Desemprego, automação, precários, contrarreforma trabalhista. Preso às dinâmicas do século passado, sindicalismo está em crise. Mas novas experiências — no Brasil e no mundo — apontam para possível renovação. Quais são elas?
Por Rôney Rodrigues
Uma multidão tomou conta do Vale do Anhangabaú, em 26 de março. Não
era show nem manifestação. Eram desempregados, um exército formado por
15 mil pessoas, em busca de uma das seis mil vagas oferecidas pelo
Mutirão de Emprego, promovido pela Secretaria de Desenvolvimento
Econômico e Trabalho da Prefeitura de São Paulo e pelo Sindicato dos
Comerciários. Muitos madrugaram na fila, portando pastas de papelão com
RG, CPF, carteira de trabalho e currículo impresso, esperando, quase sem
comer e dormir, cerca de 24 horas para conquistarem, enfim, uma senha
que lhes daria direito a serem atendidos. Outros não tiveram a mesma
sorte e voltaram para casa com uma triste notícia: por enquanto, não
haveria nem a esperança de um emprego.
O desemprego no Brasil, segundo recente pesquisa do IBGE,
atinge 13,1 milhões de pessoas. Além disso, 28,3 milhões têm a força de
trabalho “subutilizada”, ou seja, gostariam – ou precisam – trabalhar
mais horas. 4,8 milhões de pessoas já desistiram de procurar emprego, o
equivalente a 4,4% da força de trabalho. Para essas milhares de pessoas
que foram até o Anhangabaú – ou que amargam a falta de trabalho em
outros cantos do país – parece haver algo errado: se antes tínhamos uma
vibrante economia interna, porque agora ter um emprego torna-se uma
tarefa árdua – e frustrante? Em um contexto de retirada de direitos,
quem, afinal, vai olhar – e lutar – pela classe trabalhadora?
A resposta automática seria os sindicatos que, no entanto, vivem uma
profunda crise econômica e política, até com sua existência ameaçada.
Seria possível eles se reinventarem, após o duro golpe que foi a
Contrarreforma Trabalhista, aprovada em 2017 pelo presidente interino
Michel Temer, e adquirirem nova relevância e protagonismo nesse cenário
terrível para os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros?
Crise anunciada?
É sabido que, em toda a história do sindicalismo, o desemprego “mata”
a ação sindical. Um exército de desempregados, como no Brasil, impõe
outros desafios a uma fragilizada classe trabalhadora, a começar pela
própria subsistência: enfrentar filas para vagas de emprego, imprimir
centenas de currículos, angustiar-se no momento de pagar aluguel e
outras contas, ou de pensar no colocará à mesa para a família. A taxa de
associados a algum sindicato, segundo o IBGE,
já havia caído para 14,4% dos assalariados, antes mesmo da
Contrarreforma Trabalhista (implantada já no final de 2017, em
novembro). É a menor desde o início da série histórica, em 2012, quando
era de 16,2%.
“Vivemos uma recessão, embora as pessoas pareçam ter vergonha de
chamá-la por esse nome”, adverte João Guilherme Vargas Netto, que há
décadas é consultor sindical, tendo atuado em dezenas de sindicatos.
“Essa recessão que provoca, principalmente, o desemprego entre os
jovens, impõe dificuldades estruturantes para o movimento sindical,
como, por exemplo, a dificuldade de fazer greves”.
Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), se pergunta: como
mobilizar a classe trabalhadora quando as relações de trabalho se
transformam e as políticas macroeconômicas são direcionadas contra os
direitos trabalhistas, fragilizando milhões de pessoas e as próprias
entidades sindicais?
“Encontrar o caminho para a ação sindical, em um um contexto de
recessão, não é tarefa fácil”, analisa Ganz Lúcio. “Em geral, o
movimento sindical é mais dinâmico quando a economia cresce: há geração
de empregos e salários. Quando temos uma massa de desempregados há muito
tempo sem trabalho, cai a disposição da classe trabalhadora em realizar
qualquer enfrentamento, afinal, a resistência dela foi quebrada. Há,
também, grandes transformações tecnológicas que afetam os postos de
trabalho e exigem capacidade dos sindicatos para enfrentá-las. E, depois
disso, veio a Contrarreforma que aprofundou ainda mais a crise no
sindicalismo brasileiro”.
