Se o imponderável do mundo dos Bolsonaros matou Gustavo Bebianno na mesma data do assassinato de Marielle, o que o pode estar preparando para mostrar ainda antes da Páscoa? É a vez de Paulo Guedes.
Brasil 247
Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia -
É impossível prever, mesmo como brincadeira de bêbados, o que o mundo
dos Bolsonaros – o pai, os filhos, os milicianos, os amigos e os
ex-amigos – pode produzir de esdrúxulo ou assombroso nos próximos dias.
O imponderável, no mundo dos Bolsonaros, não é apenas imponderável.
Morrem mais ex-aliados no mundo dos Bolsonaros do que portadores do
coronavírus em todo o Brasil.
Os Bolsonaros são hospedeiros da desesperança e da morte. Esta semana, conseguiram a façanha da suspeita de que teriam contaminado Trump. A comitiva dos Bolsonaros saiu na capa do New York Times como uma ameaça contagiosa ao homem mais poderoso do mundo.
E ainda foram acusados de transmitir notícia falsa a uma emissora da
direita. Um Bolsonaro é capaz de ser entrevistado por uma emissora de TV
americana para dizer que não disse o que a emissora garante que ele
disse horas antes. E a emissora sacaneada por Eduardo Bolsonaro é a
poderosa Fox, amiga deles.
No Brasil, o imponderável nos apresenta Bolsonaro num dia
desqualificando o coronavírus, e no outro dia seu secretário de
Comunicação adoece. E no dia seguinte o próprio Bolsonaro aparece com
máscara por causa de um possível contágio pelo coronavírus.
De Miami, o prefeito da cidade manda dizer que foi contaminado pela
peste depois de encontro com a comitiva de Bolsonaro que esteve na
Flórida. Os Bolsonaros já estão consagrados como espalhadores de doença.
Mas Bolsonaro já não é visto como presidente. Nem pelos que votaram
nele. Os que o apoiam sabem que continua cumprindo a missão de ser o
antiPT, o anticomunista, antigay, mas não comanda nem lidera nada. O
mercado financeiro também sabe.
Bolsonaro virou um traste do fascismo sob a proteção de um grupo de militares. Ninguém quer saber o que Bolsonaro pensa do desastre da economia, da queima de reservas, da explosão do dólar, do desemprego e do fato de que Rodrigo Maia é que governa.
Racionalmente, não importa o que Bolsonaro pensa de qualquer assunto,
muito menos do coronavírus. O que interessa é ver sua performance, como
curiosidade, e tirar algum proveito do grotesco do fato produzido.
Mas o imponderável pode fazer com que a semana que vem não seja dos
Bolsonaros, mas de Paulo Guedes. A estranha morte de Gustavo Bebianno já
fechou a quota de Bolsonaro pelos próximos dias.
Pode ser a vez de Guedes. Nunca, desde que assumiu, a aparência de
Guedes foi tão depressiva. Guedes já não tem mais do que dizer, porque
já pediu o AI-5, já falou mal das domésticas e já comemorou o aumento do
PIB de 1,1%. Agora, diz que o Brasil tem “dinâmica econômica”.
Se alguém ligar a TV neste momento, Guedes estará repetindo que o
Brasil tem dinâmica econômica. Que a prosperidade muitas vezes é
impalpável.
Poderá ser dele o próximo imponderável. Não será mais, por um bom
tempo, de Damares, de Araújo ou de Weintraub. Há muito tempo não é de
Carluxo, com seu repertório infantil e manjado.
Se o imponderável do mundo dos Bolsonaros matou Gustavo
Bebianno na mesma data do assassinato de Marielle, o que o pode estar
preparando para mostrar ainda antes da Páscoa? É a vez de Paulo Guedes.
Fonte Brasil 247