segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

O TEMPO NUBLADO EM QUE VIVEMOS


Que nos lembremos sempre de quem não se rende, como a estudante e trabalhadora Lepa Radić, partigiana iugoslava. Desde os 15 anos de idade, foi uma pedra no sapato dos nazistas que invadiram seu país. 





Face de Walter Falceta


1) Um abraço coletivo no esporte é considerada grave infração, capaz de justificar uma dura punição.

2) Uma reunião entre dez índios é considerada conspiração e justifica o assassinato de dois deles.

3) Agir para tirar o país do Mapa da Fome rende 580 dias de cadeia.

4) Tirar 257 famílias do relento, numa cidade com 1.385 imóveis ociosos e abandonados, rende 109 dias de cadeia.

5) Realizar um baile de música proscrita gera pena de morte instantânea para 9 adolescentes.
6) Combater o fogo na Amazônia rende prisão e processo judicial.

7) Emitir uma sentença justa e expor os abusos do Executivo, do Legislativo e do Judiciário rende uma ação que visa a cassar o digno magistrado.

8) Contar a história da Ditadura Militar que sequestrou, torturou, estuprou e assassinou custa o emprego de um decente professor.

9) Exigir o legítimo direito de indenização rende ao lesado na Justiça Trabalhista a obrigação de pagar R$ 46 mil a seus carrascos.

10) Dizer a verdade, defender a paz e trabalhar por Direitos Humanos para todos, inclusive policiais, rende a execução à proponente e seu motorista.

11) Revelar as mutretas e crimes de um juiz desonesto, maldoso e mentiroso rende ao nobre jornalista, responsável e correto, denúncia do promotor comprometido com a causa miliciana.

12) Enquanto isso, matar jovem na periferia rende condecoração, invadir terra indígena vale abraço presidencial, praticar a ignorância atroz garante cargos na Cultura e na Educação, suprimir direitos previdenciários e trabalhistas resulta em elogios da mídia hegemônica, matar a parceira termina com o prêmio de aposentadoria prematura e gordo salário preservado.

Que nos lembremos sempre de quem não se rende, como a estudante e trabalhadora Lepa Radić, partigiana iugoslava. Desde os 15 anos de idade, foi uma pedra no sapato dos nazistas que invadiram seu país.

Foi executada em 8 fevereiro de 1943, aos 17 anos, por atentar contra as tropas alemãs e salvar crianças judias e ciganas. 

Ao amarrar o laço da forca em seu pescoço, a maldade fardada lhe ofereceu clemência. Bastava-lhe revelar os nomes de seus companheiros e dos líderes da resistência.

Lepa riu discretamente e rejeitou a oferta:

- Eu jamais serei uma traidora do meu povo. Aqueles por quem perguntam se revelarão quando tiverem eliminado todos os malfeitores, até ao último homem. Lutem pela vossa liberdade! Não se rendam aos canalhas! Eu serei morta, mas há aqueles que me vingarão!

Fonte  Face de Walter Falceta