Um golpe fatal?
A Contrarreforma Trabalhista do Temer começou a ser gestada após
pressões do empresariado brasileiro. Em 2012 a Confederação Nacional das
Indústrias (CNI), lançou o documento
“101 Propostas para Modernização Trabalhista”, apontando que os “altos
custos do emprego formal” eram um dos “mais graves gargalos ao aumento
da competitividade das empresas brasileiras”. Era necessário,
argumentavam os empresários, que o governo se comprometesse a uma
“reforma” na legislação trabalhista. O governo Dilma Rousseff não
implantou tais ataques à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o que,
entre outros inúmeros fatores, contribuiu para que o Congresso Nacional
iniciasse um processo de impeachment – e golpe – contra a presidenta eleita.
Derrubada, o caminho estava livre para o ataque e, logo nos primeiros
meses do governo Temer, começou-se uma ampla propaganda em defesa da
Contrarreforma que, enfim, foi aprovada pelos deputados e senadores.
Entre os principais pontos, estão:
O negociado vale sobre o legislado. Empregadores e
empregados podem negociar as condições de trabalho, mesmo que violem
garantias asseguradas pela CLT. Num cenário de desemprego em massa, isso
permite aos empregadores impor “acordos” — já que a
alternativa é não ter trabalho algum. Os trabalhadores acabam privados
de condições dignas de trabalho, o que precariza progressivamente as
relações de trabalho.
Flexibilização nas relações de trabalho. Possibilita
terceirizar qualquer atividade exercida nas empresas, incluindo a
atividade-fim ou principal da organização. Além disso, a Contrarreforma
legaliza o trabalho intermitente, ou seja, contratos atípicos em que o
trabalhador está à disposição do patrão, sem garantias de que
trabalhará. Tem emprego sem trabalho nem salário. Em empresas de fast food,
por exemplo, funcionários são convocados e só atuam em horários de
grande fluxo dos restaurantes, recebendo somente por tais horas – se
chamados.
Restrições aos sindicatos. Extinguiu-se o imposto sindical obrigatório, o que levou a uma queda
de 90% na arrecadação deste item da receita dos sindicatos: de R$ 3,64
bilhões em 2017 caiu para R$ 500 milhões no ano passado – e a tendência é
que o valor seja ainda menor neste ano, devido ao aumento do
desemprego. Com isso, o financiamento das estruturas sindicais
reduziu-se à taxa de associação e à contribuição assistencial (desconto,
na folha de pagamento, dos serviços prestados pelas entidades sindicais
à categoria, sobretudo na celebração de acordos ou convenções coletivas
de trabalhos ou participação em processos de dissídio coletivo). Essa
queda brusca na arrecadação acarretou a redução da estrutura sindical,
com demissão de equipe jurídica, técnica, de comunicação etc. A CUT,
maior central sindical do Brasil, por exemplo, enxugou seu quadro de
funcionários, por meio de um programa de demissão voluntária, em 60% e
vai vender sua sede, localizada no centro de São Paulo e avaliada em 40
milhões de reais, para conseguir operar, minimamente, suas atividades.
Retrocessos na Justiça do Trabalho. Os trabalhadores demitidos podem homologar
sua saída (e receber o que lhes é devido) sem assistência de seu
sindicato. Isso leva a inúmeros erros no cálculo, quase nunca em favor
do empregado. Além disso, a empresa pode exigir uma redução na jornada
de trabalho, também sem a presença das entidades sindicais. A nova
legislação também inibe que o trabalhador entre com ações na justiça
contra os empregadores: se perdem, deverão arcar com os custos
processuais, dos honorários de advogados da parte vencedora e das provas
periciais produzidas.
Como se todos estes ataques fossem pouco, o governo Bolsonaro,
lançou, mais recentemente, novas agressões aos trabalhadores e seus
sindicatos, em um projeto de desmonte das proteções sociais. Entre elas:
Medida Provisória (MP) 870 (aprovada). Extinguiu o ministério do Trabalho, como parte de uma reorganização da estrutura administrativa do Poder Executivo.
