as pautas de Bolsonaro no futuro.

Já os ataques a Rodrigo Maia e ao centrão visam a tratorar uma maioria inexistente no Congresso, que a incompetência política de Bolsonaro não conseguiu aglutinar.

Domingo, portanto, foi uma vitória de um presidente dissimulado — no mesmo estilo do que fugiu dos debates na campanha eleitoral –, posando de chefe de Estado que está longe dos “radicais”.

Mas, por baixo do pano, foi o próprio Bolsonaro quem insuflou seus seguidores a propor o enquadramento do Congresso e o STF, ao disseminar a carta com tom de Jânio Quadros, denunciando “forças ocultas” em Brasília.

Traduzindo ao essencial, Bolsonaro se disse de mãos amarradas, refém, que só pode ser libertado pelas multidões.

Com a ajuda da TV Globo, as manifestações ficaram circunscritas ao temas que dizem respeito à própria emissora: apoio à reforma da Previdência e ao pacote anticrime de Moro.

Mas, para quem viu de perto, ficou claro que o bolsonarismo quer mais, muito mais — e já projeta além de 2022.

Bolsonaro pagou para ver o 30M e a greve geral prevista para o 14 de junho.