quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Luiz Regadas: Uma luta que vai muito além de um dia


DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA


É preciso que todos, inclusive os brancos de pele, sejam negros de alma, e continuem gritando aos quatros cantos do Brasil e do mundo que não estamos satisfeitos, que estamos indignados com o preconceito, o racismo, os assassinatos. Não podemos nos dizer “homens de bem”, cristãos a justificar assassinatos, pois DEUS lutou contra todas as formas de preconceito e violência.
  






Por Luiz Carlos Prata Regadas*

Hoje, 20, é o Dia Nacional da Consciência Negra.


Não há muito o que comemorar.


É alto o número de homicídios de negros.


Chega ao absurdo de 75,5% das mortes no Brasil serem de negros e pardos, segundo dados do Atlas da Violência de 2019, que analisou dados do Sistema de Informação do Ministério da Saúde sobre mortalidade em 2017. 


Quando se leva em consideração somente os homens negros e pardos, são 64,4%, contra 26,4% de brancos. 


Importante ressaltar que os negros são os que mais morrem assassinados pela polícia.



Os negros são os que mais estão fora da escola. 

Esquecem, os que acham isso natural, que os negros ganham menos, e os que estudam muitas vezes frequentam escolas carentes de investimentos e salários para professores e funcionários. 


Pela dificuldade de entrar nas universidades e de chegar ao diploma e pelo racismo no mercado de trabalho, ganham salários menores que os dos brancos com a mesma formação e função.


Também o acesso à saúde é inadequado, especialmente para doenças específicas, como a anemia falciforme. A Medicina foi feita pelos brancos para os brancos.


Sem estudo, sem capacitação, sem acesso a saúde de boa qualidade e vítimas de racismo institucional, a tendência é de que o número de negros desempregados e sem moradia seja superior aos dos brancos, ainda que, na “corrida” que o capitalismo nos impõe, tenham partido da mesma origem.


Está enterrada, assim, a tese da “meritocracia”, pois a simples cor da pele coloca o branco algumas casinhas adiante na disputa que nem deveria existir.


Não há muito a comemorar nesse dia.


É preciso que todos, inclusive os brancos de pele, sejam negros de alma, e continuem gritando aos quatros cantos do Brasil e do mundo que não estamos satisfeitos, que estamos indignados com o preconceito, o racismo, os assassinatos.


Não podemos nos dizer “homens de bem”, cristãos a justificar assassinatos, pois DEUS lutou contra todas as formas de preconceito e violência. 


*Luiz Carlos Prata Regadas, da TV do Habilidoso, é sociólogo e mestre em Planejamento e Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará — UECE

Fonte Vi o Mundo