MP 871 (em tramitação). Vai analisar e revisar benefícios
previdenciários. O trabalhador adoecido, por exemplo, ou afastado por
depressão, sem condições de voltar ao trabalho, terá de provar que não é
um fraudador. O objetivo é cortar benefícios.
MP 873 (em tramitação). Editada às vésperas do Carnaval,
impede descontos consignados à folha e determina que o pagamento da
contribuição sindical (autorizadas pelos trabalhadores) seja feito por
meio de boleto bancário, após autorização expressa, individual e por
escrito do trabalhador e da trabalhadora. A medida, que tem o objetivo
de sufocar financeiramente os sindicatos e inviabilizar, ainda mais, a
cobrança da contribuição sindical, já transformada em facultativa pela
Contrarreforma.
Salário mínimo. Em decreto assinado, Bolsonaro fixou o
salário mínimo em R$ 998 neste ano. O valor ficou abaixo da estimativa
que constava do orçamento da União, de R$ 1.006. A situação será ainda
pior a partir de 2020, pois expirou a lei que obrigava o governo a
promover, a cada reajuste do mínimo, um pequeno aumento real, além da
reposição das perdas inflacionárias.
Contrarreforma da Previdência. Entre outros pontos, adota o
modelo de capitalização, com contas individuais, para o regime de
Previdência — ou seja, debilita o modelo atual de “repartição”, onde os
trabalhadores da ativa e as empresas financiam os aposentados — e
aumenta a idade mínima para a aposentadoria.
Carteira verde-amarela. Ainda não está completamente claro
como o governo Bolsonaro pretende executar essa promessa de campanha.
Basicamente, essa carteira permite estabelecer contratos de trabalho em
regime de direitos “flexibilizados” – ou seja, eliminados.
Pluralidade sindical anárquica. O governo federal estuda
propor ao Congresso Nacional o fim unicidade sindical, regra que permite
um único sindicato representando determinada categoria na mesma base
territorial. O objetivo é pulverizar o sindicalismo em milhares de
pequenas entidades e com atuação limitada.
Nova classe trabalhadora?
Mesmo em meio às enormes transformações no mundo produtivo, a classe
trabalhadora não diminuiu — aumentou. Acontece que ela não é mais
representada por operários manejando equipamentos industriais e vestidos
com macacões. Há uma nova morfologia do trabalho provocada pelas
mudanças tecnológicas, que reorganizou as empresas, fechou postos e
informatizou atividades, requerendo novas qualificações e paradigmas
para os trabalhadores – e um grande desafio para os sindicatos. Afinal,
como organizar a luta de trabalhadores digitais, terceirizados e de home office, por exemplo? Quem é o patrão de aplicativos como Uber, 99Taxi, Rappi e iFood?
“É uma outra dimensão: os trabalhadores não estão mais presente nas
empresas, mas dispersos em milhões de ocupações como prestadores de
serviços, autônomos, em atividades domésticas, por conta própria e para
grandes empregadores difusos, quase invisíveis. E como representar e
proteger os direitos desses trabalhadores?”, pergunta Ganz Lúcio.
O fato é que o movimento sindical, em todos esses anos, não
acompanhou as mudanças do mercado de trabalho — e produção e reprodução
do capital — no século 21. Parece ainda acorrentado à lógica produtiva
do século passado, quando viveu seu apogeu. Uma empresa transnacional
como o Walmart, por exemplo, conta com milhares de outras empresas
subfornecedoras e funcionários terceirizados. Como, então, organizar a
luta sindical contra empresas globais como essa, com dinâmico fluxo de
serviços e atuação?
“Há uma mutação muito profunda nas relações de trabalho – e não é
fácil para os sindicatos, que antes lideravam milhares de trabalhadores
dentro da fábrica, enfrentar um capital financeirizado, esparramado
e horizontalizado. É uma somatória de mutações que atingiram a
subjetividade e a materialidade da classe trabalhadora”, analisa Ricardo
Antunes, sociólogo do trabalho e professor no Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/Unicamp).
