Mourão empresta ao regime de exceção a racionalidade que Bolsonaro jamais conseguirá ter. Sob sua eventual presidência, portanto, se observará a aceleração da barbárie prescrita fora do país e à qual os vassalos do império – tanto civis como militares – se dedicam com fidelidade canina.
No dia 10 de maio, dispondo de informações privilegiadas, Bolsonaro
prenunciou: “Talvez tenha um tsunami na semana que vem. Mas a gente
vence esse obstáculo aí, com toda a certeza, porque somos humanos”.
Ficou implícito que o tsunami estava relacionado à confirmação do
esquema multi-criminoso do filho Flávio, como se depreende da declaração
enigmática: “Alguns erram. Uns erros são perdoáveis, outros não. Assim é
na nossa vida familiar também”.
A tormenta se confirmou na segunda-feira, 13 de maio, com a notícia
da autorização judicial para a devassa fiscal e bancária do filho
Flávio, do seu comparsa Queiroz e de quase uma centena de pessoas
contratadas pelos gabinetes parlamentares da FaMilícia, inclusive do
Jair, no longo período de janeiro de 2007 a dezembro de 2018.
Até então, Deltan Dallagnol bem que tentara, por todas as maneiras,
abafar e evitar a apuração do esquema criminoso do Flávio, poupando-o da
operação Furna da Onça, que levou à cadeia colegas do Flávio e do
Queiroz [ler aqui]. O MP e o judiciário do RJ, porém, furaram a
blindagem da turma do Deltan Dallagnol ao filho presidencial.
As apurações já divulgadas revelam uma coleção nada desprezível de
crimes praticados: organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro,
desvio de dinheiro público, corrupção, negócios fraudulentos e
enriquecimento ilícito.
De largada, as apurações ligam Bolsonaro e a primeira-dama ao
esquema. Em seguida, mostrarão com clareza a conexão dos Bolsonaro com o
submundo das milícias do Rio, em particular com o Escritório do Crime, o
bando de assassinos de aluguel chefiado pelo foragido Adriano da
Nóbrega e cuja esposa e mãe trabalharam durante anos no gabinete de
Flávio.
Este escândalo, sozinho, tem o poder de derrubar Bolsonaro; é
altamente devastador. Tanto que Carlos Bolsonaro, num raro instante de
realismo e de uso correto da língua portuguesa, reconheceu num tweet que
“o que está por vir pode derrubar o capitão”.
A crise que Bolsonaro enfrenta, contudo, é tão mais séria e grave que
esta podridão toda, porque o presidente está no centro de uma conjunção
de tsunamis ameaçadores.
O protesto multitudinário pela educação que tomou o Brasil no 15 de
maio, catalisou a insatisfação generalizada da população com o governo.
Além disso, representa o marco do início da contraofensiva popular
contra a política austericida e racista de destruição dos direitos
sociais, da soberania nacional e das riquezas do país [ler aqui].
Ao mesmo tempo, é perceptível o aumento da decepção, do desencanto e
do arrependimento de eleitores do Bolsonaro [que não são,
automaticamente, bolsonaristas]. Eles perceberam, nestes 5 meses de
desatinos e loucuras governamentais, o terrível engano cometido.
Por outro lado, a economia em profunda recessão se encaminha para a
estagnação e, como desdobramento, causará um nível assombroso de
desemprego – que será exponenciado pela ausência de estímulos estatais
ao crescimento e ao desenvolvimento.
A pauta monotemática da contrarreforma previdenciária desnudou o
compromisso exclusivo com o rentismo, com os bancos e com a orgia
financeira em prejuízo da economia nacional e da geração de emprego e
renda. Aliás, desde a eleição, passando pela transição e durante todo
este breve e desastroso período de governo, a palavra emprego raramente
foi proferida.
Analistas avaliam que não somente o ano de 2019, mas também 2020 está
perdido, em decorrência da continuidade do receituário ultraliberal
imposto ao país desde o golpe de 2016.
No plano internacional, Bolsonaro é desprezado e tratado como uma
aberração [ler aqui]. O reacionarismo extremado, o obscurantismo acerca
das questões ambientais, climáticas e indígenas, ao lado da total
subserviência a Trump, afastam o Brasil das oportunidades para sua
reconstrução no contexto de uma inserção internacional ativa e altiva.
Os segmentos de centro-direita e de direita do espectro ideológico,
que teoricamente apoiariam Bolsonaro, acompanham com cada vez mais
estupefação e cada vez menos paciência o descalabro do governo e,
sobretudo, os delírios do próprio presidente.
Caso os caminhoneiros confirmem a paralisação prometida para este mês
de maio, o cenário será de caos e ingovernabilidade, com riscos
notórios para a já débil autoridade de Bolsonaro, que poderá ser
derrubado num processo de impeachment ou de renúncia estimulado pelos
militares.
O trágico é que o desdobramento do impeachment ou da renúncia, ou
seja, a assunção do general Mourão como presidente “legítimo”, não trará
nada de positivo ao povo brasileiro.
Mourão empresta ao regime de exceção a racionalidade que Bolsonaro
jamais conseguirá ter. Sob sua eventual presidência, portanto, se
observará a aceleração da barbárie prescrita fora do país e à qual os
vassalos do império – tanto civis como militares – se dedicam com
fidelidade canina.
Fonte Vi o Mundo
O BOZOLÓIDE GOLPISTA CONVOCA SEUS MILITONTOS NAZI-DOIDOS PARA IREM ÀS RUAS EM DEFESA DO SEU GOVERNO ANTIPOVO E LESA-PÁTRIA.