Enquanto isso a OEA, as mídias empresariais bolivianas e as elites daquele país fingem que nada de grave ou errado ocorre por lá.
Por Daniel Valença*, especial para o Viomundo
Dia a dia crescem na Bolívia os crimes contra humanidade.
A ditadura que se instaurou na Bolívia a partir do golpe de Estado contra Evo Morales não faz questão de aparentar legalidade.
A repressão aumentou em três sentidos:
a) Ataque à imprensa independente. Desde a semana passada jornalistas
estrangeiros estão sendo perseguidos, para impedir a divulgação do que.
de fato está acontecendo. Afinal, a imprensa tradicional apoia
totalmente o golpe e os veículos estatais estão sob nova linha
editorial.
b) Ataque a parlamentares do MAS, o partido de Evo. A
autoproclamada presidente da Bolívia, Jeanine Áñez, emitiu decreto
criando uma comissão especial para prender parlamentares do MAS, que
estejam “insuflando a desobediência civil”.
c) Ataque à cidade de El Alto, que nessa terça-feira, 19/11, se
transformou num campo de guerra. Vários indígenas originários mortos e
feridos. El Alto, desde o golpe, está tendo repressão, mas o que
aconteceu ontem foi massacre, mesmo.
Isso demonstra que matança promovida por forças militares em Sacaba, Cochabamba, no último final de semana, não foi um fato isolado.
Helicópteros atiraram a esmo, deixando vários indígenas originários mortos e feridos.
As forças armadas, após os 13 anos de governo de Evo, voltaram a atirar contra o seu próprio povo.
Ou seja, a Bolívia retorna ao que é a regra em sua história.
Enquanto isso a OEA, as mídias empresariais bolivianas e as elites
daquele país fingem que nada de grave ou errado ocorre por lá.
*Daniel Araújo Valença é professor do curso de Direito da
Universidade Federal do Semi-árido (Ufersa), onde também coordena o
Grupo de Estudos em Direito Crítico, Marxismo e América Latina (Gedic). É
o autor do livro “De Costas para o Império: o Estado Plurinacional da
Bolivia e a Luta pelo Socialismo Comunitário”. Valença morou na Bolívia
em 2014, durante o doutorado, e retornou ao país em 2017 para
entrevistar o vice-presidente Álvaro García Linera, considerado um dos
principais marxistas da atualidade.
Fonte Vi o Mundo