Renovar os sindicatos, portanto, não seria um desafio apenas para
entidades brasileiras, mas para o sindicalismo de todo o mundo. O novo
mundo do trabalho requer novas formas de organizar a atividade sindical.
E uma das respostas pode estar na atuação de jovens nas entidades
sindicais. Porém, de acordo com Vargas Netto, historicamente, o
movimento sindical enfrenta uma “resiliência das direções”: pouco se
renovou. Há uma marcante diferença etária – e de sexo, já que as
lideranças são, majoritariamente, masculinas – entre dirigentes e
dirigidos, principalmente em um contexto em que há uma grande
juvenilização e feminilização da mão de obra.
“Se você olhar as últimas eleições sindicais, eu chego a dizer que em
95% delas houve chapa única com reeleição de diretorias”, destaca o
consultor sindical. Porém, ele lembra que a equação não é tão simples:
grande parte da juventude trabalhadora está na informalidade,
terceirizada ou precarizada. Raramente pode associar-se a um sindicato —
muito menos, participar de sua direção, ainda mais quando se considera
que o movimento sindical ainda não organizou efetivamente esses setores.
“Não é somente os sindicatos que estão em crise, mas, também,
partidos, igrejas e até a imprensa. Todos estão tentando entender o que
fazer e como se comunicar com suas bases para construir uma nova
identidade baseada na solidariedade e cooperação”, analisa Ganz Lúcio,
diretor do Dieese. “No caso dos sindicatos, o maior desafio é fazer uma
contraposição à cultura individualista e meritocrática, valores que, nos
últimos anos, ganharam muita força na sociedade. Muitos pensam: por que
vou me associar com outros se eu mesmo posso resolver meus problemas?”.
Adeus à conciliação?
2008 – Uma crise financeira eclodiu no epicentro do capitalismo,
seguida de uma fase que o professor Ricardo Antunes gosta de chamar de
“Era da Rebeliões”. Estende-se até meados de 2014. Inclui as derrubadas
de ditaduras na Tunísia e no Egito, a crise e ameaça de ruptura (depois
contornada) na Grécia, a explosão dos jovens precarizados desempregados
da Espanha (que gerou depois o Podemos), a explosão da Geração à Rasca em Portugal, as manifestações em Tottenham e Bristol na Inglaterra e o Occupy Wall Street nos EUA.
“É uma era de crise estrutural do capital marcada por rebeliões,
quase sempre protagonizadas por jovens precarizados. Fez com que a maior
parte dos capitalistas abandonasse qualquer projeto de conciliação e
colaboração de classes. O desafio maior desta era de rebeliões era, o
que é muito difícil e complexo, se converter em uma Era de Revoluções, o
que não aconteceu”, analisa Antunes.
A vitória do Trump, na avaliação do professor da Unicamp, marcou o
fim dessas rebeliões e o início de uma reação da extrema-direita contra a
política de conciliação de classes que, em geral, era praticada por
governos anteriores que ainda mantinham certas políticas de bem-estar
social. Um “revolução preventiva”, destaca ele, que elegeu partidos
conservadores em vários países do mundo, inclusive no Brasil.
“Esse cenário todo tinha no plano basal a necessidade de repor níveis
de acumulação, o que só seria possível através da devastação dos
direitos de trabalho, da legislação social conquistada pela classe
trabalhadora nos EUA, na Europa, no Japão, em países como o Brasil e
tantos outros que estão no caminho dos países intermediários. Isso se
tornou um imperativo categórico do capital”, destaca Antunes. “Não é por
acaso que a Contrarreforma do Temer ocorre, simultaneamente, às
reformas promovidas por Macron, na França, e por Macri, na Argentina.
Tampouco é acaso que justamente quando discutimos a Reforma da
Previdência no Brasil, Macron afirme que é necessário que o trabalhador
francês trabalhe mais e que há possibilidade de revisão na Previdência
de lá também”.
