Marcelo Freixo, deputado federal do PSOL do Rio de Janeiro, no Brasil, esteve em Lisboa e falou ao Esquerda.net e aos Jornalistas Livres sobre a situação do governo de Bolsonaro e as perspetivas para a esquerda brasileira em 2020.
A Fundação Saramago encheu esta quinta-feira para ouvir uma conversa
com Marcelo Freixo, deputado Federal no Brasil, do PSOL, moderada por
Francisco Louçã. A conversa, intitulada “Brasil 2020, ameaças e lutas
pela democracia”, atraiu dezenas de pessoas, que encheram a sala
disponibilizada para o efeito: todas as cadeiras ocupadas, várias
pessoas de pé. Afinal, o Brasil está em ebulição e, de um lado e de
outro, não se deixa de procurar caminho ou partilhar experiências.
Francisco Louçã começou por lembrar que Marcelo Freixo nasceu nas lutas pelos direitos humanos e foi eleito com esse mandato.
No seu entender, as próximas eleições para a prefeitura do Rio de
Janeiro, para as quais Freixo, agora deputado federal, é candidato,
serão as mais importantes do Brasil. “É a grande cidade do país em que a
esquerda se pode e se tem de unir”, lembrou, sublinhando que a esquerda
pode disputar a segunda volta e ganhar as eleições, já que tem um
candidato que ganhou expressão popular, como se viu no segundo turno das
últimas eleições.
“Bolsonaro é uma tragédia humanitária”
O deputado federal do PSOL teceu duríssimas críticas a Jair
Bolsonaro. No seu entender, é preciso reafirmar que a sua eleição é “uma
tragédia humanitária, um acidente histórico”. “A gente não pode nunca
tirá-lo do lugar de uma figura pequena da história do Brasil”, afirmou.
No seu entender, é necessário entender porque é que este “acidente
histórico” aconteceu para que se possa chegar à sua derrota, e isto num
contexto em que “o Brasil tem um risco profundo de viver sem qualquer
respiro de democracia nos próximos tempos”.
Com a nova reconfiguração política da direita no Brasil, Freixo
considera que a direita que podia ser encontrada no campo democrático já
não existe. “Não temos mais uma relação com fiéis adversários, tem uma
outra coisa acontecendo”, afirmou. “Assim, é importante que tenhamos
alianças democráticas para que se quebre Bolsonaro”, cuja presidência
tem 32% de aceitação.
Tendo sido eleito, Bolsonaro inaugura “a democracia totalitária”, um
regime que manda a democracia, como era conhecida, para um lugar do
passado, ao implementar-se silenciamento e censura, direta e financeira.
Assim, a democracia “foi reduzida a um mero processo eleitoral”.
“Bolsonaro defende regimes totalitários, ditadores, as torturas, as
milícias”, lembrou Freixo.
O deputado do PSOL sublinhou ainda que “Bolsonaro não ganhou a
eleição por ser anti-petista, mas por ser anti-sistémico”, e isto apesar
de ter estado 28 anos no parlamento.
Fonte Carta Maior
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