As emissoras de rádio e televisão, os jornalões e os sites da mídia monopolista sabotaram e censuraram o festival Lula Livre desse domingo.
Mas os sites e blogs alternativos e as redes sociais divulgaram ao vivo o emocionante ato de solidariedade e generosidade.
Nem a chuva chata e incessante reduziu a energia e a alegria dos
milhares de participantes no domingo (2) do Festival Lula Livre.
Segundo os organizadores, cerca de 80 mil pessoas passaram pela Praça
da República, no centro de São Paulo, para manifestar seu repúdio à
prisão arbitrária do ex-presidente e contra os abusos de poder da
midiática operação Lava-Jato.
No meio daquela multidão encharcada era fácil verificar que a maioria
era constituída de jovens – que cantarolaram inúmeras músicas e
gritaram palavras de ordem em defesa da libertação de Lula e contra o
“capetão” Jair Bolsonaro.
Artistas de renome exibiram suas canções e sua arte de forma generosa e solidária.
O festival foi belíssimo, emocionante.
Apesar do êxito, a mídia monopolista escondeu a atividade. A festa da
solidariedade não teve os holofotes das emissoras de tevê e nem foi
capa dos jornalões.
As poucas notinhas publicadas ou postadas sobre o evento tentaram
estimular a cizânia entre as forças que organizaram o festival,
amplificando a falsa tese de que a luta por Lula Livre atrapalha outras
batalhas – como a jornada em defesa da educação.
A mídia monopolista sempre nutriu um ódio de classe visceral ao ex-presidente.
Ela nunca tolerou o ciclo político aberto com a vitória de Lula. Ela
fez de tudo para desestabilizar os governos democráticos e populares.
Com o falso e seletivo discurso ético, a mídia udenista foi
protagonista da demonização da política – o que pavimentou o terreno
para o golpe dos corruptos que derrubou Dilma Rousseff e alçou ao poder a
quadrilha de Michel Temer.
Essa mesma negação da política ajudou a chocar o ovo da serpente
fascista no país, o que explica a vitória do truculento Jair Bolsonaro e
a formação do seu governo de laranjas e de milicianos.
Parte da mídia não morre de amores pelo “capetão”, temendo
principalmente a regressão nos costumes e o autoritarismo na política.
Mesmo assim, teme ainda mais o ex-presidente Lula, e faz de tudo para invisibilizar sua existência ou os atos em seu apoio.
Diante dessa censura, a nova mídia – constituída por milhares de ativistas digitais – tem sido decisiva para furar o bloqueio.
As emissoras de rádio e televisão, os jornalões e os sites da mídia
monopolista sabotaram e censuraram o festival Lula Livre desse domingo.
Mas os sites e blogs alternativos e as redes sociais divulgaram ao vivo o emocionante ato de solidariedade e generosidade.
Carta do ex-presidente Lula aos participantes do Festival Lula Livre:
Agradeço de coração a cada uma e a cada um de vocês, artistas e
público, que nesse 2 de junho fazem da praça da República a Praça da
Democracia. Embora tenha o nome de “Festival Lula Livre”, sei que esse é
muito mais que um ato de solidariedade a um preso político. O que vocês
exigem é muito mais que a liberdade do Lula. É a liberdade de um povo
que não aceita mais ser prisioneiro do ódio, da ganância e do
obscurantismo.
Esse ato é na verdade um grito de liberdade que estava preso em
nossas gargantas. Mais que um grito, um canto de liberdade. O canto dos
trabalhadores que não aceitam mais o desemprego e a perda de seus
direitos. O cantos dos estudantes, que não aceitam nenhum retrocesso na
educação. O canto das mulheres, que não aceitam abrir mão de nenhuma
conquista histórica. O canto da juventude, que não aceita que lhe roubem
os sonhos, e da juventude negra em particular, que não aceita mais ser
exterminada. O canto dos que ousam sonhar, e transformam sonhos em
realidade.
Boa parte de vocês que aí estão, artistas e público, felizmente não
viveram os horrores da ditadura civil e militar instalada em 1964, essa
que alguns querem implantar de novo no Brasil. Foi um tempo em que a
luta contra a censura podia ser traduzida em canções que diziam assim:
“Você corta um verso, eu escrevo outro”.
Foi com muita luta que conseguimos acabar com a censura neste país. E
não vamos aceitar essa outra forma de censura, que é a tentativa de
acabar com as fontes de financiamento da arte e da cultura. Que não
vamos aceitar a tentativa de censurar o pensamento crítico,
estrangulando as universidades.
Se eles arrancam nossas faixas, nós escrevemos e botamos outras no
lugar. E vamos continuar ocupando as ruas em defesa da educação, da
saúde, públicas e de qualidade; das oportunidades para todas e todos;
contra todas as formas de desigualdade e de retrocesso.
Nossos adversários querem mais armas e menos livros, menos música,
menos dança, menos teatro e menos cinema. E nós insistimos em ler,
escrever, cantar e dançar, insistimos em ir ao teatro e fazer cinema.
Nada mais perigoso para nossos adversários que um povo que canta e é
feliz. Que faz da arte e da cultura instrumentos de resistência. Vamos
então à luta, sem medo de sermos felizes, com a certeza que o amor
sempre vence.
Um abraço, com muita saudade e a vontade imensa de estar aí,
Lula
Fonte Vi o Mundo