De olho no mundo
Antunes destaca algumas novas e interessantes experiências de
organização da classe trabalhadora – “nenhuma delas é modelo; algumas
nascem e desaparecem; outras continuam”, lembra – que podem auxiliar a
propor soluções para a crise do sindicalismo brasileiro. Eis algumas:
San Precario (Milão, Itália). Movimento do precariado
italiano que questiona a estrutura tradicional dos sindicatos,
acostumada a representar o operariado no contexto do Estado de Bem-Estar
Social. Defende que os tempos mudaram e a classe trabalhadora já não
tem acesso à seguridade social e que a estrutura de uma vanguarda
sindical que decide e a massa obedece está ultrapassada, instituindo
como forma de decisão o plebiscito.
Clash City Workers (Nápoles, Itália). São jovens,
qualificados ou não, italianos e imigrantes. Definem-se como
trabalhadores das metrópoles em luta, o “precariado”. Enquanto o San Precario organizava suas reivindicações de forma mais autônoma, eles somaram-se a um movimento político chamado Potere al Popolo!, similar aos primórdios do Podemos, da Espanha, que também reunia uma juventude precarizada.
Confederazione dei Comitati di Base, a COBAS (Itália).
Movimento que recusa o burocratismo das centrais sindicais tradicionais.
É uma tentativa de constituir uma unidade dos trabalhadores de forma
não hierarquizada.
Nuove Identità di Lavoro, o NidiL (Itália). Um núcleo da Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL)
que representa o precariado, constatando que a classe trabalhadora
caminha mais em direção a essa modalidade, em especial nos países
centrais do capitalismo, do que ao modelo operário taylorista e
fordista.
Central de Trabajadores de la Argentina, a CTA (Argentina).
Nasceu de um setor rebelde que não aceitava as duas CGTs existentes, de
orientação peronista, passando a organizar os trabalhadores públicos no
contexto do neoliberalismo argentino. Em 2001, criaram, inclusive, um
setor para organizar os desempregados.
Confederação Intersindical Galega, a CIG (Galícia, Espanha).
Recusou-se a se alinhar às entidades sindicais tradicionais. Iniciou um
trabalho para organizar os imigrantes, algo inédito no contexto europeu
em que os sindicatos, por vezes, são xenófobos.
Millenials sindicalizados nos EUA. Uma juventude trabalhadora, principalmente de setores de serviços como redes de fast food e hoteleiras e de intermitentes digitais, está se associando a algumas lutas sindicais.
Conferência Nacional de Delegados do Sindicato do Setor Público do Reino Unido, a UNISON
(Inglaterra). Com o devastador neoliberalismo inglês, iniciado no
governo de Margaret Thatcher, sindicatos que representam os funcionários
públicos se unificaram em uma única entidade para somarem recursos e
forças na defesa dos trabalhadores.
Precari@s inflexíveis (Portugal). Jovens precarizados que,
em conjunto com movimentos de imigrantes, levaram as pautas trabalhistas
para as ruas, em manifestações criativas e empolgantes.
Caminhos para o sindicalismo brasileiro
Desde o fim da ditadura militar, apesar do Brasil ter passados por
diferentes conjunturas políticas e econômicas, a taxa de sindicalização
sempre havia se mantido estável – um “verdadeiro milagre”, segundo
Vargas Netto. Ao menos, antes da Contrarreforma.
“Nossa taxa de sindicalização nos colocava no meio do pelotão das
sindicalizações mundiais. Não o extremo dos escandinavos, nem o extremo
baixo dos EUA e Colômbia. Estamos no meio. Com essa recessão inusitada e
singular, um dos elementos significativos que ainda tem sido pouco
estudado é exatamente a queda da taxa de sindicalização que,
perigosamente, abandona essa estabilidade”, afirma o consultor sindical.
