Gostem ou não do ex-presidente, jornalistas, cineastas, intelectuais e artistas arrependidos, mais do que pedir desculpas, deveriam defender a liberdade de Lula. Sem ela não retomaremos nossa democracia, levada por jatos pouco republicanos.
Por Florestan Fernandes,
para os Jornalistas pela Democracia -
Tenho
visto muita gente arrependida por ter acreditado nas "boas" intenções
do juiz que comandou a Lava Jato. Arrependimento que veio tarde, o
estrago já está feito. E não foi pouco. A reputação de muita gente séria
e honesta foi levada na correnteza das águas de uma lavagem que retirou
pouca sujeira para o prejuízo que causou.
Durante cinco anos, delações foram
vazadas para a mídia corporativa dentro de um cronograma eleitoral e de
manipulação política. Delações arrancadas a fórceps de empresários e
políticos que foram trancafiados por meses e até anos em celas na
República de Curitiba. O que se queria deles eram delações, de
preferência as que comprometessem o PT e o ex-presidente Lula. E elas
foram feitas, verbalmente, poucas com provas materiais.
A condenação de Lula sobre o triplex
do Guarujá é desprovida de qualquer prova material ou documental. O
ex-presidente foi condenado a mais de 12 anos de prisão baseado apenas
nas convicções de Sergio Moro, que aceitou como provas verdadeiras as
declarações do presidente da OAS, Léo Pinheiro.
Não vou aqui discutir a sentença.
Centenas de juristas em todo o planeta são unanimes em afirmar que a
condenação carece de provas. Recentemente o ministro Marco Aurélio Mello
do STF afirmou ter dúvidas seríssimas sobre os crimes pelos quais Lula
foi condenado no caso do triplex.
Quando Sergio Moro aceitou o convite
para ser ministro da Justiça de um presidente eleito que foi
beneficiado pela condenação e prisão de Lula, feitas a toque de caixa e
em tempo recorde, a máscara caiu.
Já a roupa do ex-juiz caiu dias
atrás, deixando-o nu em público, quando o presidente da República
afirmou em entrevista que manterá seu acordo com Sergio Moro, para
indicá-lo à primeira vaga que abrir no Supremo Tribunal Federal: "Eu fiz
um compromisso com ele. Ele abriu mão de 22 anos de magistratura. A
primeira vaga que tiver lá (no STF), estará à disposição", afirmou
Bolsonaro.
A vaga deve abrir em novembro do ano
que vem, quando o ministro Celso de Mello se aposentar. Portanto, o
arrependimento dos que apoiaram a Lava Jato não é em relação ao Moro
ministro que tropeça na língua pátria ou que não sabe dizer qual foi a
última biografia que leu.
É o Sergio Moro lá de trás,
agigantado artificialmente pela Lava Jato, o da época em que condenou
sem provas e retirou das eleições o mais impor tante líder político do
país. Ao aceitar o Ministério e o acordo que teria feito por uma cadeira
na Corte Suprema, Moro legitima a crença de que Lula é mesmo um preso
político.
Gostem ou não do ex-presidente,
jornalistas, cineastas, intelectuais e artistas arrependidos, mais do
que pedir desculpas, deveriam defender a liberdade de Lula. Sem ela não
retomaremos nossa democracia, levada por jatos pouco republicanos.
Fonte Brasil 247
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