Portanto, um dos desafios do movimento sindical seria manter os já
sindicalizados nas entidades e, progressivamente, conquistar novos
associados com trabalho de base, principalmente nos próprios locais de
trabalho, ambiente “esquecido” pelas direções. Uma experiência
significativa é a do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba que,
com uma administração eficiente, antes da crise já contava com recursos
em caixa para manter sua atuação, fortemente marcada pela aproximação do
sindicato com as fábricas. Outra solução é uma fusão entre sindicatos
como forma de fortalecer as negociações salariais, que estão mais
difíceis diante do fechamento de fábricas, do alto nível de desemprego e
de mudanças na Previdência. Juntar sedes, pessoal, prestação de
serviços e colônias de férias pode ser uma alternativa. Um exemplo disso
é o Sindicato dos Empregados na Indústria Alimentícia de São Paulo,
que representa cerca de 30 mil trabalhadores, que se uniu aos sindicatos
de trabalhadores da área de alimentação de Santos e região, de
laticínios e de fumo no Estado. Juntos passarão a ter base de quase 50
mil funcionários.
Outro ponto para contornar a crise seria apostar em leis de
macroproteção em detrimento de acordos e convenções coletivas. “Ter o
direito fundamentado na lei poderá ser mais importante que ter uma
convenção coletiva, o que pode gerar proteções básicas para toda a
sociedade. Poderão ser novas formas de organização, não estáveis e
permanentes”, aponta Ganz Lucio.
Recentemente, as centrais sindicais se propuseram a comemorar o dia
primeiro de maio de forma conjunta, algo inédito nos últimos anos. Isso
pode promover uma atuação unificada das diferentes tendências do
sindicalismo brasileiro. Além disso, elas também se propuseram a coletar
assinaturas contra a Reforma da Previdência, o que pode levá-las a
descer às suas bases, em um processo de aproximação com os trabalhadores
e reenraizamento do movimento nos locais de trabalho. “As sedes dos
sindicatos perdem peso na batalha em curso e nas outras que virão”,
afirma Vargas Netto.
Os ares que o chamado “novo sindicalismo brasileiro” (que floresceu
na segunda metade da década de 1970) soprou tiveram, na avaliação de
Antunes, importante influência na criação de movimentos sociais como o
Movimento Contra a Carestia (MCV), o Movimento dos Sem-Terra (MST) e o
Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB). O momento, agora, seria o
inverso: olhar para essas experiências de luta para inspirar a renovação
do sindicalismo.
“O movimentos sociais partem de aspectos vitais do universo
cotidiano: moradia, terra, reforma agrária, acesso à cultura etc”,
analisa Antunes. “Os sindicatos devem ser menos ‘corporativistas’ e
‘categorizados’ e olhar quais são as questões vitais para a classe
trabalhadora. Hoje, com todas essas transformações no mundo do trabalho,
o capital adquiriu um domínio totalizante e totalitário sobre nossas
vidas, sem divisão entre sindicatos patronais, partidos, governo ou
aparatos de repressão. Por que, então, a classe trabalhadora deve
segmentar as lutas em ultrapassadas gavetinhas?”
Fonte Outra Palavras
Primeiro de Maio. Dia dos Trabalhadores, data universal de toda a classe. Dia da classe operária de todos os países, de suas lutas, agruras e vitórias. Dia da unidade de ação, de reafirmação de compromissos, de descortino de perspectivas, politização das lutas, vislumbre de novos horizontes de desenvolvimento social e político e luta por uma nova sociedade. Dia de relembrar combates e batalhas vividos e os heróis de sempre no enfrentamento contra a opressão e exploração capitalistas.
ACEITAR A REFORMA DA PREVIDÊNCIA SEM LUTAR, É SUJEITAR-SE CORDEIRAMENTE TRABALHAR COMO ESCRAVO ATÉ MORRER
1º DE MAIO, DIA DE LUTA DA CLASSE TRABALHADORA
Primeiro de Maio. Dia dos Trabalhadores, data universal de toda a classe. Dia da classe operária de todos os países, de suas lutas, agruras e vitórias. Dia da unidade de ação, de reafirmação de compromissos, de descortino de perspectivas, politização das lutas, vislumbre de novos horizontes de desenvolvimento social e político e luta por uma nova sociedade. Dia de relembrar combates e batalhas vividos e os heróis de sempre no enfrentamento contra a opressão e exploração capitalistas.
ACEITAR A REFORMA DA PREVIDÊNCIA SEM LUTAR, É SUJEITAR-SE CORDEIRAMENTE TRABALHAR COMO ESCRAVO ATÉ MORRER